O término desta curta série.
Tenho por hipótese que a mercantilização do ensino universitário, acentuada pelo processo de Bolonha, coloca no mercado não mais o molde do cientista clássico, mas o molde do técnico estrito senso. E (1) como são muitas as instituições de ensino superior, numa corrida empresarial acirrada e (2) o facilismo não tem perímetro, dificilmente o nosso Ministério da Educação está em condições de avaliar os méritos académicos publicitados no mercado. O instituto que deu origem a esta série, é, apenas, mais um instituto com o seu menu, do qual consta a demonologia.
Tenho por hipótese que a mercantilização do ensino universitário, acentuada pelo processo de Bolonha, coloca no mercado não mais o molde do cientista clássico, mas o molde do técnico estrito senso. E (1) como são muitas as instituições de ensino superior, numa corrida empresarial acirrada e (2) o facilismo não tem perímetro, dificilmente o nosso Ministério da Educação está em condições de avaliar os méritos académicos publicitados no mercado. O instituto que deu origem a esta série, é, apenas, mais um instituto com o seu menu, do qual consta a demonologia.
(fim)
10 comentários:
Disse tudo. Mercantilização do ensino superior. É o tal problema de sermos laboratórios de sistemas falhados na sua origem. Que fazer, é a democracia em fecha, paga-se caro.
Zicomo
Caro Professor, permita-me discordar, mas o Processo de Bolonha, nao teve como objectivo mercantilizar o ensino universitario. Poderia quanto muito, referir-se a nossa propria interpretacao do mesmo. Porquanto
"...A Declaração de Bolonha tem como objectivo tornar inteligíveis e comparáveis as formações ministradas no ensino superior nos diversos países que a subscreveram.
Subscrita em 1999 por 29 estados europeus (hoje, 45 estados europeus já a subscreveram), visa a constituição, até 2010 do Espaço Europeu de Ensino Superior (EEES). Este espaço deverá ser caracterizado globalmente pelo seguinte:
Um sistema de graus académicos comparável e compatível;
Dois ciclos de estudo de pré-doutoramento;
Sistema de créditos;
Suplemento ao diploma.
Pretende-se com isto promover a dimensão europeia do ensino superior, a mobilidade e a cooperação, em particular nos domínios da avaliação e da qualidade, e tornar assim o Espaço Europeu de Ensino Superior mais competitivo e coeso.
Os graus académicos e diplomas obtidos são automaticamente reconhecidos em todos os estados aderentes, facilitando, desta forma, o reconhecimento das qualificações e a mobilidade das pessoas.
Já agora, chama-se Processo de Bolonha ao conjunto de iniciativas que resultam da Declaração de Bolonha visando a sua implementação.
Aderir à Declaração de Bolonha não significa retirar um ou dois anos aos cursos de licenciatura que tínhamos, ou transformar os antigos bacharelatos em licenciaturas e as licenciaturas em mestrados. Antes pelo contrário!
O Processo de Bolonha significa reorganizar o processo formativo em torno de novos valores: as competências e não só os conteúdos, as aprendizagens e não simplesmente o ensino, a participação e o envolvimento de todos os agentes implicados e não apenas a participação de professores nas aulas e de estudantes no estudo e nos exames.
As ferramentas desenvolvidas, ECTS e Suplemento ao Diploma, também farão com que se encare a formação obtida num sentido diferente: a preocupação com o grau académico, o título, será substituída pela preocupação com os conhecimentos e as competências obtidas, verdadeiras razões de ser dos processos de ensino/aprendizagem..."
Nao vejo em como dai se pode estabelecer alguma similitude com a V. conclusao.
Na verdade,trata-se da mesma situacao das muitas criticas que sao lancadas as novas formas de organizacao em sociedade e outras, que optamos com o fim do Pacto de Varsovia, as quais tem, a meu ver, substracto no modo como nos - erradamente - persistimos em interpretar "A NOSSA MANEIRA, A NOSSA REALIDADE". E a boa ciencia, nao se improvisa. Copia-se.
