E lá estou eu a prosseguir esta série, sempre ao jeito das notas soltas, como se escrevesse num pequeno caderno de notas. A chamada sociologia habita os cadernos de notas, os olhos, os instantes, a fotografia dos sentidos sociais. Só depois surgem os produtores de manuais e criam uma coisa áulica, proteínada, chamada...sociologia. Etc.
Oiçam lá: a feminilidade existe? Claro, hora das perguntas: que é feminilidade? Quem a define? Para quem define quem a define? Tem gente que de tanto propôr perguntas desse tipo torna o social etéreo, evanescente, pura essência.
Mas vamos lá: aquela mulher é bonita, é feminina. Por quê? Aqui está uma pergunta tenebrosa. Por exemplo, há quem (masculinamente falando) considere feminina uma mulher generosamente forte, há quem considere feminina uma mulher magra, os conceitos de feminilidade variam consoante os grupos sociais (pecado, direis: e consoante as pessoas elas-mesmas? Bem, veremos). E depois há aquele vasto e extenso mundo urbano-feminino da socialização-purificação do corpo: arranjo de unhas, depilação, cabeleireiros, banhos especiais, etc. E depois há os conceitos de feminilidade em mundo rural. Que mundos do mundo!
Bem: independentemente do prisma pelo qual nós, homens, analisemos a feminilidade - a beleza da mulher social e grupalmente considerada - , o que está em causa são quatro coisas:
1. A feminilidade não existe em si.
2. Ela é socialmente construída.
3. Ela é masculinamente construída.
4. Ela é femininamente aceite porque masculinamente construída.
Pausa.