06 novembro 2009

(92) 06/11/09


Não, não é a oposição, não é a Renamo, não é o MDM, não são profetas da desgraça, não são tenebrosos agentes ao serviço de agendas e mãos externas, não são inimigos proponentes de governos de unidade nacional, a dizer e/ou a escrever da possibilidade real de fraude contra os candidatos da oposição, é a Agência de Informação de Moçambique, citada pelo "Notícias" de hoje a propósito dos resultados eleitorais na província de Inhambane (mas com referência também a Sofala). Vou citar extensamente: " (...) dos 300.167 eleitores que votaram em Inhambane, 5,6 por cento deles não escreveu praticamente nada nos seus boletins de voto e 4,6 por cento entregaram votos inválidos. Estes números são extremamente altos, sendo por isso suspeitos. Nas eleições de 2004, os votos em branco de todo o país correspondiam a apenas 2,9 por cento e os votos inválidos representavam apenas 2,7 por cento. (...) Uma explicação alternativa é de que, de certeza, houve alguma fraude deliberada. Toda gente está ciente das práticas desonestas dos MMV’s (=membros das assembleias de voto, CS) que consistem na invalidação deliberada dos votos dos candidatos da oposição. Esta realidade ficou provada nas eleições autárquicas de segunda volta realizadas no Município da Cidade de Nacala-Porto em Fevereiro passado, onde, em pelo menos três assembleias de voto, os MMV’s adicionaram tinta nos boletins de votação durante o processo de contagem, de modo a fazer com que pareça que o eleitor votou em dois candidatos. Ainda nestas eleições, suspeita-se que uma fraude idêntica tenha ocorrido numa assembleia de voto da cidade da Beira, onde cerca de cem votos de Daviz Simango foram invalidados usando essa estratégia. À semelhança do que acontece com os votos em branco, os MMV’s desonestos podem simplesmente juntar os votos inválidos ao conjunto dos válidos, situação que pode ser facilitada pelas precárias condições de iluminação. Isto acontece quando os fiscais dos partidos candidatos encontram-se ausentes da assembleia de voto ou quando simplesmente estiverem desatentos."
Adenda: com base nos dados do "apuramento provincial final", mas ainda sem os dados das províncias de Tete e Niassa: Guebuza eleito por 25% dos eleitores, Dhlakama por 6% e Simango por 3%. Se assumirmos que a população de Moçambique é de 20530714 habitantes (censo de 2007), então, neste momento, Guebuza foi eleito por 12% de Moçambicanos, Dhlakama por 3% e Simango por 1.47%. Corrijam-me caso eu tenha feito mal as contas.
Adenda 2 às 9:21: a abstenção oficial será à volta de 56% - sociólogo Luís de Brito, aqui.
Adenda 3 às 9:44: "Voto justo, vitória merecida" - título do editorial do semanário "Savana" desta semana, aqui.

4 comentários:

Anónimo disse...

Nao acredito! AIM a escrever isso? O que se passa? Nao havera um desmentido amanha?
Para mim esse texto nao foi revisto pelo editor. So pode ser!

Chauque disse...

xi, será que o texto passou da revisao editorial? grande novidade do ano, ou será um jornalista estagiario teimoso que deixou passar o texto, nao inporta quem foi mas valeu a inicitiva,

Conde da Arabias disse...

Nao se admirem!
Tem que haver corajosos nesta Naçao!

ricardo disse...

Isso e uma velha tactica aparatchik:

A crítica e a auto-crítica.

Como nos velhos tempos...