O meu colega e escritor Calane da Silva criticou os manuais da 1.ª e 2.ª classes. Saiba por quê aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
46 comentários:
Apoiado.
'E ai no ensino primario basico, onde as coisas tem que mudar primeiro.
A qualidade do ensino do primario basico 'e que vai determinar a nacao que queremos para nos.
Nao queremos racistas... Nao somos racistas.
Apoiado.
Mocambique Para Todos.
Apoiado prof. Calane.
Em nome do equilibrio social e politico de Mocambique, ha espaco para todos. Temos de ser inclusivos.
Se estivessemos na Europa, e os africanos ou os budistas fossem uma minoria, a minha posicao seria a mesma.
Porque as sociedades que resultam da mistura harmoniosa de racas e costumes sao as mais poderosas do planeta.
Nem o Colono da primavera Marcelista revelou tamanha distracao.
Lamento, pois, o comentario racista do individuo que diz "estamos fartos da branquizacao de Mocambique(...)".
Nao sou da linha politica do prof. Calane, mas estou solidario com ele.
Porque estou e farto da "estupidificao organizada" de Mocambique por "empoderados" de classe media-alta, pseudo-nacionalistas, na linha geracional verao amarelo apimentada de IshYowee Tudo Bom, cuja unica enciclopedia que leem regularmente e o teclado do seu BlackBerry.
Que compram Louis Vuitton para suas damas irem ao bazar, borrifam-se de Pierre Cardin e Chanel para ir a praia tomar banho, poem oculos escuros nas casas nocturnas para nao encararem o POVAO e comem Foie Gras enquanto teclam escoria racista contra os intelectuais deste pais.
Aterro sanitario em Mocambique precisa-se!
Falei
Calane da Silva levantou uma questão importante para uma sociedade multi-"racial", que luta pela igualdade. Valeu a pena que ele observou o problema nos manuais de ensino e isso não devia parar nos da 1.ª e 2.ª classes.
Por outro lado, o que Calane da Silva fez e faz é o que os diferentes grupos sociais deviam fazer. Por exemplo, as mulheres têm que observar os manuais e os programas de ensino se promovem igualdade entre homem e mulher.
É paradoxal, mas o comentário do xikhosa veio fortalecer a crítica do Calane da Silva.
Precisamos de construir uma sociedade onde ninguém se faz lembrar da sua cor, do seu sexo, da sua idade, etc, a cada passo que marcar.
Já escrevi muito sobre o MEC. Não são as políticas que mudam a podridão da qualidade do ensino superior em Moçambique, mas se o Sistema todo. O pessoal do MEC é praticamente o mesmo, desde a independência nacional, muitos deles com visão do Sr. Hama Thai. O que muda, para o inglês ver, são os ministros, dai que o MEC encontre sempre pessoas acomodadas no tempo. Nem que introduza o pré-primário (eu passei por isso) não terá resultados desejados, uma vez que com as passagens automáticas ficará tudo na mesma.
Quanto as declarações de Calane, seria infeliz se eu dissesse o contrário. Concordo que Moçambique é um país multi-racial, o ser moçambicano não significa ser de raça negra (...). Deve haver espaço para os moçambicanos de outras raças. Os que lutaram para a independência nacional não são só pessoas de raça negra.
Gostava que o Calane da Silva também defendesse a integração de pessoas de raças branca (moçambicanos) nas fileiras da polícia, no serviço militar obrigatório, etc. Lá só se vê pessoas de raça negra. Não se trata de descriminação, mas é uma questão que a mim me inquietou desde muito.
Neste capítulo da educação, fico com saudades do tempo de Machel. Os país tinham um papel decisivo na educação dos filhos. O meu divertimento, lembro-me, era aprender a tabuada, aprender a ler e a escrever. Com 9 anos eu e a rapaziada do meu bairro, em Tete, já sabiamos minimamente ler o Jornal Notícias. Eram tempos em que o professor desempenhava o papel de pai. Actualmente só meia duzia deles fazem isso. É tudo turbo. A moral está em perigo no nosso país.
Um abraço
Caro V. Dias,
Ainda bem que toca no assunto da policia e do exercito.
Porque ainda me lembro de muitos mesticos e indianos terem sido barrados de entrar na PRM (receios infundados)nos anos 80 por nao serem negros!
Um paradoxo bem mocambicano nao e?
Tanto que o WENG SAN e um dos poucos elementos nao negros que singrou na corporacao.
Ja no exercito, muitos ate serviram de carne para canhao, como o falecido Armando Garrincha, que se alistou voluntariamente nas FPLM em 1989 e foi mandado para a zona mais quente para "morrer depressa", porque estava a "destoar na caserna". Felizmente escapou.
Mas conheco muitos mesticos que foram especializar-se na Russia, como o Khassambay, ex-basquetebolista da seleccao de Juniores de 1982, ou o Pedro Baltazar, que hoje e chefe operacional da Alfa Seguranca. Sera que esses nao contam?
Outros, como o eng. Marcos Joao Freire da Agronomia (um branco), tambem fizeram o SMO, corria ainda o ano 1976, aquando da debandada geral.
Mas admito que, comparado com Angola, o numero de nao negros no exercito e policia e percentualmente inferior. E justifica-se agora o reequilibrio da balanca.
So que ai, ha outros factores que tambem contam:
1- Percentagem de nao negros em relacao ao total populacional (Angola , nao negros +- 12% da populacao. RSA perto de 25% da populacao). Em Mocambique, nem devem ser 5% da populacao. Tudo isto se reflecte no aparato militar e policial. No Zimbabwe do pos-independencia, verificou-se um caso exemplar de integracao proporcional. Mas nao sei se isso ainda se verifica agora, independente do racio inter-racial;
2- Profissionalizacao do exercito e da policia. Tanto em Angola, como na RSA, o ingresso na carreira das forcas de defesa e seguranca abre muitas portas, nomeadamente a formacao tecnico-profissional, muito importante apos a desmobilizacao; garante uma reforma tranquila e seguranca social para o seus descendentes directos;
3-As particularidades sociologicas dos grupos raciais em Mocambique (muito diferentes de Angola e RSA), que desde o periodo colonial tem sido encorajados a se separarem, do que a miscigenarem-se. Onde o caso da comunidade Hindu e o mais paradigmatico. Pese embora, muitos negros tambem se auto-excluam disso.
