11 agosto 2007

Influências deletérias e almas aflitas

Ouvi esta manhã o programa "encontro às nove" da Rádio Moçambique, debateu-se a nossa cultura face à integração regional na SADC. Fixei especialmente as intervenções que fizeram uso de expressões do género "a nossa cultura", a "nossa maneira de fazer as coisas", a "maneira moçambicana", "o nosso povo sabe manter as tradições culturais", a "cultura dos outros", etc. Perante essa sucessão de estados julgados definidos, uma senhora aflita ligou para o programa dizendo que estava muito infeliz com a "globalização" que tanto estava a degradar a "nossa cultura", "a nossa maneira de ser". A nossa juventude está em crise, mostra a nudez nas ruas - que horror! -, vejam lá se qualquer dia os algum escultor decide mostrar tudo na escultura, "o rabo e outras coisas" (sic) -assim se exprimiu a senhora.
É sempre fascinante verificar, por um lado, o horror aos intermediários e às tensões, a concepção de cultura como uma substância, como algo fixo, identidariamente inalterável, impermeável às influências; e, por outro e por consequência, a concepção de uma juventude e de uma cultura que deviam estar para sempre frigorificados nos códigos que consideramos serem os mais correctos.

2 comentários:

mozinovador disse...

O "olheiro" Espanhol que treinava a nossa qerida seleccao de basq. femenina, acaba de ser corrido.

Alguem ouviu..!!!

Carlos Serra disse...

Sim, o "Magazine Independente" desta semana reportou isso. O olheiro deve agora olhar o que antes olhava.Entretanto, aguardemos para se será escolhido como treinador um dos três qualificados treinadores que o país tem. Não revelo os nomes...