27 agosto 2007

Geógrafo Guambe contesta governador Meque

O governador de Inhambane, Itai Meque, é um homem optimista: afirmou que a província teve em 2006 um crescimento económico de 13.8%. O turismo foi uma das áreas que para esse feito concorreu - defendeu Meque.
Mas o meu colega geógrafo, José Guambe, entende que o turismo não tem contribuído para o desenvolvimento local da província. Confira aqui.

3 comentários:

Anónimo disse...

Professor,
 O pesquisador considera que o Turismo está longe de ajudar no DESENVOLVIMENTO LOCAL da província de Inhambane.
 O Governador diz não ser prudente fazer comparações desta natureza … “suportando-se no CRESCIMENTO ECONÓMICO registado ano passado“,
Ou seja:
 O PESQUISADOR, com uma visão e preocupação de longo prazo, QUALITATIVA, pensa na melhoria efectiva dos índices de bem-estar da população da província, na resolução dos problemas estruturais.
 O GOVERNADOR, com uma visão de curto prazo, apenas QUANTITATIVA, mostra-se: (i) satisfeito com o crescimento da facturação; (ii) “nas tintas” para a distribuição e índices de bem estar.
Concluindo:
 Ambos têm razão: apenas estão em “frequências” diferentes.
Um abraço
Florêncio
______
PS  Se uma boa parte das receitas do turismo ficar nas agências de viagem fora do país, ou mesmo apenas fora de Inhambane, em Maputo por exemplo, é provável que o impacto no DESENVOLVIMENTO – na melhoria dos índices de bem estar das gentes província -, seja pouco relevante.
 Da mesma forma, se as receitas do gás ficarem na empresa gestora do “pipe-line” em Maputo ou fora do país, é provável que a riqueza do subsolo de Inhambane, beneficie mais as gentes de Maputo do que o DESENVOLVIMENTO dos índices de bem estar da “terra da boa gente”.
 O Sr. Governador diz: “… Inhambane conseguiu este crescimento graças ao montante CONSEGUIDO para investimento em diversas áreas, na ordem de 18 milhões de dólares norte americanos, contra 3,8 milhões de dólares que o governo tinha PROJECTADO inicialmente”. É prudente confirmar se o CONSEGUIDO foi mesmo REALIZADO (fisicamente), ou meramente AUTORIZADO (no papel): a confusão é frequente, mesmo a nível Central.

Carlos Serra disse...

Várias e boas questões. O presidente Guebuza afirmou ontem que as exportações globais de Moçambique atingiram cerca de 2.3 biliões de dólares em 2006, "representando um crescimento de cerca de 36 porcento em relação ao ano passado" (vide "Notícias" de hoje). Mas o Presidente não mencionou o peso do alumínio nessas exportações.

Anónimo disse...

 O Alumínio é um bom exemplo do que PARECE MAS NÂO É.
Vejamos:
 As exportações da Mozal são registadas por 100% do seu valor.
 Para os cofres do Estado apenas entra 1% do valor da exportação.
 Porquê? Os grandes investidores negoceiam situações de privilégio a título de: (i) virem melhorar o cenário macroeconómico; (ii) criação de emprego; (iii) efeito de alastramento noutros sectores da economia, etc. É assim em todo o mundo!
O peso cada vez maior dos grandes projectos no PIB e nas exportações - estima-se que ultrapasse os 85% nos próximos anos -, conjugado com as isenções e outros privilégios que em regra estes investidores negoceiam, conduz á ilusão de que vivemos melhor do que parecemos.
 Para evitar falsas interpretaçoes, as nossas estatísticas apresentam as variantes: (1) com grandes projectos; (ii) sem grandes projectos.
 Falando para uma audiência com relativa presença externa, o Sr. Presidente, optou pela variante “para inglês ver”: com grandes projectos.
Florêncio.