E natural que se em Mocambique o Governo tiver a mesma orientacao programatica para o exercito e a policia, muitos mais nao negros, mas tambem negros da classe media-alta (esqueceu-se deles?) se alistarao.
Porque afinal, desde Roma, o exercito e um sorvedouro das classes desfavorecidas. Os orgaos de repressao, como diria Pier Paolo Pasolini, sao via de regra, uma franja das classes desfavorecidas que age contra uma outra franja de desfavorecidos, sob comando dos favorecidos.
Ironico, nao e?!
Pois é Ricardo. Abono em quase tudo que dizes. Até quando fazes uma análise boa do Zimbabwe. Apenas uma palavra, esses tempos que o Ricardo fala do envio de moçambicanos de raça branca / indiana à guerra já passaram, agora que a guerra acabou ninguém da raça branca quer ir á tropa. Porquê? O Sr. Anselmo do Centro de Recrutamento nunca me consegui responder esta questão.
Sabe porque? Porque eles gozam de privilegios. Já assisti a justiçam a ir buscar jovens para a tropa nas ecolas de Magoanine e não sei quantas delas em Tete, mas nunca foi ao ISPU, SCTEM, UEM, UP buscar a nomeclatura' Sabe porquê? Porque há descrepância. Bem, não quero que me chamem de racista. Apenas estou a questionar. Olha que gostei da entrevista do professor Serra (vi ontem publicada na Biblioteca do Espiríto Santo - Évora)sobre esta questão racial. Não sei quem publicou mas estava lá colado na vitrina.
Um abraço
Meu caro,
Nao acho racista. E legitimo questionar.
Mas como avancei "Porque afinal, desde a Roma Antiga, o exercito e um sorvedouro das classes desfavorecidas. Os orgaos de repressao, como diria Pier Paolo Pasolini, sao via de regra, uma franja das classes desfavorecidas que age contra uma outra franja de desfavorecidos, sob comando dos favorecidos"
Esta e uma verdade universal. Para exemplificar, em paises como a Gra-Bretanha, Franca, Russia e principalmente os EUA, sao sempre os desfavorecidos que engrossam o exercito, a policia e outros aparelhos securitarios. E o caso dos Marines (essencialmente constituido por negros e latinos). A legiao estrangeira de Franca, que como o nome diz, e constituida por estrangeiros, mas comandada por franceses. Os Ghurkas na Gra-Bretanha, idem. Os cossacos do Don e Tatars da Russia, idem comandados essencialmente por russos, etc.
Veja que na II Guerra Mundial,no exercito Britanico, a carne para canhao vinha da Irlanda, Escocia e do norte de Inglaterra. Para alem claro, das suas colonias. Mas o corpo de oficiais era na sua maioria Inglesa e Galesa.
So que hoje em dia, sao os afro-descendentes, os latinos e os asiaticos, as franjas mais desfavorecidas da sua populacao.
Mas o paradigma mantem-se.
Por isso, e inevitavel que isso se mantenha em Mocambique, a menos, como sugeri, haja uma orientacao programatica no sentido da inversao do cenario actual. Tambem adiantei como.
Desculpem... estou me a sentir um pouco perdido...
Estamos a discutir Educacao ou Guerra ?
'e critica aos manuais de 1 e 2 classe...
e ja estamos a movimentar exercitos...
as criancas nao precisam de armas...nem carne pra canhao... as criancas precisao de crescer...
Os manuais nao vao ter armas... entao questao do exercito... podera eventualmente ser discutida num outro post, se Professor achar...
Por Favor, Trata-se de Educacao... Agora,
Havemos de chegar ao exercito.
Pois é Ricardo,
A Legião estrangeira, em tempos, na Embaixada da França em Maputo lançou uma campanha para aderir a este exercito, dizia-se que era para ir estudar na França, mas na verdade, soube-se mais tarde, que afinal era para fazer frente aos rebeldes no Ruanda e Ugada. Não sei como é que terminou, certo, porém, é que retirei da minha alma o desejo de me inscrever.
Penso que estes factores devem ser debatidos numa plateia do social mais. Vamos lá ver se Calane da Silva será ouvido, ou melhor, se estas quesões terão alguma substância nos nosso dirigentes.
Abraços
Carissimo A. Karim,
O comentario de V.Dias e tambem uma preocupacao transversal, na qual se assenta o essencial da tese peregrina que os Xikhosas da vida andam por ai a propalar contra o prof. Calane da Silva.
Nao e o caso do V.Dias, como alias bem percebeu.
O exercito tambem e uma escola. No sentido lato, mas tambem da vida. E um dos pilares da Nacao.
E um militar nao esclarecido, transforma-se num potencial criminoso.
Ha militares a ler este Blog. Possivelmente, ate a participar neste debate.
Sao jovens, os que irao incorporar o exercito nos proximos tempos. Os mesmos que irao a aprender a ler e a escrever com os manuais que providencialmente Calane hoje critica.
Porque assim se criam as sementes de destruicao de um Pais. De geracao em geracao, ate se perpetuar na ignorancia e na falacia. E no final, so a Guerra, quando as palavras nao servirem para mais nada.
Temos muitos exemplos, hoje. Quantos mais aparecerao, amanha?
E o esclarecimento impunha-se.
Sobre este assunto dos manuais, creio que fui claro.
Para bom entendedor, meia palavra basta. Para mau entendendor, nem todas as palavras bastam...
Com verdadeira simpatia.
Percebi Ricardo,
Apenas acho que os Jovens que os preocupam a ambos ( Ricardo e Viriato) nao devem ser concerteza estas criancas que no proximo ano vao comecar a aprender o nosso amanha...
...E so vao chegar ao exercito de Hoje a 18 anos.
... Entao temos 17 anos pra discutir o exercito das criancas de Hoje.
Com Estima.
Desculpe... nao sao 17 anos que temos ... mas, concerteza pra ai uns 12 anos de certeza...
Mas e entao ?
A critica 'e valida ou nao ?
os Manuais de 1 e 2 classe devem ou nao ter a verdadeira identidade do mocambicano ?
Os mocambicanos sao so negros ? e cristaos ?
