Vamos lá, de forma docemente irónica, propor uma coisa aos partidos aspirantes a ter assentos na Assembleia da República.
Essa coisa chama-se santíssima trindade do ganha-pleitos-impressiona-estádios.
A santíssima trindade do ganha-pleitos-impressiona-estádios deve ter três tipos de deputados guerrilheiros:
1. Os bem-falantes-fala-tudo: são aqueles que são capazes de dissertar à vontade sobre não importa o quê, bastando ler as notícias do "Notícias", sintonizar a STV e ouvirem-se de meia em meia hora falando para si próprios ou olhando de frente os espelhos da AR. O mercado tem vários e respeitáveis espécimes desse tipo.
2. Os juristas: estes transformam em rápida, rigorosa e neutra linguagem do deve-ser-assim aquilo que é, muitas vezes, indigestamente político. Uma lei perigosa para um partido pode ser rejeitada com recurso a leis, preceitos, parágrafos, artigos e por aí fora. Também há no mercado especialistas desse tipo de operações.
3. Os estatísticos: estes são fundamentais para preencherem galerias votais e calafetarem zonas de perda de legitimidade ou ampliarem supostos feitos partidários. Nos últimos tempos surgiram estatísticos de todos os tipos.
Naturalmente que não abordarei os bate-palmas-soneca-sempre: esse abundam, todos os partidos os têm.
Pergunta sensata: o que vocês acham desta áulica proposta?
Essa coisa chama-se santíssima trindade do ganha-pleitos-impressiona-estádios.
A santíssima trindade do ganha-pleitos-impressiona-estádios deve ter três tipos de deputados guerrilheiros:
1. Os bem-falantes-fala-tudo: são aqueles que são capazes de dissertar à vontade sobre não importa o quê, bastando ler as notícias do "Notícias", sintonizar a STV e ouvirem-se de meia em meia hora falando para si próprios ou olhando de frente os espelhos da AR. O mercado tem vários e respeitáveis espécimes desse tipo.
2. Os juristas: estes transformam em rápida, rigorosa e neutra linguagem do deve-ser-assim aquilo que é, muitas vezes, indigestamente político. Uma lei perigosa para um partido pode ser rejeitada com recurso a leis, preceitos, parágrafos, artigos e por aí fora. Também há no mercado especialistas desse tipo de operações.
3. Os estatísticos: estes são fundamentais para preencherem galerias votais e calafetarem zonas de perda de legitimidade ou ampliarem supostos feitos partidários. Nos últimos tempos surgiram estatísticos de todos os tipos.
Naturalmente que não abordarei os bate-palmas-soneca-sempre: esse abundam, todos os partidos os têm.
Pergunta sensata: o que vocês acham desta áulica proposta?
4 comentários:
MIA COUTO respondeu o seguinte sobre o Zimbabué: Alguns terão vontade de criticar, porque acham que a posição do Mugabe é insustentável, mas há outros que o admiram, embora não tenham a coragem de dizer, como alguém que teve coragem de bater o pé contra os ricos, o Ocidente. E há um grande desconhecimento sobre a situação interna no Zimbabué. A ideia é que tudo isso que chega é terrível, mas não é verdade, foi fabricado pelo Ocidente. Fonte: http://candongueiro.wordpress.com/2009/07/07/mia/
Mais palavras para quê?
NB: Não vamos pontapear a um leão já morto. Fiquei esclarecido?
Engraçado!
A evolução política de Mia Couto relativamente a Moçambique foi precisamente ao contrário.
Não serviu para Moçambique mas serve para o Povo do Zimbabué!!!
Apesar do conselho de S. Machel a Mugabe, aquando da transferência de poder de Smith, segundo dizem algumas fontes...colhida já a experiência sino-soviética implementada pela Frelimo.
Costuma-se dizer, brejeiramente, e de forma mais integral, que pimenta nos outros, para nós é refresco.
Será assim, ou alguém faz o favor de corrigir algo, corrigir, não demagogiar.
Caro Viriato,
Admiro-me bastante dessas palavras do Mia Couto. Paradigma nele? Lembro-me da posicão Mia Couto sobre o Zimbabwe, em 2002. O artigo de Mia levantou um grande debate no Imensis.
BEM, vejamos o TODO:
1ª PERGUNTA: "E a complacência em relação ao ditador do Zimbábue, Robert Mugabe? Até onde vai a lealdade da classe política dos países vizinhos, Moçambique incluído?"
MIA – "É preciso que novas gerações, como em Botsuana, surjam."
> "Pessoas que não estejam ligadas a esse tipo de laços históricos, a compromissos pessoais que prejudicam todo o resto."
> "Essa gente se conhece toda, são amigos, fazem parte de um clube. E mesmo que tenham divergências políticas, nunca vão o declarar publicamente. Há aqui uma espécie de sabedoria palaciana."
> "Alguns terão vontade de criticar, porque acham que a posição do Mugabe é insustentável, mas há outros que o admiram, embora não tenham a coragem de dizer, como alguém que teve coragem de bater o pé contra os ricos, o Ocidente."
> "E há um grande desconhecimento sobre a situação interna no Zimbábue. A ideia é que tudo isso que chega é terrível, mas não é verdade, foi fabricado pelo Ocidente."
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NOTA: o entrevistador é Brasileiro e é natural que algumas expressões possam não ser exactamente entendidas. Por vezes, como no exemplo seguinte, bastaria a "tradução" da ideia por palavra diferente, para alterar todo o sentido a mesma. Vejamos:
ONDE MIA DIZ: "A ideia é que tudo isso que CHEGA é terrível, mas não é verdade, foi fabricado pelo Ocidente.";
SE QUIS DIZER: "A ideia é que tudo isso que ACONTECE é terrível, mas não é verdade, foi fabricado pelo Ocidente.";
>> Tudo muda (mas só MIA sabe o que quis dizer!)
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2ª PERGUNTA: "E Moçambique? Aqui ainda é forte o discurso de atribuir aos outros o atraso do país?"
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(NOTE-SE o detalhe: "... de atribuir aos OUTROS o atraso do país? OU SEJA: o entrevistador parece ter depreendido que na resposta anterior, MIA havia afirmado que no Zimbabwe É FORTE O DISCURSO DE ATRIBUIR AOS OUTROS O ATRASO NO PAÍS.)
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MIA – Moçambique teve um percurso diverso. O discurso de demagogia está presente, mas não é predominante.
> Hoje já há uma apreciação de que é preciso buscar as responsabilidades dentro.
Mas isso foi fruto de muita briga na sociedade civil, para que os dedos que estavam apontados para fora fossem apontados para dentro.
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PS: Conjugando as respostas de MIA às duas perguntas, e os comentários que intercalei, creio ser razoável aceitar a possibilidade de interpretações divergentes.
> A língua portuguesa é "traiçoeira". Seria interessante que algum linguísta nos desse a sua interpretação.
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