Tudo isso vem em grande destaque, enquanto o conflito homem/homem na Maragra surgiu perdido numa modesta página. Em Moçambique, agora, muito dificilmente se fala em conflito homem/homem. Não fica bem, não é de bom tom neste glorioso combate contra a pobreza absoluta. Apenas os clérigos pedem, vez que vez, que os humanos se entendam em sua suas inumeráveis desavenças.
Enquanto os conflitos sociais são despojados de visibilidade - ou, se a têm, atribue-se aos trabalhadores a sem razão ou, ainda, pura e simplesmente (o que é mais frequente) escamoteia-se a análise das condições sociais penosas em que os trabalhadores produzem - o "conflito homem/animal" ganha de há cerca de dois anos a esta parte uma publicidade crescente, na imprensa escrita e na Rádio Moçambique.
Para não falar do uso de piripiri, como se faz no Zimbábuè, uma ou duas espingardas em casa sede distrital, usadas por um ou dois caçadores, atenuariam largamente o "conflito". E evitariam certas tragédias, como aquela que se registou entre Junho de 2002 e Maio de 2003 em Muidumbe, província de Cabo Delgado.
Mas o mais importante seria a nossa imprensa investigar as causas do dito conflito. Por exemplo, no tocante aos leões e aos elefantes, seria interessante analisar o impacto da desmatação em curso no país e a gestão de reservas e de coutadas.
2 comentários:
O bicho-homem destrói a natureza e o habitat natural dos seres da selva e estes é que são "os maus da fita" ???
Palavra que está tudo de pernas para o ar !!!
Este bizarro "conflito" ajuda a camuflar muitas coisas.
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