Existe ou nao a Origem Bantu e a influencia do Islao no Norte de Mocambique principalmente ?
O professor deve ou nao ser melhor preparado para ensinar isso as nossas criancas ?
Respeito o V. ponto de vista.
Se calhar ai reside a diferenca entre a FRELIMO e a sua oposicao.
Pois enquanto ela antecipa os cenarios. A oposicao espera por eles.
Tenho dito.
Caros
Não porque quero falar de exército, mas uma coisa perguntaria ao meu amigo Viriato se os homens do Centro de Recrutamento buscam jovens para a tropa nas escolas de Magoanine e tantas delas em Tete, seriam capazes de fazer o mesmo no ISPU, SCTEM, UEM, UP?
Meu caro amigo, a resposta é óbvia: NÃO. Essa forma de recrutamento é ilegal, mas paradoxalmente sustentada por gente que devia lutar por legaldade. Porém, essa gente sabe de quão complicaria a vida dela se fizesse o mesmo no ISPU, SCTEM, UEM, UP.
Entendi o que querias dizer, e, penso que o Ricardo respondeu-te. E, eu digo que infelizmente os homens dos centros de recrutamento eram ou são muito selectivos para além de serem predadores. As metas para o exército atingiam/atingem com os economicamente vulneráveis. Para os folgados ou aparentemente folgados eram (são) recrutados apenas desembolsar algumas somas. E se esse quisesse mesmo cumprir o SMO? O que disse o Ricardo é verdade, havia ou mesmo há (informal) alguma norma para evitar que os com pele mais clara não possam engrossar o exército e PRM. E porquê? Meu amigo, muitas vezes não temos atencão em algumas coisas que aparentemente não parecem importantes, mas na verdade são muitíssimo importantes. No exército e PRM reside um poder político - o militar e quiçá político... Tenho problemas com jovens que se lamentam comigo sobre o serem chamados para o exército. Porque aconselho-lhes a irem cumprir.
Em suma, eu defendo que no exército e na Polícia da República de Mocambique, nos bancos e noutras instituicões de relevo se observe a composicão étnica, cultural, religiosa do nosso grande Mocambique. Sou contra a construção de castas sociais.
No pais onde estou a estudar existem 4 condicoes para um livro escolar ser aceite pelo ministerio de educacao.
1. Numero igual de ilustracoes de pessoas do sexo masculino e do sexo feminino.
2. Numero igual de ilustracoes de individuos do sexo masculino e feminino fisicamente e cognitivamente activos.
3. Numero igual de referencias de nomes masculinos e femininos nas historias e problemas
4. Divesidade de nomes, cor das pessoas, contrucoes habitacionais, instrumentos de trabalho, vestes, pratos, etc, para reflectir a diversidade cultural da populacao a que se destina o livro.
Eh verdade que escrever um livro que contem todos estes elementos sai muito caro para as editoras, por isso muitas editores acabando levando um livro de Portugal com ilustracoes so de brancos e usando das facilidades do computador pintam os brancos a cor preta. O senhor escritor ja viu o livro de matematica da 6a classe escrito por Porto Editora? Sao todos brancos mas pintados de cor preta. Senao olhe para o cabelo, narizes e forma de usar. Que comentario faz sobre aquelas imagens? O livro eh de 2004.
Puxa...
Entao com esses brancos pintados a pretos... a crianca pode ficar com problema de percepcao da sua propria fisionomia...
... e dai desenvolver um complexo de inferioridade... pois ela nao 'e igual 'as ilustracoes ... porque tem o nariz diferente...
mas, tambem nao podia-se esperar muito... com o ministro da educacao que temos...
vamos la ver, se ele ganha algum juizo... com essa critica... e se manda rectificar os livros ou nao.
sabe-se que ele ama numeros de sucesso... ja critica nao sei.
"Com 9 anos eu e a rapaziada do meu bairro, em Tete, já sabiamos minimamente ler o Jornal Notícias"
Viriato Dias, 21/11 @ 2:42 PM
How is it today ? Do the young children read daily the newspaper ?
Caro Hayden
Não há dúvidas que resistências não faltam onde quer que seja, mas é nosso dever exigir que um manuel de ensino deva reflectir a nação. Portanto, tens que disseminar a experiência desse país. Ou seja, temos que disseminar o positivo que aprendemos doutro lado, mesmos que os detractores, os nacionalistas bacocos, como um nosso compatriotas uma vez escreveu, nos ataquem impiedosamente.
Na Suécia, uma das tarefas de um professor-estragiário para todos os níveis de ensino é verificar se os livros em uso numa escola (na maioria das disciplinas há muita escolha) reflectem uma nação multi-étnica, multi-cultural, uma nação com princípios democráticos, uma nação inclusiva, uma nação que tem em conta o meio ambiente. E, ele/a tem que apresentar um PM sobre o tema.
Em Moçambique canta-se muito sobre unidade nacional e ela devia-se observar nos manuais.
Nota: quanto à crítica de Calane da Silva, muitos se concentrarão na cor de pele, mas ele falou mais do que isso, precisamente como os exemplos que o Hayden dá. Calane falou de textos com apenas nomes cristãos, se é que existem (Jacobe para Yaqub, não sei bem se não é do português para árabe), mas na verdade, não há aí Ossufo, Wehia, para falar de nomes que identificamos como moçambicanos a partir da Assembleia da República.
E a natureza do regime não conta?!
Em suma, tenho que me congratular com o Ricardo. Na minha ausência soube responder por mim e da forma certa.
Em relação ao amigo Reflectindo, percebo e compreendo a sua maneira de entender as coisas. Vive num país em que homens e mulheres tiveram que morrer para se chegar a este estágio actual das coisas. Moçambique como país é, provavelmente, mais novo que o amigo, daí que não pode haver nenhuma comparação. Para chegarmos ao estágio da Suiça, como o amigo advoga no seu comentário, temos que esperar uns bons anos. Não deve ter se esquecido certamente quando um fulano de raça branca tentou concorrer para as eleíções de qualquer coisa e foi imediatamente "vaiado" pelo "povo" de Inhambane.
