12 agosto 2007

O conflito na produção de heróis em Moçambique (8) (fim)

Situadas na interface entre o individual e o colectivo, o racional e o impulsional, o consciente e o inconsciente, o imaginário e o discursivo, as representações sociais que aqui tenho em vista são fortemente tributárias da forma como os grupos sociais - designadamente Frelimo e Renamo - se inscreveram na história do país e nela tatuaram os seus modelos, os seus guias de referência, os seus heróis epónimos, os seus clichés, os seus prejuízos e os seus estereótipos.
Os heróis moçambicanos não são, portanto, livres de descansarem nas suas tumbas quando em jogo está a sua recriação ou a sua reactivação política.
Eles são duramente produzidos e reproduzidos.
Por consequência, não há heróis em si. Mais: eles não existem, ao fim e ao cabo. O que foram ou o que são é o que queremos que eles sejam, no interior dos nossos interesses, .
A politização da alteridade, a diabolização do outro, são partes constituivas da forma como construímos a visibilidade de quem amamos ou odiamos.
Se é o homem é a medida de todas as coisas, a política é a medida de todos os heróis.

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