21 agosto 2007

Afinal há desmatação no país segundo o ministro do Ambiente! (postagem especial para os mosqueteiros do tudo-está-bem)


"As nossas florestas estão a ser delapidadas. E floresta, Presidente, é raíz, floresta é o conjunto das nossas raízes, desta terra amada, mas desta terra cada vez mais desmatada. Presidente: corremos o risco de perdermos as raízes (carta ao presidente da República)"
Faz muito que aqui intervenho denunciando a desmatação em curso no país. Contra mim e contra os ambientalistas têm-se levantado vários espadachins, os mosqueteiros de várias latitudes argumentando que o país tem uma erva nociva, a dos moçambicanos ao serviço de tenebrosos interesses estrangeiros em troca de dólares e de euros. Mosqueteiros que reenviam todos os pecados da desmatação para os camponeses do carvão, da biomassa.
São frequentes os mandarins que usam um adjectivo delicioso: "aludida", "a aludida desmatação".
Um jornalista, Lázaro Mabunda, escreveu há tempos este belo naco de prosa patriótica: "(...) a aludida desmatação das florestas no país não passa de um falso alarme, senão um barulho financiado por interessados em negócios de madeira, mas que não encontram a “rede” para navegar. É bom que se diga isto: este é um conflito União Europeia vs China, ambos interessados nas nossas florestas. Nós apenas servimos, isso sim, de caixa de ressonância para desencadearmos um barulho sobre o que não existe. Somos usados pelos que têm dinheiro. Ou seja, vendemos a nossa pátria em troca de migalhas de dólares ou de euros."
E eu aqui, como outros em outros locais, a terçar armas despatrióticas!
Escrevi, até, como mostrei no topo desta postagem, uma carta ao presidente da República!
Mais: ainda há dias aqui reportei a continuidade do saque.
Mas agora, vejam lá, vem a terreiro o ministro do Ambiente, José de Castro, afirmar que afinal há mesmo desmatação. Que aquilo que os seus colegas do Ministério dizem é uma coisa técnica, são "termos técnicos" a ter em conta, claro, mas o problema é que "há deflorestamento e nós não vamos negar isso". E esse deflorestamento não é provocado unicamente pelos camponeses.
E agora, senhores mosqueteiros, Sr. Lázaro Mabunda: ao serviço de que interesses estará o ministro Luciano de Castro? Quantos dólares ou euros receberá ele, Sr. Lázaro Mabunda, por dizer o que disse?
Seria interessante que os mosqueteiros tentassem chegar lá, no interior, no sertão, lá onde a floresta é impiedosamente abatida e onde se pode ser ameaçado de morte ou abatido, chegar lá para estudarem o que realmente se passa. Não querem tentar? Não é ir às cidades, não; não é falar com as fontes oficiais, não. É ir mesmo lá ao coração do saque. Estão dispostos?
Pobre chefe do posto administrativo de Covo, lá em Nacala-a-Velha, província de Nampula, pobre Ana Sabonete que, há tempos, ignorando que tudo era e é um "falso alarme", um "barulho", se queixou ao governador de Nampula de ser ameaçada de morte por exploradores ilegais de madeira!

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