Quanto ao Karim, apenas quis abrir um (parentises) em relação a questão levantada pelo Calane da Silva. Concordo com ele, como bem disse ontem, mas surgem outras questões de fundo. Há quem coloca a questão de outra maneira, porquê é que, por exempolo, os indivíduos de raça branca não estão nos cimitérios como coveiros, como continos, ou a cumprir o SMO, etc, etc, etc? Já por acaso questionou este facto? Na hora to tacho todos querem ser moçambicanos mas na de obrigações NÃO. Porquê? Os monhês já os viu na SMO? WENG SAN que bem conheço de Nampula e não só, nos tempos em que ele foi o comandante da FIR, é uma excepção. A questão de "apartheid racial", por mais que se diga que não existe no país, é um facto. Os meus cunhados quando se deslocam à Tete de férias, digo-lhe que são vítimas do racismo. É verdade que a situação tende a diminuir. Mas é a realidade.
Quanto ao Sharubu, eu não sei se as criaças de hoje lêem jornais. Acredito que sim. Estive num projecto em Nampula que tinha como missão (ainda existe este projecto) formar os funcionários públicos, incluindo professores bem como a comunidade em geral em matéria das TICs. Enfim, é todo um mal que se construiu a volta do sistema nacional de educação. A culpa é de todos: pais, encarregados de educação, MEC, etc.
Um abraço
Viriato,
Nao sei quais sao as outras questoes de fundo a que se refere... e nem estou interessado em saber...
A questao aqui 'e simples... corrigimos e rectificamos os livros de 1 e 2 classe ou nao ?
O problema dos monhes... resolva com o sr bashir... ele 'e que 'e o dono dos monhes... aproveite, nao se tem chance todos os dias de falar com o dono dos monhes... nao 'e mesmo ? lembre-se ele 'e amigo pessoal dos ultimos 2 presidentes de mocambique e 'e membro da frelimo... paga bilhoes para charutos e canetas...
Continuo a achar que aqui deveriamos focalizar o ensino basico primario... e a critica... mas parece que o Viriato esta mais interessado em monhes do nas suas proprias criancas... ou nao ?
Corrigimos e rectificamos os livros de 1 e 2 classe ou nao ?
Caro Viriato
"Os meus cunhados quando se deslocam à Tete de férias, digo-lhe que são vítimas do racismo."
Não entendi bem. Os teus cunhados têm que cor de pele? Quem o discrimina?
"Moçambique como país é, provavelmente, mais novo que o amigo, daí que não pode haver nenhuma comparação."
Não há dúvidas que para o que estamos a discutir, Mocambique é muito novo. E, somos nós que o devemos contruir. Sabes, meu amigo? Em 2005, o Hayden, este nosso interlocutor, disse num debate que tivemos num fórum que para um Voto Esclarecido como o Ricardo chamou numa outra postagem, ou um voto lúcido ou seja ainda um voto responsável, precisavamos de criar no currículo escolar a disciplina que se dedica exclusivamente à democracia. Isto para além de erradicação do analfabetismo. Nisto reflicto muito, pois o défice das regras democráticas, de transparência, justiça e liberdade é maior do que imaginamos. Parece-me que muitas vezes pensamos que se tratam de valores que se adquirem e fortalecem durante o período imediatamente às eleições, naquele período que se lançam brigadas de educação cívica para o eleitorado. Mas precisamos de ser sistemáticos, criando uma cultura democrática na nossa sociedade. Vejamos que o que acontece algumas vezes é exigirmos que outros não façam batotas, mas nós as praticamos; que os outros não façam fraudes, mas dentro dos nossos partidos, associações somos grandes fraudulentos, e, isto para não falarmos do que fazemos em nossas casas como Domingos Simbine nos fez recordar um dia com seu artigoDirigentes que nós merecemos.
Quanto à questão de coveiros “brancos”, SMO, trabalhadores nos bancos, pode-se debater, mas eu preciso de respostas das perguntas que anteriormente fiz. Mas é algo para pôr em causa a crítica de Calane da Silva?
Caro Reflectindo,
Vejo que não está a dormir e ainda bem. Vai ser a última vez que depósito o meu comentário neste diário em relação a esta pastagem especifica. Quando não consigo explicar em 15 minutos (fazia isso em relação aos meus alunos), ou em “três linhas”, então, devo me retirar do combate. Assim farei.
Calane da Silva levantou uma questão sobre os manuais escolares que, no seu entender, não consensuais uma vez que retrata na sua maioria a imagem de indivíduos de raça negra como se, na verdade, moçambicanos fossem apenas pessoas de raça negros. Ora, se esteve atento as minhas intervenções, poderá concluir que em todas eu subscrevo as ideias de Calane da Silva como sendo justa e legitima. Não pode o MEC, em pleno século das luzes, permitir que estas situações aconteçam. Estamos perante um caso de descriminação racial que eu condeno severamente.
Porém, levantei uma questão que se associa ao tema, por exemplo, já que Da Silva advoga e bem a introdução de indivíduos de raça negra nos manuais de ensino, porquê não, já agora, à convocação desses indivíduos de raça branca para às fileiras da FDM, da PRM, do Corpo de Salvação da Paz (Bombeiros), etc., etc., etc. Que saiba esses indivíduos não são visíveis lá, salvo esporadíssimas excepções. Será que não são moçambicanos. Em Angola este assunto já esteve em debate mas nunca chegou ao fim. Jamais chegará, porque as elites em Moçambique (que ninguém tenha dúvida disso, desde o tempo de Samora Machel, o seu staff fala por si) é feita de indivíduos de raça mestiça, branca, “negros assimilados” estes tendem, em alguma minoria, a ganhar terreno nestes último 10 a 15 anos.
Por último, os meus cunhados – como deve ter se apercebido – são cidadãos de raça branca, viveram anos e anos em Moçambique, ajudaram e ainda ajudam, duma ou de outra maneira, o país a andar para a frente, foram em mais de 1 vezes vítima de racismo em minha própria terra e não só, no país todo durante e após a guerra civil. São factos, só não digo mais por questões de competência, pois não cabe a mim e em público fazer este tipo de revelações. Mesmo entre as pessoas de raça negra há racismo. Quem os descrimina, claro, são os racistas. Estes estão em todo o lado, que o diga o Obama nos EUA e em Portugal, são, digo, somos apelidados de pessoas de cor, embora, graças a Deus, ainda não aconteceu comigo pessoalmente.
Zicomo Kwambiri.
