Aconteceu: Maria Fernanda Sampaio escreveu um livro com o delicioso título em epígrafe, editado pela Assírio&Alvim. Vamos a ver quando chega ao nosso país.
Eis o texto da apresentação do livro: "Situado num ponto estratégico do oceano Índico, Moçambique recebeu ao longo dos tempos influências da Europa e da Índia que, mescladas com as próprias tradições e modos de fazer africanos, contribuíram para criar uma cultura rica e diversificada. A cozinha moçambicana reflecte isto ao mais alto grau, com um repositório riquíssimo de receitas da mais alta índole gastronómica. Com a facilidade crescente que existe em obter os ingredientes necessários, era já tempo de editar um livro dedicado aos sabores do Índico. Descubra-os e delicie-se."
Obrigado à Isabel Victor pelo envio da saborosa notícia.
11 comentários:
Curiosamente, em 28 de Fevereiro, foi publicada esta referência. Ver link
http://navegandocomsabores.blogspot.com/2008/02/nos-subrbios-da-vida.html
"Um repositório riquíssimo de receitas da mais alta índole gastronómica"?????
É verdade que uma boa matapa, uma galinha à zambeziana com mucapata e mais uma meia dúzia de pratos até o podem ser, mas um pouquinho de sentido crítico e modéstia não nos ficaria mal e talvez levasse a mais criatividade na nossa culinária.
E o marketing não conta?
Como se vendem, também, livros?
Abstendo-me do valor do repositório.
Perdoe, Agry, se não tomei em conta essa referência. Quanto ao leitor crítico: então o conteúdo do livro é mau?
Um bom livro de cozinha pressupõe um trabalho prévio de campo e de experimentação. Um livro sobre cozinha dum país tão extenso e recheado de “sub-culturas”, como Moçambique, exige um trabalho longo e meticuloso,se se pretende apresentar “coisa” séria.
Penso que os coordenadores apostaram numa obra de divulgação, sem pretensões. Neste sentido, é um livro recomendável. Por outro lado, Maria Fernanda Sampaio é mãe de Fernando Luis Sampaio, responsável pela escolha e apresentação, que dedicou o livro à memória de sua progenitora
É, talvez, a visão da cozinha moçambicana à luz da experiência desta família
Finalmente , existem pouquíssimos textos sobre esta matéria. Sabores do Indico é ,na minha perspectiva, um convite a que outros se dediquem ao levantamento e divulgação do património culinário moçambicano
A questão não tem a ver com o livro em si, que não conheço e desejo seja excelente, mas com a definição de cozinha moçambicana. O que é culinária moçambicana? É uma mescla intrínseca das várias culinárias que por aqui passaram, ou um somatório dos vários pratos das outras culturas mais os pouquíssimos modos de preparar alimentos da culinária tradicional? Só na segunda acepção dizer-se que “a cozinha moçambicana reflecte isto ao mais alto grau, com um repositório riquíssimo de receitas da mais alta índole gastronómica” corresponde à verdade. A não ser que queiramos considerar o chacuti, as badgias, o sarapatel, as apas, mas também os rissóis de camarão, o bacalhau à Brás, o cozido à portuguesa, o leitão assado… cozinha moçambicana. De facto, seria excelente que todos assim aceitássemos. Na comida e em tudo o resto que nos caracteriza.
Ao visitante Anónimo sugiro que dê uma olhada ao blog http://navegandoconsabores.blogspot.com. Lerá a introdução e encontrará as primeiras pistas.
1)http://navegandocomsabores.blogspot.com/2008/03/chegou-hora.html#comments
2)http://navegandocomsabores.blogspot.com/2008/02/culinria-afro-brasileira_28.html
Se quiser fazer o favor de comentar, o autor do blog, agradece
Desculpe, mas apenas para corrigir uma gralha
O endereço correcto é:
http//:navegandocomsabores.blogspot.com
No comentário anterior comsabores aparece consabores
Obrigado
Fui ao Blog, Agry, que agradeço, pois só de lê-lo é saboroso. Vou colher dele algumas ideias.
Mas olhe. Há dias peguei num livro de receitas tradicionais portuguesas e fiz um doce de ovos, daqueles chamados conventuais, e juntei-lhe castanha de caju. Toda a gente gostou e até me pediram a receita. Penso que foi isto que aconteceu no tempo colonial e nos primeiros anos após a independência, e que, em ambientes muito restritos, continua a acontecer. Mas essas receitas, quase por norma, não chegaram a fazer tradição, nem no sentido amplo do termo. São excepções o piri-piri D. Ana, a galinha à zambeziana, o caril de galinha com amendoim. Infelizmente muito poucas excepções. E a prova aí está: em quais e quantos restaurantes de Maputo pode comer comida típica moçambicana? Que pratos?
Agora sou eu que lhe peço desculpa: piripiri.
A cozinha não é um mundo à parte. Tal como outras facetas da cultura dos povos, ela não pode ser impermeável, fundamentalista.
No entanto, tem uma matriz a preservar. E é aqui que reside a sua especificidade.
Não sei se dispôs de tmepo, mas eu também abordava a cozinha urbana e a sua inevitabilidade.
Esta postagem acabou, e ainda bem, por ser muito interessante.
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