04 agosto 2007

Darwinismo social

É sempre possível encontrar um fio condutor para fenómenos díspares (ou aparentemente díspares). Fenómenos díspares e, frequentemente, inocentes na sua naturalidade, na forma inócua como surgem e se difundem. Ou na forma como são afirmados, na inocência firme de um mero ponto de vista.
Por exemplo, um jornalista do "Notícias" de hoje escreveu, a propósito do Moçambola 2007, que "o início da segunda volta encerra um grande significado, pois entramos numa etapa em que somente os audazes irão sobreviver." Repare-se neste tom predicativo darwinista, cuja medula é anestesiada por estar em causa o futebol.
Por outro lado, um leitor preocupado com a decadência moral, escreveu, na mesma edição do diário citado, que gente de outras províncias está em excesso em Maputo, afectando o bem-estar dos locais. Se, neste contexto, tivermos em conta a criminalidade, temos a Sra. Lina Magaia a propor a expulsão dos que, no seu entender, nada fazem na cidade de Maputo, devendo ser levados a produzir no campo, tal como se fez nos anos 80 do século passado.
Natualmente que seria possível multiplicar estes exemplos de darwinismo social (com a clássica e clara busca do bode expiatório estrangeiro, no segundo exemplo apresentado), que encontram na Sra. Magaia uma modelar pedagogia castrense.
Darwinismo social que carece de ser percebido, de ser analisado em função do sistema de que é arauto e homologador.

4 comentários:

Joana disse...

Meu Deus, andei eu nos seus sites de poesia e acabo agora por descobrir este blog de sociólogo. Onde arranja jeito e tempo para fazer tudo isto, com esta qualidade? E vejo que há muitos outros sites seus...

Carlos Serra disse...

Não é jeito, é prazer.

i disse...

Darwinismo social é uma coisa que me enche de medo! Se ouço a palavra eugenia, minha vontade é meter-me debaixo da mesa.

Anónimo disse...

Vc sabe me ier oq é Darwinismo?