12 agosto 2008

Eleições, legitimidade e engenharia eleitoral (3) (continua)

Seja qual for o tipo das eleições 2008/2009, Frelimo e Renamo vão organizar a engenharia eleitoral em função do quadro posicional apresentado no número anterior.
Do lado da Frelimo, vamos assistir a mega-espectáculos políticos, com um pico nas presidenciais de 2009. Em campo vai ser colocada toda uma cenografia possante (com recurso aos mais variados meios terrestres e aéreos), destinada a alimentar, entre outros, os seguintes quatro eixos de campanha, eixos que balizam a defesa do princípio de que a batalha da luta contra a pobreza será vencida um dia:
1. Estatística das coisas construídas: escolas, universidades, postos de saúde, estradas, pontes, estádios, etc.
2. Reversão da barragem de Cabora-Bassa.
3. Alocação aos distritos do fundo de sete milhões de meticais destinados a gerar comida e emprego.
4. Programa de produção de energia: barragens e biocombustíveis em apoio à revolução verde.
Face à carestia de vida, a Frelimo vai argumentar que tudo está a fazer para contrariar regras e imposições que não não nacionais, mas do mercado internacional, designadamente no que concerne aos preços dos cereais e dos combustíveis.
O partido vai defender que só sob sua direcção será possível ter um programa governamental genuinamente moçambicano, genuinamente democrático, ter uma verdadeira luta de libertação tal como a que iniciou em 1962.
Finalmente e tal como desde 1994, a Renamo será sistematicamente atacada sempre no mesmo ponto, o de ser uma simples máquina de destruição desnacionalizada:
1. Desestabilizou o país desde 1976 (particular enfoque: vai ser defendido que a Renamo tem feito uma gestão danosa das cidades sob sua alçada).
2. Só sabe obstruir, tal como faz na Assembleia da República.
3. Está ao serviço de desígnios e de interesses obscuros, tal como já esteve ao serviço dos regímens da Rodésia do Sul e da África do Sul do apartheid.
No próximo número será a vez de falar do programa de campanha da Renamo.

1 comentário:

Xiluva/SARA disse...

E um Estado usado a bel prazer.