Viriato,
Voce tem razao, nao da mesmo pra ser laboratorio, o sistema nao anda.
Concordo, geracao da viragem tem obrigacao de fazer a viragem,
Vamos comecar por limpar as nossas cidades, lixo nao queremos mais.
Queremos ser NOS, da geracao da viragem, a apanhar o lixo com as nossas maos, pra nao copiarmos mais os sistemas exploradores de colonialistas e opsicao que so quer sujar as nossas cidades.
Vamos Viriato, apanhar lixo, e acabarmos com doencas provocadas pelo lixo, por que o nosso glorioso partidao conquistopu a golriosa e retombante vitoria contra os colonialistas e oposicao.
maravilho povo mocambicano, nao se preocupem com o lixo da nossa maravilhosa, linda, bonita, luxuosa, perola do indico, vamos iniciar as operacoes de limpeza de cidades sem custos pras cidadaos, atravez da nossa tambem gloriosa e retumbante geracao viragem,
a geracao da viragem vai virar,
'e free, mahala, de borla !
hoye geracao viragem !
hoye,hoye, guebuza !
kanimambo, kanimambo frelimo,
kanimambo, kanimabo frelimo
ka-ni-mam-bo, fre-li-mo !
Repito, é a democracia ém flecha. O processo de Bolonha veio acumular em triplo o número de desempregados um pouco por toda a Europa. Disparou o número de universidades. As propinas tornaram-se mais caras. Acesso à universidade de pessoas sem nenhuma formação básica e não só, encurtou a rota de formatura dos estudantes, de 4 para 3, tornando-se em especialistas em "chupar dedo."
Se este sistema na Europa é bom, dado os meios de que dispõem grande parte das universidades, em Moçambique vai ser "nhau". Estou aqui para assistir as cambalhotas das nossas universidades que, sem meios nem professores preparados, apostam num sistema que nada tem a ver com a nossa realidade. A Ásia, por exemplo, não seguiu estas pegadas, justamente porque viu as vantagens e desvantagens.
É um sistema bom, sem dúvida, mas para quem tem pão de manhã, almoço e jantar e quando tudo funciona. O contrário, estamos a abrir caminhos para o desastre académico. As aventuras tem o seu preço, os seus custos.
Karim,
Eu tenho feito mais pelo país do V. imagina. Junto o meu e o teu esforço as coisas podem mudar para o melhor. Vamos lá chamar o Sr. indomável de Umbhalane para nos ajudar a limpar a cidade que o viu nascer. Não vale gazetas.
ZICOMO
Ricardo,
Se as coisas fossem assim como dizes, se as constituições dos países, aquele oceano de rosas e musas fosse cumprido, ah Ricardo, o que seria deste mundo.
Não se deixe enganar por aquilo que está escrito. Viva a realidade. Os diplomas sempre foram válidos. É tal coisa, inovar, inovar e inovar sem olhar para os perigos que estas inovações trazem.
O Processo de Bolonha é aquilo que dizes, mas deita fora milhares de estudantes, muitos deles sem competência, porque o tempo de formatura é pouco. O ensino virou negócio. As propinas tornaram-se mais caras, porque elas servem para gerir as universidades e não como era antes - tinha carris social. Enfim...
Ricardo meu chamuale, é preciso ver que a UE ao aprovar isto quis fazer a diferença, já que a sua luta é contra o sistema americano, mas ao fim e ao cabo prova-se que é um sistema que ajuda a andar para a frente uns estados e outros ficam para trás. Veja lá bem isso.
Zicomo
Caro Viriato,
Ao que parece, voce esta contra algumas das consequencias de Bolonha, nomeadamente a questao da mobilidade dos graduados no espaco europeu.
