23 outubro 2009

Democracia disjuntiva


Comprei recentemente em São Paulo o livro com a capa em epígrafe. Lendo-o, sinto a falta que faz um estudo similar sobre Maputo: "Baseada em depoimentos de moradores de bairros diferentes da cidade de São Paulo, colhidos entre 1989 e 1991, Teresa Caldeira analisa seus discursos em relação à criminalidade, às instituições democráticas e aos direitos civis. A tese central da autora é a de que se configura na sociedade brasileira aquilo que ela e James Holston, em artigo de 1998 ("Democracy, Law, and Violence: Disjunctions of Brazilian Citizenship"), qualificam de "democracia disjuntiva". Este conceito, embora não seja exaustivamente trabalhado no livro, é a mola mestra da argumentação da autora. Caldeira avalia que uma das maiores contradições do Brasil contemporâneo reside no fato de que a expansão da cidadania política, através do processo de transição democrática, se desenvolveu pari passu com a deslegitimação da cidadania civil e a emergência de uma noção de espaço público fragmentado e segregado, daí o caráter disjuntivo desse processo de democratização. Os depoimentos dos entrevistados sobre a criminalidade urbana, a instituição policial, os direitos humanos e as práticas de privatização do espaço com o objetivo de manutenção da segurança e afastamento da ameaça à mesma revelam e reproduzem essa disjunção."

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma das diferenças que imediatamente noto entre Moçambique e a Suazilândia está nos muros em redor das casas e propriedades. Em Moçambique quase não há quinta "que se preze" que não tenha grandes muros ou sebes, e o grau de visibilidade para o seu interior parece acompanhar o nível de riqueza do proprietário. Concordam comigo? Por que será?
Maria