Vai ser a última vez que depósito o meu comentário neste diário em relação a esta pastagem especifica. Quando não consigo explicar em 15 minutos (fazia isso em relação aos meus alunos), ou em “três linhas”, então, devo me retirar do combate. Assim farei.
Calane da Silva levantou uma questão sobre os manuais escolares que, no seu entender, não consensuais uma vez que retrata na sua maioria a imagem de indivíduos de raça negra como se, na verdade, moçambicanos fossem apenas pessoas de raça negros. Ora, se esteve atento as minhas intervenções, poderá concluir que em todas eu subscrevo as ideias de Calane da Silva como sendo justa e legitima. Não pode o MEC, em pleno século das luzes, permitir que estas situações aconteçam. Estamos perante um caso de descriminação racial que eu condeno severamente.
Porém, levantei uma questão que se associa ao tema, por exemplo, já que Da Silva advoga e bem a introdução de indivíduos de raça negra nos manuais de ensino, porquê não, já agora, à convocação desses indivíduos de raça branca para às fileiras da FDM, da PRM, do Corpo de Salvação da Paz (Bombeiros), etc., etc., etc. Que saiba esses indivíduos não são visíveis lá, salvo esporadíssimas excepções. Será que não são moçambicanos. Em Angola este assunto já esteve em debate mas nunca chegou ao fim. Jamais chegará, porque as elites em Moçambique (que ninguém tenha dúvida disso, desde o tempo de Samora Machel, o seu staff fala por si) é feita de indivíduos de raça mestiça, branca, “negros assimilados” estes tendem, em alguma minoria, a ganhar terreno nestes último 10 a 15 anos.
Por último, os meus cunhados – como deve ter se apercebido – são cidadãos de raça branca, viveram anos e anos em Moçambique, ajudaram e ainda ajudam, duma ou de outra maneira, o país a andar para a frente, foram em mais de 1 vezes vítima de racismo em minha própria terra e não só, no país todo durante e após a guerra civil. São factos, só não digo mais por questões de competência, pois não cabe a mim e em público fazer este tipo de revelações. Mesmo entre as pessoas de raça negra há racismo. Quem os descrimina, claro, são os racistas. Estes estão em todo o lado, que o diga o Obama nos EUA e em Portugal, são, digo, somos apelidados de pessoas de cor, embora, graças a Deus, ainda não aconteceu comigo pessoalmente.
Zicomo Kwambiri.
Mas é evidente que aqueles manuais têm de ser corrigidos!
Agora, da intenção à execução vai uma grande distância.
Penso que a intervenção de Hayden foi bastante importante para se perceber o que deve ser feito em Moçambique.
Mas gostaria de lembrar que nesta coisa do Livro Escolar, há também os "famosos" concursos públicos para fornecimento de material escolar e outros entraves burocráticos que eternizam asneiras. Por isso, é natural que a correcção dos disparates que Calane critica leve o seu tempo, ou seja adiada sine die. Assim como já pude ver nas famosas Cartas de Condução da SADC, emitidas sem Número de Identificação Fiscal (Ainda me perguntam porquê!) para depois alguém dizer "quando se fizer o CARTÃO ÚNICO DO CIDADÃO esse problema será resolvido"!
Eu respeito a questão racial em Moçambique. Mas não vivo para ela.
Porque até duvido que todas famílias negras da zona costeira de Moçambique do norte até Inhambane sejam 100% Bantu. Em algum momento, houve misceginação com Árabes, Indonésios, Chineses, Europeus, etc. Igual apreciação tenho em relação ao muitos povos do vale do Zambeze. Até os Macondes em algum momento misturaram-se com os Bailundos (incrível não é?) de Angola. Por isso, ninguém é Originário nesta terra, cujas fronteiras, lembro, foram desenhadas por europeus na conferência de Berlim!
Se houvesse aqui alguma originalidade essa seria reivindicada pelos Khoisan. Mas esse povo foi extinguido pelos BANTU, sem apelo, nem agravo. Dinâmicas antropológicas...
Portanto, quem quiser esgrimir os seus argumentos SÓ na vertente racial segue o caminho errado.
Finalmente, esclareço que, o que mais me preocupa na notícia em questão, são duas coisas:
1. O baixo nível dos professores;
2. Passagens semi-automáticas(!).
Tudo "IDEIAS DE FORA". E aqui está o problema. Até para educação são os outros que nos dizem como e o que devemos aprender. E se formos a recuar até 1975, iremos verificar que o paradigma educacional já sofreu tantas mudanças que bem poderíamos falar num laboratório de experiências educacionais em Moçambique, para outros ensaiarem melhores soluções nos seus países.
Para cada "projecto de Capacity Building" que chega com um budget no MEC, não importa a ideia, tem as portas escancaradas. O que interessa é receber a mola do doador!
Ainda não fomos capazes de construir um MODELO nosso. Baseado na nossa agenda para os próximos 50 anos. Essa agenda existe, ainda alguém se lembra dela? É o mínimo que se exige de um país!
E além disso, com os maus recursos humanos formatados por esse sistema, a competividade de Moçambique no concerto das Nações, decresce a olhos vistos. Vira tudo uma bagunça.
Uma boa justificação para os empregadores mandarem vir então chineses, bósnios, russos, bengalis, malaios e quejandos para fazerem tudo o que os locais bem poderiam fazer, mas que não podem por causa do seu mau sistema educacional.
Porventura aí, os Xikhosas já ficariam felizes de ver chineses, bósnios, russos, bengalis, malaios e outros a limpar as nossas retretes públicas (como já aconteceu com os filipinos em Angola nos anos 80)? Talvez.
Felizes, mas esfomeados e desempregados.
Acho a opiniao do Heyden muito valida,
Ficamos provavelmente com o problema que o Ricardo discreve dos concursos publicos...
Mas vamos ver, o ministro tem que aprovar a Correccao e distribuicao atempada..
Se nao houver mais campanha... acho que o ministro pode tentar... vai ficar um pouco cansado... mas, hade aprovar.
Dinheiro...nao ha problema...o governo de mocambique... vai pagar o livro.
Caro Viriato
Muito obrigado pela resposta. Para mim sempre é bom que discutamos o tema sobre o racismo porque só dessa maneira se combate este mal. Em Mocambique é tabu discutir sobre racismo e tribalismo, mas nós temos que quebrá-lo.
