Leia prazenteiramente aqui. Obrigado ao Florêncio pelo envio do texto.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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1 comentário:
Professor,
PRAZENTEIRAMENTE divagando,
O Sr. Malijane prova-nos que a tradição africana pode conviver com o Estado de direito. Todos aceitamos com normalidade que jovens, algumas ainda meninas, sejam transformadas em mera moeda de troca, por serviços prestados.
MAGNANIMAMENTE, o Sr Malijane vai oferecendo algumas jovens aos filhos que, mal agradecidos, rejeitam ajudar o “velho”: “…mulheres que são empurradas para pagar dívidas principalmente aos curandeiros, não foram à escola, é por isso que os meus filhos não querem ficar com elas como suas esposas”. EMPURRADAS, diz sabiamente o Sr. Malijane.
FILANTROPICAMENTE, pensando no bem-estar das jovens empurradas e rejeitadas pelos ingratos dos filhos, o Sr Malijane, que não é homem de dizer não, presta-se ao sacrifício, “…acabam ficando comigo para fazer filhos.” … e machamba para os alimentar, acrescentamos nós.
Como qualquer reprodutor responsável, o Sr. Malijane cuida-se, não pode perder energias: “Eu não saio do meu quarto para andar de casa em casa, não senhor, elas vem ter comigo. Eu faço tudo no meu quarto, tenho minha cozinheira, meu servente”. Homem previdente, sensato: o servente para as limpezas; a cozinheira para retemperar energias… venha a próxima.
Para os menos familiarizados com as tradições africanas rurais, é complicado perceber a entrega de filhas – por vezes à revelia da vontade destas; outras não, porque tendo vivido sempre no meio rural aceitam a tradição: mulher = mercadoria; violento para uns; nem tanto para outros.
Nas sociedades ocidentais, e mais ainda nas asiáticas, há quem jogue a mulher e filhas em jogos de sorte ou azar. Aqui, entre nós, no Moçambique urbano, também temos casos desses: vício = transformação / perturbação de valores.
Só os incapazes de “ver com olhos da África profunda” podem apelidar estas práticas como uma forma de escravatura. É tudo uma questão de contexto.
Um abraço,
Florêncio
______
PS – A avaliar pelas fotos, parece inegável:
O exercício físico caseiro a que o Sr. Malijane se obriga, disciplinada e responsavelmente, dá-lhe um ar jovial, bonacheirão, cerebral, de felicidade.
A frescura e a renovação das jovens esposas, parece “dar mais vida aos anos do Sr. Malijane e, certamente, dará mais anos à sua vida”. Excelente elixir.
Seguramente, a vida não é madrasta para todos…, talvez para algumas das “empurradas”. Longa vida ao Sr. Malijane!
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