O Prof. José de Souza Martins é o maior especialista brasileiro de linchamentos e com ele tenho trabalhado um pouco. Extracto de um texto seu divulgado hoje num jornal brasileiro online: "A filha de 20 anos de um metalúrgico operário de montadora do ABC, estudante do curso noturno de turismo da Uniban, de São Bernardo do Campo, e durante o dia empregada de um mercadinho em frente a sua casa, em Diadema, foi moralmente linchada por seus colegas, quase todos trabalhadores como ela. O motivo foi o traje rosa e um pouco curto da moça, que a destacava de suas colegas quando saiu da sala de aula para ir ao banheiro feminino".
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
Muito estranha essa atitude e vindo do País onde mais se mostra o corpo das mulheres!
O ser humano é muito complicado!
Não tenho como explicar esta atitude.
Puritanismo barato? Inveja? Loucura?
Mistério?
Quando as instituição não cumprem com os regulamentos na medida exacta para todos, a anarquia instala-se. Senão vejamos:
1. A "menina" foi naquela NOITE de salto alto,vestido mini-saia vermelho minúsculo (parecia um fato de banho dos anos 20). Ela é alta e tem um corpo jovem, bem vistoso, e ondulante, como as imagens que circulam pela televisão o comprovam. Segundo a vítima: "ia para a balada logo a seguir às aulas(...)". Imaginem agora o que é ir para a escola, já preparada para a festa que virá à seguir...
2. O que é que fez a portaria? Nada, deixou-a passar. O que é que fez a Reitoria? Nada, deixou-a assistir à aulas. Dizem que já a tinham advertido, mas onde está a prova escrita disso?
3.Terá sido o tutor da estudante notificado do seu comportamento antes? Não. Terão sido os pais informados disso? Não. E porquê? Porque o espectáculo agradava a todos, à vítima (exibicionista nata) e aos outros, incluindo a Reitoria.
4.A anarquia que se instalou naquela noite é a consequência directa de naquele dia, a fasquia ter-se elevado para lá do razoável. E o resto foi o que se viu.
5.Sobre a expulsão da mesma, creio ser uma medida justa, caso o regulamento da Faculdade assim o referir. Mas, se a mesma tiver resultado de "rumores", então é uma discriminação injustificável pelo que deveria ser anulada.
Fico boquiaberta que isto se tivesse passado no Brazil...
Maria Helena
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