Boa noite!
Ao Sr Ricardo,
Ao que me parece contesta as passagens semi automaticas (que na verdade deveriam ser lidas como passagens por ciclos de aprendizagem). Recomendaria que lesse o livro do Philippe Perrenoud:
Os Ciclos de Aprendizagem ' Um caminho para combater o fracasso escolar.
Pode procurar o livro através das livrarias on line do Brasil.
Creio que este livro explica melhor o conceito e os objectivos desta maneira de levar o conhecimento às crianças.
Um abraço,
MF
Mano Reflectindo!
Obrigado por me lembrar deste comentario e ate do projecto que tinhamos idealizado para propor uma disciplina ou manual escolar dedicado exclusivamente a democracia em 2005. Wow! Faz bom tempo isso mas parece que discutimos ontem. Que tal, retomamos? Primeio tinhamos que recrutar todos interessados, vindos de diferentes especialidades. Aqui onde estou tenho o curriculo das varias disciplians, poderiamos procurar temas transversais constantes no syllabus. Podiamos cultivar coisas ligadas a democracia,eleicoes, ambiente, justica social, igualdade de genero, etc. O Professor nao nos poedria ajudar em ideias? Temos que ser nos a comecar com estas coisas, governo nunca fara porque eh contra seu interesse. Alias, nao se esqueca que a massificacao do analfabetismo eh um dos trunfos fundamentais para a manutencao e perpetuacao destes senhores.
Sr. Anónimo,
Eu fico-me pelas cruéis evidências.
Em pleno Socialismo, com 10 anos de idade, eu estava na 5ª classe, já sabia ler e escrever, fazia todas as 4 operações básicas ( incluindo as provas dos Nove e Real, MMC e MDC) e já era introduzido na teoria dos conjuntos de Cantor. Já sabia muito de Botânica e organismos celulares. E comecei a minha escola primária após 1975, com livros portugueses e de outras proveniências (muito raros), e os poucos professores vietnamitas, russos, cubanos e moçambicanos disponíveis. Em turmas de 50 almas e com falta de carteiras para sentar. Calculadora, computador, internet? Nem vê-los. Só leitura e experimentação. Passava quem soubesse, doesse a quem doesse.
Hoje em dia, um miúdo da 7ª classe (14 anos de idade) da escola primária do Alto-Maé, na cidade de Maputo, não sabe sequer ler um texto de 2 linhas (vimos na STV), produto desses "brilhantes" sistemas educacionais que o MEC nos vai apresentando ciclicamente.
Visão redutora que "alterou" o ciclo secundário do SNE da 11ª para a 12ª classe e outras inovações. Com que balanço? Crianças de 7 anos de idade ainda na escolinha de infância, a brincar ao lobo mau e à branca de neve.
Tudo cientificamente justificado. Os mais ilustres pedagogos, pedo-psiquiatras, psicólogos estrangeiros foram convocados para minimizar a asneira. Como agora, aliás.
O Brasil, com mais de meio século de ideias brilhantes similares, ainda não venceu os 50% de população no limiar do analfabetismo (iletrados e funcionais).
Em contrapartida, o Japão, com métodos inspirados no Kumon (que também existe no Brasil, mas exclusivo da classe média-alta) conseguiu vencer o mesmo hiato em meio século. Hoje, podemos afirmar que o grau de analfabetismo em terras nipónicas aproxima-se dos 0%.
No Japão, país onde a esperança de vida média está acima dos 70 anos, uma criança de 6 anos é capaz de fazer cálculo integral e diferencial, falar uma língua estrangeira, com esforço igual às demais crianças da sua idade em outras paragens do mundo. E ainda praticar desporto, fazer teatro e participar activamente em acções ambientais, humanitárias, etc. Consciente e orgulhosa da sua pátria!
Nem preciso de dizer que Brasil e Japão, são países que à 60 anos estavam em patamares bem diferentes do estágio de desenvolvimento, com desvantagem clara para o Japão.
E não me consta que o Japão tenha agora o pior sistema de ensino do mundo.
O modelo de educacao do Japao, esta associado aos valores culturais do Japao... os Samurais... guiados pelos valores...
Em Mocambique ja nao existem valores... existiram em 1975 provavelmente... e aguentaram-se ate 1984 prai ai...hoje 2009, nao existem valores... esta-se a valorizar o irreal...
ai...acho que o primeiro passo, seja a introducao de Valores...
...se conseguirmos introduzir esses Valores na 1 e 2 classe... teremos conseguido avancar.
...as passagens automaticas tambem so sao "acionadas" apartir da 4 classe ou nao ?
eo modelo Sueco de admissao de Professores aprentado pelo Refletindo...pode ser adptado...acho.
os Nomes Wehia e Ossufo do Refletindo, tambem sao muito validos.
Ora, com esta obrigação de termos de cumprir as metas na educação, daquí a uns anos vamos ser engolidos por uma mais sofisticada fornma de neocolonialismo. Licenciados sem bases, impreparados para a dinamica do mundo e por consequencia é o estrangeiro que vai varrendo as ruas da sua cidade por falta de emprego que vai aquí cair. Ou seja, os gestores do nossso Estado têm muita dificuldade de olhar para MOçambique depois de Deus os levar.
Nos anos 80,Quelimane, em plena guerra, questionava-se o facto de só os moçambicanos negros é que eram chamados , porquê? Um antigo combatente levantou-se e disse.
1) Voces são chefes, quem tem filhos na tropa? (silencio)
2) Hoje queremos que os moçambicanos indianos, mulatos, brancos tenham filhos na tropa, mas amanhã vão dizer que não querem porque têm ideias burguesas e querem colonizar-nos de novo. (silencio)
Camaradas todos são obrigados a defender a pátria e para isso temos que saber aproveitar o melhor que cada um sabe com esse objectivio, Na luta de libertação nem todos os dirigentes da FRELIMO dispararam, mas lutaram a sua maneira.
Agora temos de defenir o que queremos, para depois assumir.
Voltando oa presente: num país onde o líder de um partido tem homens armados, segurança pessoal, faz incitamentos a violencia, portanto é crime e a PGeral da Republica nada diz como falar de tratamento igual?
