Vamos ao segundo número da série.
Talvez se possa dizer que toda a nossa vida em sociedade é uma permanente tentativa para vencer o desconhecido, para derrubar a incerteza, para expulsar o medo. Somos, creio, produtores sem tréguas de coisas conhecidas. Ou a isso aspirando. Penso poder-se sustentar que sempre queremos coisas conhecidas, que sempre ficamos felizes com os hábitos, com a derrota do desconhecido.
Ora, para a maior parte de nós, a homosexualidade é um problema, é o desconhecido, é a incerteza, é uma ameaça para as normas, para as tradições, para o que consideramos ser a normalidade sexual.
Por exemplo, como poderia Henri Junod aceitar a prática do buncontchana, em uso há muitas décadas atrás nos compounds sul-africanos?
Mas quem é Henri Junod e qual o significado de buncontchana? O leitor sabe?
Talvez se possa dizer que toda a nossa vida em sociedade é uma permanente tentativa para vencer o desconhecido, para derrubar a incerteza, para expulsar o medo. Somos, creio, produtores sem tréguas de coisas conhecidas. Ou a isso aspirando. Penso poder-se sustentar que sempre queremos coisas conhecidas, que sempre ficamos felizes com os hábitos, com a derrota do desconhecido.
Ora, para a maior parte de nós, a homosexualidade é um problema, é o desconhecido, é a incerteza, é uma ameaça para as normas, para as tradições, para o que consideramos ser a normalidade sexual.
Por exemplo, como poderia Henri Junod aceitar a prática do buncontchana, em uso há muitas décadas atrás nos compounds sul-africanos?
Mas quem é Henri Junod e qual o significado de buncontchana? O leitor sabe?
(continua)
23 comentários:
Depende do prisma em que coloca a sua hipotese.
Ha 30 anos atras, na era da TSF, os cidadaos informados deste pais eram limitados por aquilo que lhe colocavam a frente. Todas manifestacoes sociais eram monitorizadas. Todos discursos eram filtrados. Todos pensamentos eram adivinhados.
Mas hoje em dia, numa sociedade de informacao, ninguem tem o privilegio de nos contar a "sua" verdade. Temos o livre arbitrio de conhecer o "desconhecido", o que nos permite reflectir amplamente sobre as novas facetas de um fenomeno ja conhecido desde os primordios da humanidade.
Por isso, o exemplo Junod, esta deslocado do meu prisma sobre a homossexualidade.
Servira para os muitos outros cidadaos que ainda vivem na idade da Pedra, por este pais fora, por conta da nossa irresponsabilidade, enquanto privilegiados detentores do conhecimento em ampliar seus horizontes de analise.
O que debateram a homossexualidade neste blog e, inclusive, as personalidades africanas que se opoem a homossexualidade, ou pelo menos a sua ideia, sao tambem, elites informadas. Por isso, a generalizacao neste caso ao resto da populacao, desajustada.
Mas isso, seria um outro debate.
Desculpem minha ignorancia no assunto...
mas,... quem 'e Junud..?
e la nos compounds houve festa ?
buncontchana 'e privat party ?
é impressionante constatar a influência que os missionários brancos tiveram na 'composição' de uma mentalidade anti-homossexual nas sociedades africanas...
Claro...
Ja temos mais um argumento a favor do lobby gay. A culpa tambem dos missionarios (europeus) em convencer os africanos (a deixarem de ser gays, certamente).
E esta, Viriato Dias?!
E impressionante o que certos hiatos da humanidade despertam em nome de uma causa...
Lá vou eu ter que sair da bancada...
Com a grave crise das vocações na Europa "branca", prevê-se a vinda de missionários pretos para evangelizar os Povos Europeus...
Uf, ficarei muito mais descansado.
Com missionários pretos, a Europa será salva.
Amém!
Li vagamente Junod, em 2005, por indicação da professora Eulália Maximiano. Não sei ao certo com que base é que este escritor chegou a esta conclusão.Desconheço as suas fontes.
É preciso que se triture essas fonte e, se possível, cruzar com as outras existentes para chegarmos a uma verdade temporária (não há verdades absolutas).
Como disse anteriormente e sem querer lamber feridas, não há nenhuma "fonte viva" que atesta a homossexualidade em África antes da chegada dos europeus. O que há, suponho não estar errado, são dados disponíveis na internet que fazem referência ao Egipto como país do continente africano onde estas práticas (doença)tiveram lugar muitos séculos antes do sonho europeu de conhecer novas terras africanas (aqui discordo do meu "mestre" professor Saraiva que insiste no termo descobrimentos9.