Se partirmos da premissa, que as melhores universidades estao na europa central e setentrional, entao podemos afirmar que paises como Portugal, Espanha, Italia, Franca, Grecia, Os Balcas, foram prejudicados?
Tenho a impressao que aqueles paises nao fizeram uma instrospeccao dos seus cursos superiores. Portugal, e um mau exemplo de esbanjamento de fundos em cursos superiores de tuta e meia, que nao davam emprego em lado nenhum e custavam horrores.
Penso que la, tal como ca, a distorcao comecou quando - sem eu saber porque - se comecou a ligar Bolonha com as "exigencias do mercado". Lendo hoje o que e realmente Bolonha, percebe-se de que se trata de duas coisas distintas. Mas como dizia, ao ligar-se as questoes mercantilistas, nasceu a primeira contradicao: o mercado e dinamico, e varia imprevisivelmente. Enquanto que a academia, e um processo determinista e longo. Na altura em que essa questao se aflorou em Mocambique, eu e muito academicos, problematizamos a questao por ai. Fomos silenciados pelos discipulos de Mazula, do Rosario e pelo Governo de Chissano. Infelizmente, nos estavamos certos.
O que leva-me a acreditar que os paises que aplicaram Bolonha criteriosamente, tiveram melhores resultados do que os que nao o fizeram.
Ricardo,
Melhor resultado depende. Com que base tu dizes que eles tiveram melhores resultados?
Tens uma passagem automática nas universidades e chamas tu isto de melhores resultados? Calma ai Ricardo.
Penso que o Processo de Bolonha é adequado a certas realdades. Portugal formou três vezes mais do que no anterior sistema. Por um lado cumpriu-se com os objectivos, mas por outro, é este exército de desempregados que se vê.
Temos que fazer as coisas de acordo com as nossas realidades. Moçambique pode aderir Bolonha, mas deve fazê-lo gradualmente para não correr riscos.
Caso contrário, o país continuará a andar sem leme, com planos sobre planos, nada a criar efeitos.
Zicomo
Meu Caro
Mocambique ja aderiu a Bolonha, ha muito tempo. Ja ano nao ha caminho de volta!
Passagens (quase) automaticas na universidade? Bem julgo que se refere ao que acontece no ISPU, mas asseguro-lhe que ja sucede o mesmo no ISCTEM, sendo ambos do segmento privado. Ambas as instituicoes pugnam por Bolonha, simplesmente teem uma interpetracao distinta. Alias, recordando Bolonha ...
"...Aderir à Declaração de Bolonha não significa retirar um ou dois anos aos cursos de licenciatura que tínhamos, ou transformar os antigos bacharelatos em licenciaturas e as licenciaturas em mestrados. Antes pelo contrário!..."
O ISCTEM, o ISUTC tem este entendimento. Ja o ISPU, UEM, UP, etc. tem outro.
Porque no ensino publico, tivemos a UP ate pouco tempo a proceder como o ISPU (aviarios). E a UEM a fazer exactamente o contrario, ate...
A ascencao do novo Reitor da UEM! Ai, definitivamente, ficou aberto o caminho para a UEM ficar igual ao ISPU.
Este e, infelizmente, o nosso auto-retrato domestico. Mas nao necessariamente o sul-africano, nem o zimbabweano.
Correccao
Eu queria dizer:
"...Passagens (quase) automaticas na universidade? Bem julgo que se refere ao que acontece no ISPU, mas asseguro-lhe que ja NAO sucede o mesmo no ISCTEM..."
E o que acontece quando se escreve textos num UNIX server.
Bem, só me resta concordar consigo. Embora não convencido. Vamos lá ver onde é que isso vai dar. Bolonha, etc não muda o curso do sistema, até porque o mal está na lixeira....Ai sim, é preciso o novo ministro mandar para casa milhares deles. Inspectores barregudos que nem sabem dizer onde fica situado a escola x ou y.
Zicomo
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