Sim, porque são crimes e está acima da lei. Nenhum cidadão pode estar acima da lei.
Muito bem observado Karim,
Ora, é justamente por isso que Calane se insurgiu. Porque aquele enunciado dos novos manuais da 1ª e 2ª classes, não são os valores que este país precisa.
Passagens automáticas, Karim...
Contaram-me o caso de um país nórdico (Suécia?) onde ninguém chumba até à universidade se tiver dinheiro para pagar os seus estudos até lá.
Justificação dada:
1- O estado está a investir, logo precisa do retorno;
2- Se o material humano não for bom. Então substitui-se por outro, segundo o princípio Darwiniano.
3- O estado não pode gastar continuamente dinheiro em novas infra-estruturas para acompanhar o crescimento demográfico, porque há limites orçamentais e até em recursos humanos. É dever de cada cidadão tomar consciência disto, fazendo a sua parte, preocupando-se com a sua educação.
Consequências:
Por exemplo, Numa escala de graduações com classificação de 1 a 5, os licenciados desse país têm o seguinte destino:
1. Se tiver 5. Tem convites para grandes corporações locais (Volvo, Scania, Nokia, Ericsson, Husqvarna, etc.) e internacionais. Pode também singrar na esfera governamental e europeia;
2. Se tiver de 3 a 4. Tenta a sua sorte na Academia, ou mesmo em iniciativas por conta própria. Talvez consiga entrar na esfera governamental e europeia por via da academia ou política activa;
3. Se tiver 2, ou vira político extremista (esquerda ou direita, tanto faz), ou então funda uma ONG e vai até Bruxelas pedir dinheiro para ajudar os pobres do 3º mundo;
4. Finalmente, os quem têm 1, ficam desempregados, mas não morrem à fome, porque o fundo de desemprego é generoso. O valor do subsídio que recebem é duas vezes superior ao salário mínimo de um Português. Por isso, ei-los a passar temporadas inteiras no Algarve por exemplo. Quando o subsídio se acaba, podem ir alistar-se na ONG e candidatar-se para o terceiro mundo "se este necessitar de cooperantes". Muitas vezes até, nem precisa, são as próprias ONGs em articulação com os doadores que os impõem, porque estão inclusos no pacote da "ajuda ao desenvolvimento".
Se tivermos em linha de conta que poucos são os que atingem 4 e 5, então, imagine este cenário em Moçambique.
Sem indústrias de ponta, com academias estagnadas no fito apenas para o negócio. Função pública corroída pela corrupção e sem fundo de desemprego.
Que monstro é que iremos parir?
É um erro terrível.
'E melhor irmos devagar... vamos mudar 1 e 2 classe,
Introduzimos os Valores... os que Calane questiona,
E depois vemos as passagens automaticas...
Vamos la ver o ministro, ...se nao comecar com daqueles filmes sonolentos...
Prof. esse assunto é importante. pose trazer ainda mais para ser discutida...lá no topo...
Para compreender um pouco a realidade social e cultural japonesa, sugiro a leitura desta obra:
The Political Economy of Japan: Cultural and Social Dynamics By Shumpei Kumon, Henry Rosovsky, Kōzō Yamamura.
Uma versão electrónica pode ser lida aqui:
http://books.google.com/books?id=uAOrAAAAIAAJ&lpg=PA331&ots=Q4uoBer2kI&dq=kumon%20in%20japanese%20educational%20system&pg=PP1#v=onepage&q=kumon%20in%20japanese%20educational%20system&f=false
Ricardo,
A pessoa que o contou essa história exagerou. A ser assim como ela é contada, pelo menos mais que metade dos suecos teriam feito o bacharelamento.
1. Meu caro, na universidade chumba-se em grande. E o pior é que dos que entram na universidade não são muitos que chegam a graduar-se.
2. De facto, até à nona classe, a passagem é automática, ainda que este nível é obrigatório. Isto é, todas as criancas desta idade (mesmo os diminuidos físicos ou mentais) têm que ir à escola. A escola é gratuita, o transporte, almoco, o material escolar são gratuitos. Isto para garantir que todas as criancas vão à escola.
3. Embora problemas não faltem, a passagem automática é acompanhada pela reponsabilidade da escola, os professores, o município, o Estado e como não deixaria de ser, dos pais. Quer dizer, quando se notam alguns problemas de aprendizagem na crianca, faz-se um diagnóstico e uma vez apurado o resultado, tomam-se medidas de recuperacão. Muitas vezes, procura-se um professor especial para acompanhá-la nas aulas, ou fazer-lhe alguma explicacão. As criancas estrangeiras têm nos primeiros anos, pelos menos por algumas horas por semana, um professor falante da sua língua materna...
4. Mais de 90 % dos que concluem a nona, vão ao liceu. É também gratuito. Depois de 3 anos, todos saem. Mas infelizmente nem todos têm a competência de ir a uma faculdade. Depois deste nível (gymnasial) tem-se em conta que TODOS podem ir para a vida laboral. E porque os alunos são conscientes nisso pouco antes de terminarem a nona classe, procuram escolher uma linha que lhes garante trabalho depois de gymnasial. Muitos seguem cursos práticos tais como a mecânica, carpintaria, electricidade, construcão, etc. Paradoxalmente, estes têm a facilidade de conseguir trabalho nas famosas empresas como Volvo, Scania, Nokia, Ericsson. Portanto, não os que seguem os cursos teóricos. Para os que seguem cursos teóricos, têm que batalhar ainda nas universidades para serem engenheiros, médicos, professores, enfermeiros, sociólogos, juristas, psicólogos, etc.
5. O Ensino mesmo na universidade é gratuito. Porém, o estudante universitário compra os livros, alimentacão e paga a renda de casa, etc. Para custear tudo isto, o estudante tem direito a empréstimo numa agência governamental, a qual dá um pouco de subsídio.
Apenas quis ajudar, mas para dizer que se advogamos passagens automáticas, que assumamos responsabilidades acrescidas. Pelo menos há que diminuirmos o número dos alunos nas turmas.
