18 novembro 2009

LBTs: o difícil debate em África

Em 1948 nações de todo o mundo assinaram a Declaração dos Direitos Humanos. Porém, muitos Africanos acreditam que determinados seres humanos (entre os quais os LGBTs: lésbias, homosexuais, bisexuais e transexuais) não devem ter acesso a certos direitos inalienáveis. O essencialismo é sempre problemático - siga as ideias de Norm R. Allen Jr no The African Executive, aqui.
Adenda às 10:23 de 19/11/09: saiba das regras do “Concurso de Monografias Universitárias sobre (Homo) Sexualidades", aqui.

5 comentários:

Anónimo disse...

Um artigo publicado esta semana no The Guardian, um dos maiores jornais da Inglaterra, na coluna destinada aos textos dos leitores, este escrito pelo dramaturgo e cineasta Topher Campbell, chama atenção para uma população distinta: os negros homossexuais. O texto recebeu diversas críticas e até xingamentos mas conseguiu despertar a discussão: jovens gays sofrem em dobro com o preconceito.
“A comunidade negra precisa parar de tratar a homossexualidade como um mal dos homens brancos. Precisamos abraçar a presença vibrante de gays e lésbicas em nossa comunidade”, relata o texto que ressalta que a comunidade apóia a homofobia por questões raciais e religiosas, como se os gays e lésbicas fossem intrusos de uma cultura ocidental branca e decadente. “Muitos acham que nós estamos infectados com um estilo de vida decadente e ocidental, que quer minar de alguma forma a nossa raça”, revela o autor.

“Este pensamento é alimentado pela combinação de ignorância, medo, ódio, homofobia religiosa cristã ou islâmica, e perversamente pelo orgulho racial. Essa combinação mortal de preconceitos nos força a sermos invisíveis em nossa própria comunidade. Ser negro, gay ou lésbica torna mais difícil a nossa saída do armário. O medo de perder a nossa família em uma sociedade racista, e assim a conexão com a nossa cultura, é algo real. E ainda ter que lidar com uma comunidade gay branca faz com que dobre a dificuldade de construir uma identidade ou ser notado”, argumenta o texto.

Campbell ainda recorda diversos casos de violências domésticas e públicas que gays negros sofreram dentro da própria comunidade. Ele reforça que a saída oposta a sair do armário é a de se tornar invisível, permanecer socialmente heterossexual e exercer sua sexualidade às escondidas, criando situações de estresse que podem ser insuportáveis.

O autor relembra que as questões de raça e orientação sexual são inerentes a nossa vontade, o que parece que os leitores não concordaram com a afirmação nos comentários. Mas o problema, acredita, é que os negros homossexuais precisam escolher entre a raça e sua sexualidade, ou seja, viver a sua cultura em sua comunidade ou assumir a sua identidade sexual (orgulho de ser quem são, gays). “Uma não pode ser escondida e a outra não pode ser negada”, diz Campbell.

Nos últimos 10 anos, a comunidade negra inglesa ganhou eventos, publicações, locais até festivais para celebrar a diversidade gay negra, mas que acabam não ganhando destaque na grande mídia e nas próprias comunidades negras e gays. No final, o autor faz um chamado para a comunidade negra despertar e começar a pautar suas demandas, antes que outros façam, e critica que o negro gay já sofre demais para ainda receber o fogo amigo da própria comunidade.

Leia o texto original: http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2009/nov/08/black-gay-invisible

Viriato Dias disse...

Em Portugal, só para citar um exemplo, o PS defende o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Acontece que foi uma atitude certa para vencer as eleições. Zás, o PS venceu! E já andam alguns deputados a dizer que isto é uma aberração. Desvio de comportamento, etc.

Eu já defendi aqui que sou contra este tipo de comportamento. Cada pessoa é livre, mas o Estado não pode legislar um casamento entre pessoas do mesmo sexo, lésbica, etc, seria o fim do Estado. Estaria a dar prorrogativas para outros grupos imporem-se, estou a falar dos ´rastaman´, etc. etc. etc.

té que ponto vai o mundo. Apocalipse!!!

Um abraço

Unknown disse...

Se conseguirmos pôr de lado os nossos preconceitos e não começarmos a discutir o sexo dos anjos, parece-me que está aberta a discussão da homossexualidade numa vertente interessante.
Os direitos humanos das minorias, por exemplo, a questão levantada em Portugal, neste momento é saber se o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ou não ser levado a referendo. Dos debates que pude acompanhar o argumento que mais se destacou e que me parece que se aplica aqui é saber "até que ponto a maioria tem o direito de negar direitos a uma minoria".
O outra ideia aqui levantada é a pressão "Cultural"/"Étnica", e parece-me que a realidade descrita sobre a comunidade "gay" negra em Inglaterra encontra eco no que se passa na nossa sociedade, a questão da invisibilidade dos gays que são "forçados" a uma vida de armário pela pressão social, pelo conceito vigente de masculinidade, pelo papel de género, é exactamente o problema que se vive cá em Moçambique. A questão é o que fazer para mudar esta realidade, como podemos dar dignidade e orgulho à própria comunidade para que possa lutar pelos seus direitos.
Aproveito para publicitar um concurso de monografias sobre (homo)sexualidade, lançado pala UEM, Lambda, Pathfinder e UNFPA, para os alunos universitários de Moçambique, vou enviar o anuncio da mesma para que o Professor Carlos Serra possa disponibilizar o anuncio para quem estiver interessado. Colocar o meio académico a discutir o assunto é sem duvida um passo importante para a inclusão social desta minoria.

Anónimo disse...

Viriato Dias, fica complicado como dizes as coisas. Dizes que cada pessoa é livre mas o Estado não pode legislar casamentos homossexuais, só pode legislar casamentos heterossexuais.

Isso faz-me lembrar um documentário que vi em que um ancião dizia que a mulher é livre de fazer o que quiser mas dentro de casa. O homem é que é obrigado a fazer o que quer dentro e fora de casa.

António Constantino

Anónimo disse...

Bom dia Doutor Serra, permita-me sugerir que se crie um novo post em vez de se criar uma adenda a este post, para o concurso sobre homossexualidade.