26 outubro 2008

A cruz do Vera Cruz (5) (continua)

E entro no penúltimo número desta série dedicada a um estudo feito pelo psicólogo Vera Cruz, da Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlanes, sobre percepções de crianças de três escolas primárias da província de Maputo em relação à beleza feminina.
Quinhentas crianças dessas escolas foram convidadas a responder à seguinte pergunta: "qual destas meninas achas que é a mais bonita?" Quais meninas? Uma mesma menina, vestida e penteada da mesma maneira, mas desdobrada em três cores: branca, negra e mista. Uma parte significativa das crianças considerou que as mulheres claras são as mais bonitas.
Como referi em números anteriores, esse estudo deu origem a protestos de leitores deste diário. O alvo da indignação - uma profunda indignação moral, creio - tornou-se literalmente o psicólogo. De que forma operou a descredibilização de Vera Cruz? No geral, da seguinte maneira:
1. PREPOSIÇÃO EXPLÍCITA: a foto apresentada pode ter induzido as crianças em erro.
2. PREPOSIÇÃO IMPLÍCITA: as mulheres de cor escura são mais bonitas do que as mulheres claras.
3. CONCLUSÃO: Vera Cruz não é pessoa idónea, ele gosta das mulheres claras e por isso levou as crianças a dizer o que ele queria que elas dissessem: que as mulheres claras são mais bonitas. Assim, o seu trabalho nada tem de científico, não pode ser replicado, é um mero trabalho ideológico.
Nada do que Vera Cruz disse em relação à preferência das crianças foi tido em conta. O que parece, é: ele gosta das mulheres claras. E também nenhum dos trabalhos que aqui fui colocando sobre o branqueamento da pele um pouco por todo o mundo foi tido em conta.

1 comentário:

Anónimo disse...

Carlos Serra mudou rápido neste assunto. A primeira pessoa que tentou ridicularizar Vera Cruz foi o senhor. Tentou ridiculariza-lo sem ler seu estudo e só mudou quando verificou que estava a entrar no mato. É só ver as suas primeiras postagens sobre o assunto