Portanto, são pontos de vista académico conforme o ângulo de observação de cada um, parafraseando Adam Shaff. Mas também, porque não sou de fechar ciência, cá estarei para reconhecer a minha ignorância sem, no entanto, revogar o que já disse.
Eu prefiro ficar com a velha máxima em história, dito por Saraiva, numa frase da autoria de Fernão Lopes, "em antiguidade histórica, certidão haver não pode".
Zicomo
Viriato Dias,
as fontes de que nega a existência existem, mas é claro que é bem mais fácil negá-las do que aprofundar o assunto e ir contra as opiniões que lhe deram com certeza muito trabalho a construir.
Ricardo,
a única causa digna é a de pessoas de bem que não querem mal a outras pessoas apenas porque têm uma orientação sexual diferente da sua.
tenho pena que acredite que os seus direitos e a sua cidadania são maiores do que os das outras pessoas.
talvez um dia possa estender-lhe a mão quando precisar da minha ajuda como activista de direitos humanos. nessa altura talvez entenda que lutar por uma causa justa é lutar apenas por uma: a da justiça e do direito à felicidade.
umBhalane,
a 'Europa branca' de que fala não existe senão no imaginário de quem continua a pôr rótulos de acordo com conveniências pessoais.
hoje há gente de todas as cores em todo o mundo e essa mistura racional e de nacionalidades tem permitido abrir muitas portas, muitas mentalidades, muitas oportunidades.
na Europa de que fala e que já não existe, foi o cristianismo que introduziu o conceito de heterossexualidade dominante e necessariamente reprodutiva como factor de sujeição das sociedades 'pagãs' que não correspondiam aos seus intentos de domínio.
Cara senhora das Tangas,
Vejo que nao fez a leitura recomendada por mim. Paciencia, ha quem goste mais de outras coisas mais leves...
Quanto ao convite que estende, muito obrigado pela parte que me toca. No que me diz respeito, sou como os tripeiros:
"De joelhos diante Deus. De pe diante os Homens (e das mulheres tambem)"
Ca Ira!
Pois é Tangas,
Andou a bocejar o tempo todo e querer, tardiamente, entrar no debate sem antes ler os meus argumentos anteriores. Eu até lhe compreendo, está a ser vítima do contágio. É que a "floresta dos Homo Sapiens dos gays" procura a todo o custo mobilizar massas para fazer valer a sua ideia.
Isto faz-me lembrar o tempo da campanha eleitoral, em 1994 e 1999, distraidos, as pessoas depois de ter a barriga cheia, diziam: "viva Frelimo", quando o partido que estavam a representar / desfilar era outro.
Estão a aparecer vozes a dizer contra dos contras (passe a repetição), mas na verdade jamais estas pessoas aceitariam que seus seus filhos fossem gays ou lésbicas (homossexuais).
Eu conheço muito bem o ser humano. Na plateia do social é capaz de dizer uma coisa, mas em casa, no reduto onde o galo é o macho, ai as coisas cantam de outra forma. Não se esquece que também sou pai e chefe de família. Portanto, sejamos coerentes connosco mesmo, por favor!
Zicomo
Viriato,
'no reduto onde o galo é o macho'?...
isso quer dizer o quê? que há redutos em que a galinha é macho?
e 'macho' é alguma condecoração?
Ha dias fui a um casamento onde actuou uma das Labibas e soube que quem havia contratado o show era o pai da noiva.
Me perguntei seriamente se tal estava correcto pois estavam presente crianças e meu filho de 6 anitos bombardeou-me com perguntas do tipo "Pq usa saia?" "é Homem?" pq está pintado?,pq está se salto alto? etc, fiquei mudo e não pude responder uma única questão
Mais não digo
aquele abraço
Zeca M.
Caro Zeca M.,
é natural que aos pais falte, por vezes, à-vontade para explicar aos seus filhos o que vêem e que não está de acordo com a alegada 'norma'.
se quiser, terei todo o gosto em lhe enviar algumas brochuras para pintar em que se explica, em imagens e sem complicações, a realidade dos homossexuais.
estou em crer que facilitaria bastante o diálogo com o seu filho.
já há, felizmente, bastante material didáctico para ajudar os pais a introduzir a temática de uma sociedade plural junto de jovens e crianças.
Tenho uma filha e acredito que as cianças não devem ficar sem respostas para as perguntas que fazem.
As respostas devem ser dadas ao nível da capacidade de compreensão da criança. Elas não têm noção de sexo ousexualidade e não esperava uma resposta a esse nível.
O show de Drag é um show, que usa o exagero, o burlesco para entreter, parece-me que a resposta deveria ser dada no sentido do espetáculo, do entretenimento e seria suficiênte.
