25 outubro 2009

(63) 25/10/09


Termina hoje a campanha eleitoral. Quero crer que existe todo um rico material de pesquisa a vários níveis para ser trabalhado, analisado e publicado.
Adenda às 8:18: o semanário "Domingo" é, hoje, ainda mais claramente, a vários níveis, em várias páginas, um jornal do lado do Partido Frelimo. No editorial (p. 2), afirma não ter dúvidas da sua vitória no dia 28; na página 10, ocupando-a por completo, está um artigo de opinião assinado por um pseudónimo com a tese de que há sectores interessados no caos político e num Governo de Unidade Nacional no país (recorde um editorial do "Notícias" aqui); na página 7 do caderno "Eleições 2009" há uma carta do presidente da República, presidente da Frelimo e candidato presidencial, Armando Guebuza, pedindo voto para si e seu partido; na última página, uma fotomontagem destaca a Frelimo com o título "28 de Outubro: a grande festa".
Adenda 2 às 8:33: o governador de Inhambane, Itae Meque, é citado num trabalho de Victorino Xavier, inserto no semanário referido na postagem anterior, dizendo que "grupos de indivíduos com ordens a partir do exterior estão treinados a caçar problemas que não existem". No mesmo trabalho, Meque surge a propor uma xima de maçaroca saboreada com "um bom petisco de moelas do "galo" ou mesmo ovos da "perdiz" (p. 7 do caderno "Eleições 2009"). Creio ser necessário inventariar e analisar todos os tipos de violência simbólica postos em curso na campanha eleitoral.
Adenda 3 às 8:42: uma vez mais surgiu no país a teoria do complô, da mão externa. Este diário tem muitos exemplos desse tipo. Na verdade, sempre que aparece um problema considerado complicado, há quem vá logo procurar a sua externalidade mediante mãos tenebrosas. Na verdade, é suposto que qualquer protesto mais consistente só pode ser obra de um poder externo politicamente interessado na desestabilização do país. Quando acontece uma doença na sociedade, torna-se evidente que o problema não está na doença - é suposto que o corpo social em si é puro e resiste a qualquer intempérie patogénica normal -, mas na acção maléfica de um mau espírito político. A feitiçaria política está, de novo, de velas desfraldadas.
Adenda 4 às 11:03: como que por toque de varinha mágica, os homens armados da Renamo e a guarda de Dhlakama actuando em comícios quase sumiram das preocupações de certos sectores produtores de opinião. A preocupação agora é com o MDM e com Deviz Simango.
Adenda 5 às 11:14: no editorial do "Domingo" de hoje, aparece a seguinte posição: se houver abstenção é preciso compreender, afinal, que as pessoas sabem que "a vitória já tem dono certo". A frase: "(...) para que é que vou votar, se a vitória já tem dono certo". Acresce que é "convicção generalizada" que a Frelimo receberá o prémio pelo trabalho feito "à causa do povo" (p. 2).

4 comentários:

Abdul Karim disse...

Triste,

a frelimo podia ter feito uma campanha melhorzinha,

ja que campanha inteligente, nao esta ao alcance deles,

fazer o que ?

Esta muito dificil.... travar este MDM.

Elisio Leonardo disse...

A Campanha já acabou??
Interessante: Parece que este ano a campanha não foi tão "animada" quanto a dos anos anteriores! Não notei tanta agitação, a procura de votos... Pelo menos nas ruas de Maputo...
Ou será por causa do que vem na Adenda 4!!!

Viriato Dias disse...

Já não se faz um verdadeiro jornalismo. Um jornalismo isento de paixões partidárias. Esta classe foi invadida por esfomeados das mais baixas categorias, tudo vendem em troco de 30 vinténs. É importante que alguém, o sindicato, os cientistas sociais, enfim, reflictam nos valores desta classe. Deve estar uito triste Carlos Cardoso com os seus colegas. É verdade que não são todos, há gente de boa massa, mas a maioria está vendidada à peixaria do "duma-nengue". Que fazer!!!

Um abraço

Linette Olofsson disse...

Realmente, os homens armados da renamo já nao constitui noticia nestas eleiçoes, muito estranho!
Como se diz no texto, os canos viraram para MDM e Daviz Simango.
Sao simplesmente vergonhosos maquiavélicos!