Abraco
Tudo o que disse no comentário anterior resume-se em que o gasto por aluno no Japão é 100 vezes maior que o gasto por alunos nas escolas moçambicanas e que o gasto é bem realizado (não inclui despesas de AUDI para os chefes nem gastos para Partidos Políticos nem nada de outras coisas (como no caso dos aeroportos). É mesmo para os alunos -professores melhor pagos, livros materiais, comida para as crianças, etc...). EM Moçambique o gasto por aluno no ensino primário é de cerca de 1500 Mt por aluno por ano. E parte destes custos vão para despesas que não têm nada a ver com a educação das crianças.
Estas coisas é que mostram a diferença do nosso sistema de educação com os outros. E tudo isto se reflecte na sala de aula e no fim do ano.
Concluindo, o nosso sistema tem muitos problemas que devem ser atacados em simultâneo para termos melhor qualidade de educação.
Cumprimentos,
MF
Professor,
Coloquei anteriormente um comentario que ligava com este último. Na verdade posso sumarizar o comentario dizendo que o problema não esta nas passagens automaticas mas em muitas outras coisas como:
1. Cultura de trabalho de todos, incluindo dos professores e dos dirigentes (maior exigencia e empenho por parte de todos);
2. Formação para o trabalho (não diploma para o salário),
3. Ensino pré-escolar, organizado.
4. Educação bilingue (na lingua das crianças, sobretudo nas primeiras classes),
5. Apoio dos pais (economico e de trabalho com as crianças)
6. Nutrição - antes, agora e depois (as crianças devem ser bem alimentadas desde que estão na barriga das mães, até ira à escola. Devem também comer antes de ir à escola),
7. Materiais escolares em quantidade e qualidade (se formos ver uma sala de aulas não tem nada la dentro)
8. Ambiente favoravel na escola (direcção, professores, equipamento - carteiras e outros)
9. Curriculo equilibrado (com PRIORIDADES. Não podemos dar tudo!!)
10. e TEMPO para o leccionar (os nossos alunos têm apenas 500 a 600 horas por ano, contra 800 a 1200 dos alunos de outros quadrantes. Além disso, com as férias de quase 90 dias, os alunos têm muito tempo para esquecer o que aprenderam durante o ano. Os nossos vizinhos fazem periodos mais curtos com mais intervalos, mas de menos tempo). Isto também tem custos. Talvez precisa-se de mais salas, mais professores, etc...
Finalmente, uma boa comunicação com todos, os pais, os professores, os alunos, os jornalistas e outros fazedores de opinião ajuda e muito.
Tudo isto tem custos que podem ser quantificados e outros que são intangiveis. Algumas destas coisas se conseguem com dinheiro, outras (cultura de trabalho por exemplo) com tempo e persistencia!
O problema é que temos muitos problemas! Por isso temos que olhar para os principais e concentrar a nossa acção.
Um abraço,
MF
Caro reflectindo,
Faço notar que me referi a um país nórdico, provavelmente a Suécia, daí a interrogação. Mas pode ser a Dinamarca, Noruega ou Finlândia.
Exagero ou não, o que é facto é que um desses Suecos que não consegue chegar à academia, pode rivalizar com muitos doutores da nossa praça. Isso é que deverá ser a nossa maior preocupação.
Também é um facto indesmentível que o sistema educacional deles é de alto nível. Mas...nem tudo são rosas.
A gratuitidade por exemplo, deve ser clarificada. Não paga o aluno pela matrícula é verdade. Mas pagam os tutores ou encarregados de educação com uma carga tributária pesada (60% dos rendimentos individuais). Podemos imaginar o salário médio de um nórdico para perceber que com os demais 40% consegue viver bem. Mas compensa, porque realmente, o Estado devolve criteriosamente aos cidadãos aquilo que deles retém em forma de Tributo.
Mas estou satisfeito com a profundidade das intervenções, tomara o nosso Parlamento eleito se aproxime deste nível.
Caro Ricardo
Eu não disse que vc exagerava, mas que a pessoa que o contou havia exagerado. Entendi que lhe contaram.
Também entendi que vc não estava muito certo se o país era Suécia. Peguei a Suécia para exemplificar e autorizo-lhe a usar-me como fonte. Por outro lado, o sistema de educacão nos países nórdicos não difere duma forma grave.
Comparar algumas coisas entre Mocambique e um país nórdico pode ser difícil. E, pelo que me parece, é até difícil com parar países nórdicos com EUA. Mas uma coisa acho ser importante debater - o sistema de educacão.
Não são apenas os tutores ou encarregados de educação que pagam as contas dos alunos, mas sim TODA A SOCIEDADE ou seja TODA a populacão activa atravez de impostos sim pesados - dos salários, impostos de consumo, etc. Geralmente um cidadão nórdico é consciente que quando paga uma passagem no comboio ou autocarro ou avião está também a contribuir para o sistema social e se alguém não paga é traidor...
"Estado devolve criteriosamente aos cidadãos aquilo que deles retém em forma de Tributo" (Ricardo)
Definitivamente, meu caro amigo.
Uma das coisas que acho muito importante no nosso país é fazermos esforco no sentido de investir na educacão e isso no sentido de poder-se abranger a muitas crincas ou jovens.
Nota: com certeza o tema está sendo útil. É pena que já está desaparecendo desta página.
Caro MF
Os seus pontos são excelentes para um bom aproveitamento.
Abraco a todos
Enfim, em algum momento tinha de acabar.
Mas ha uma parte da minha intervencao que nao comentou...
"Justificação dada:
1- O estado está a investir, logo precisa do retorno;
2- Se o material humano não for bom. Então substitui-se por outro, segundo o princípio Darwiniano.
3- O estado não pode gastar continuamente dinheiro em novas infra-estruturas para acompanhar o crescimento demográfico, porque há limites orçamentais e até em recursos humanos. É dever de cada cidadão tomar consciência disto, fazendo a sua parte, preocupando-se com a sua educação."
Penso que isto esta proximo da realidade nordica nao e? O estado providencia la e exercido com acuidade.
Num pais como Mocambique, porventura estes pressupostos seriam as determinantes do problema?
Recordo-vos um posicionamento do BANCO MUNDIAL sobre a NAO contratacao de mais professores para alimentar o sistema que ja acusava um deficit de recursos humanos.
Gostaria de poder perceber.
Nem mesmo a propósito, no Magazine Independente (?) há um artigo polémico sobre o assunto Educação. Intitula-se "Lutar contra Moçambique".
Leiam-no.
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