29 novembro 2009

(127) 29/11/09


Penso nos fenómenos que causam vitórias ou perdas eleitorais, fenómenos que, regra geral, ainda que do dia-a-dia, não são tidos em conta, fenómenos interiores, digamos que fenómenos, afinal, invisíveis. Se pudesse pesquisar as razões da vitória de Guebuza, juntaria ao estudo dos fenómenos “visíveis” – oficiais, lógicos, previsíveis, de uso corrente, etc. -, os fenómenos “invisíveis”, aqueles que não habitam programas, jornais, blogues, discursos e vaidades. A este último nível, estudaria três, com particular incidência nas áreas rurais: (1) o impacto do helicóptero (esse pássaro mágico sistematicamente usado por Guebuza) no imaginário popular, imaginário que é, quase sempre, creio, um imaginário de privações e pronto para o sonho e para o fantástico; (2) o impacto dos curandeiros na gestão da credulidade e da propiciação à distância; (3) o impacto dos chamados chefes tradicionais na propiciação imediata. Levo muito a sério o fenómeno do helicóptero, é como se ele, de alguma maneira, tivesse alguma semelhança com o cargo cult da Melanésia, com a crença de que um dia, pelo helicóptero e através de Guebuza, chegará um carregamento de coisas que irão melhorar substancialmente a vida local.
Adenda: retomarei esse e outros temas numa entrevista dada ao jornalista Lourenço Jossias do "Magazine Independente" e a divulgar oportunamente.

2 comentários:

ricardo disse...

Deem-me um ponto de referencia e eu moverei o mundo

Arquimedes

Deem-me um motivo para votar e eu correrei para as urnas

Esta e minha

Anónimo disse...

Frelimo Air Show - curiosa apetência para a aeronáutica - os helicópteros deram melhores resultados que os pára-quedistas