Para esclarecer, ser travesti não significa necessariamente ser homossexual.
Mas tem de se preparar para dar respostas mais complicadas, por exemplo, quando o seu filho vir numa novela qualquer dois homens ou duas mulheres a beijarem-se.
também sou mãe e sempre respondi sem reservas à minha filha. por vezes era até ela que completava as minhas palavras adaptando-as à sua idade.
concordo com o Igor, pois não há que confundir o travestismo com a homossexualidade. muita gente dos espectáculos faz bonecos que nada têm que ver com as suas vivências.
a maioria dos homossexuais, vive sossegadamente a sua vida e não dá espectáculo. ou dá menos que os heteros, que não têm problema nenhum em expor o que é da esfera privada em público.
como sugere o Carlos Serra aqui, deixo-nos o link de uma associação que surgiu recentemente em Portugal e que consegue apaziguar muitos dos medos e receios das pessoas em relação aos homossexuais:
http://www.amblosbo.wordpress.com
a AMPLOS é uma associação de mães e pais pela liberdade de orientação sexual. de pais que não admitem que os seus filhos sofram o preconceito dos outros. têm grandes lições para todos nós.
Avança e não recua, cantou um músico popular de Moçambique. Só espero que nos próximos tempos tenha a mesma convicção, a mesma determinação, os mesmos pontos de vista, quando o que pretendem implementar estiver a dar em erro no meio da sociedade.
Mas, fica um conselho, tê cuidado de levar estas práticas na minha terra, onde nem a FIR há para vos socorrer. O povo de Tete não vai gostar nada disso. O único gay que conheço, assumido e tudo, vive há mais de 30 anos "afastado" da comunidade. Quem avisa, amigo é.
Zicomo
ameaças, amigo Viriato?
a coisa dos direitos humanos está feia em Moçambique...
o que vale é que nem só de Viriatos vive um país.
De maneira nenhuma. Eu sou, parafraseando Arrone Fijamo, um pigmeu. Arrepia-me esta vossa pretensão de querer estrangular o tecido social, cujo valores, repito, jazem na cripta dos heróis moçambicanos. Ou não entendeu, vai precisar de uma lupa igual a que uso para decifrar os códices em paleografia?
Zicomo
eheheh...
venha de lá a lupa. pode ser que me adoce a visão ;)
além disso estou para aqui a dispensar pontos de vista sem ter em conta que deve haver pelo menos uma ou duas gerações entre mim e os senhores.
e que cada geração tem de fazer o seu tranquilo aprendizado para uma sociedade que a todos sirva.
:)
Promover a homossexualidade acha que está a ajudar alguma coisa, ou, perdão, a fazer algo de jeito? Pois eu acho que está a promover uma sociedade sem princípios, sem perspectivas, sem valores, sem leme.
Tangas, eu sei que o dinheiro das ONGs é dócil, mas por favor não deixe que esta doçura estraga um país construido pedra sobre perdas, com calo e suor. Aproveite este dinheiro para dar uma passeata na Ilha de Moçambique, no Songo, salve vidas, construa o progresso, deixe, deixe, deixe, de querer ser heroína duma causa perdida, onde só tem cotação na grande Maputo.
Eu vou terminar por aqui, ainda na descoberta da cura (antídoto) para curar os doentes que padecem da homossexualidade. Para mim - perdoe-me a Tangas - é uma doença terrível. SOCORRO.
Zicomo
Sr. Viriato, está mesmo a precisar de um Divã. Já lhe foi explicado, até pelo professor que a Homossexualidade não é uma doença.
Volto a dizer a Homofobia, sim, é uma patologia. Já agora conhece muito mal a sua terra, depois de Maputo e Beira deve ser a terceira maior comunidade gay em Moçambique.
Viriato,
não uso dinheiro de ONGs em passeatas.
aliás, não uso ONGs justamente porque os dinheiros acabam em grande parte em passeatas.
uso o meu dinheiro, bem trabalhado e esfolado, para apoiar causas que considero justas.
a mim niguém me dá nada. pelo contrário, partilho o que tenho, seja muito ou pouco. acho que não precisamos de mais para viver decentemente.
e aproveitando a deixa do Igor, acho que conhece mal não apenas a realidade da sua terra, como a dos seres humanos.
mas como é um rapaz valente, acredito que há-de aprender. à sua custa, mas aprende.
quanto à doença, é evidente que de tanto falar nela acredito que receie alguma espécie de contágio.
veja lá se se vacina preventivamente...
Tangas
Repare que coloquei "branca", entre aspas "...".
Tudo na boa.
está mesmo entre aspas, acredite :)
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