07 novembro 2009

Falácias da explicação

Todos nós conhecemos falácias da explicação ou da argumentação do género:
-O João gosta de rebuçados porque é guloso
-O Alberto escreve sobre o Partido da Reconciliação Universal porque é desse partido
-O tempo está quente porque está calor
-Aqueles que votaram no Partido das Grandes Obras é porque reconhecem essas obras
-Os homens batem nas mulheres porque são mais fortes
-Os eleitores não votaram porque sabem que a situação não mudará
-Deus existe porque ninguém pode provar o contrário
Enfim, é possível multiplicar os exemplos e as variações dessas falácias, coisas que analisei um pouco no meu livro "Combates pela mentalidade sociológica". Permitam-me, entretanto, sugerir-vos a leitura de três pequenos textos disponíveis na internet com os títulos "
Falácias da explicação", "Falácias na argumentação" e "Argumentação - Falácias e Formas Abusivas de Inconsistência".

4 comentários:

ricardo disse...

Caro Professor,

Vivemos numa sociedade neurótica e com problemas de carácter, escondidos na umbrella de Freud.

Neuróticos:

1-Meu marido é bêbado, porque sou má esposa;
2-Meu filho rouba porque falhei como pai;
3-Não chove há seis meses, porque ninguém reza.

Carácter:

1-Meu filho chumba por causa do professor;
2-Não sou promovido porque o meu chefe não gosta de mim;
3-Sou bêbado porque meu pai bebia.

Miscelânea:

Fumadores processam tabaqueiras responsabilizando-as por anos de vício (!).

E, funcionário municipal de São Francisco que assassinou prefeito e outro colega, alegou insanidade mental no Tribunal por antes ter comido doces em excesso (episódio verídico narrado num filme sobre o movimento Gay daquela urbe).

Sigmund Freud teve contributos importantes na Psiquiatria. Contudo, o lado oculto da ciência também serve hoje para justificar aberrações. E assim vai o mundo.

E se me permitir agora (um poema de Victor Frankl)...

O Determinismo Revisitado

Fui ao meu psiquiatra - para ser psicanalizado

Esperando que ele me pudesse dizer porque esmurrei ambos os olhos do meu amor

Ele me fez deitar no sofá para ver o que poderia descobrir

E eis o que pescou do meu subconsciente:

Quando eu tinha um ano de idade, a minha mãe escondeu a minha bonequinha no armário

E por isso, é natural que eu esteja sempre bêbado

Um dia, quando eu tinha dois anos de idade, vi meu pai a beijar a empregada

E por isso agora sofro de cleptomania

Quando eu tinha três anos sentia amor e ódio pelos meus irmãos

E é exactamente por isso, que agora espanco todas as minhas amantes!

Agora estou muito feliz por ter aprendido essas lições que me foram ensinadas

De tudo o que faço mal é por culpa de alguém!

Até me apetece gritar: viva Sigmund Freud!

Anónimo disse...

Deviam ensinar essas coisas nas escolas, nas universidades. Quem sabe, hoje estariamos com um outro nivel debate e, talvez, o mocambicano seria hoje mais exigente para com as suas instituicoes.
Torres

My Ubuntu World disse...

Relacionada com esse assunto, existe uma obra de Arthur Schopenhauer: "Como Vencer Um Debate Sem Precisar Ter Razao" (
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?sid=095057119111112675389952660&nitem=87849)
Recomenda-se

Carlos Serra disse...

Obrigado, a obra que sugere já foi várias vezes referida neste diário.