14 março 2010

Burca

Certas zonas de Maputo são uma espécie de repositório cultural do mundo. Designadamente o Jardim dos Namorados. Aqui, é frequente encontrarmos, por exemplo, senhoras ostentando a burca. Eventualmente são paquistanesas ou afegãs. Acho muito interessante esta forma de vedar o corpo aos olhares de outrem, especialmente o rosto, no preciso momento em que os seus acompanhantes masculinos têm os rostos descobertos e suas barbas bem visíveis.

23 comentários:

Abdul Karim disse...

A Mulher no Islam, deve evitar mostrar os seus atributos aos demais nao familiares, por Respeito.

'E contestado no mundo, porque actualmente choca com a questao da identidade pessoal, relativamente ao terrorismo.

Complexo para discutir em funcao ao mundo actual, e a dinamica actual dos conflitos, principalmente a campanha anti-islamica de terrorismo.

No entanto o Islam tambem 'e claro relativamente as leis de paises nao muculmanos, ai nos paises nao muculmanos, o muculmano deve respeitar as leis, regras e regulamentos do pais de onde reside.

a barba 'e Sunnat, que significa uso e custume do profeta Mohammad. mas, os inimigos do Profeta tambem tinham barba.

o "chifrudo" 'e especialista em identidades, segundo o Islam, ele pode estar na burca, com barba, batina, ou ate ser intelectual ou chefe de estado elegante.

Viriato Dias disse...

Em defesa da religião, grande Karim. Viu, quando a se mexe com a nossa religião, ai saimos em sua defesa e com a mais brutal das fúrias. O ser humano, é melhor nem falar.

Zicomo

Abdul Karim disse...

Viriato,

Eu nao estou furioso, estou bastante grato ao Senhor por me ter iluminado, de modo que eu consiga descernir entre o certo e o errado.

Nao vejo defesa aqui, dou uma leve explicacao do mundo Islamico na optica individual.

E grato tambem ao Professor, por permitir explanar o meu ponto de vista, eu nao sou o todo certinho, muito menos perfeito, e muito longe de ser exemplar, sou um simples muculmano, que tenta encontrar-se num mundo multi-religioso.

Sou Muculmano, nao sou cego, nem terrorista.

Elisio Leonardo disse...

Tenho quase certeza que o sr. Karim vai comentar neste post, então vou aproveitar para deixar um recado:

Os estudantes da AEU precisam falar com alguém da GRINGO a respeito do tema da televisão iniciado aqui:

http://oficinadesociologia.blogspot.com/2010/02/televisao-e-poder-simbolico-1.html

Eles querem mais detalhes para fazer o estudo das possibilidades... Eu falei com eles da sua ideia porque eles tem maiores capacidades de procurar estudantes capacitados, falar com a reitoria e a CEA, etc... Só que aparentemente eles não acreditam muito no que eu falo(tenho fama de mafioso e nem sabia, se calhar) e querem certificar com alguém mais sério...


Existe possibilidade de alguém da GRINGO o representar aqui num encontro com a Associação de Estudantes?

Viriato Dias disse...

Calma Karim,

Eu não disse que V. era terrorista, muito menos o gorrila do conhecimento, como alguns que só acordam quando o tema é homossexualidade.

Eu não estou contra a religião islâmica. Os muçulmanos, maziones, "Deus quer filho", "apaga a luz", adventista, 7 dias, 7 noites, católica, etc., tem todo o direito de exercer o seu negócio.

Até que gostei da forma como o Karim colocou à questão. Mas, cá entre nós, foi tão rápido demais para sair em defesa da sua cultura sobre a qual, repito, não tenho nada contra. Véu, que saiba, é o útero do islamismo e eu não tenho nada contra.

Tenha bondade, chamuale, sou do bem. E apoio incondicionalmente a acção de alguns terroristas e posso justificar porquê, quando quiser.

Zicomo

Abdul Karim disse...

Viriato,

Eu sou sempre rapido a responder.

Elisio,

Vais ser contactado depois de 22 de Marco.

Anónimo disse...

Viriato desculpe-me meter a foice em seara alheia, mas não me parece ter sido feliz com a afimação....tem todo o direito de exercer o seu negócio.

Ainda que possa concordar que algumas igrejas possam basear a sua prática no negócio...meteu todas as religiões e seitas no mesmo saco. Se queremos respeito...temos que respeitar.A religião deve ser discutida como qualquer outro tema - abertamente.MAS COM RESPEITO.

Depois a sua última afirmação, para mim grave demais e....nem sequer quero saber bdas suas justificações porque para mim serão inaceitáveis, como o é o terrorismo
MC

Viriato Dias disse...

Ok, Karim....

Entrego à mão à palmatória.

Agora, se as igrejas não são negócios, por amor de Deus, Karim, o que são? Quando o ouro entra pela porta das catedrais, sai a fé pela janela, disse Hernani de Carvalho.

E alguém te dúvida disso? Volte à Idade Média e até a afirmação do Renascimento. Ou seja, veja o curso do mundo. Como dia o meu professor Mataruca, igreja é coisa boa, mas é sempre melhor evitar procurar saber certas coisas....grande Mataruca.

Vou calar.

Abdul Karim disse...

Viriato,

foi voce que disse que religioes sao negocio, voce as tratou como negocio. nao eu.

Reformule a pergunta se faz favor.

Viriato Dias disse...

Karim,

Eu disse e repito, todas as religiões são negócio.

Há um contrato entre elas e seus crentes. Uns prestam o culto, e outros o dízimo ou qualquer outro imposto, sempre em vantagem dos primeiros, uma vez que a fé é sempre subjectiva.

É preciso ter coragem de admitir isso. Nunca as religiões funcionaram sem pessoas, sem dízimos, sem apoios, nem nada. Somos nós, os crentes e não crentes que fazem andar a máquina religiosa.

Aqui sou obrigado a concordar com a Professora Alda Saúte, que disse que a escravatura foi, em parte, promovida pelaz religiões. O que é verdade. Por isso, temos que ser coerente em admitir isso.

Eu, animista ontem, católico hoje, concebo a religião desta forma. Se estou errado, meu Santo Deus, o que posso eu dizer perante este dogma.

Zicomo

Abdul Karim disse...

Viriato,

Vou tentar-te explicar a optica Islamica do negocio.

A regra de base do negocio 'e " sede Justos no Peso e na Medida."- Al Qur'an.

apartir dai, 'e Livre Arbitrio, assim como noutras escrituras sagradas.

Agora a questao das cobrancas:

1- no Islam, os pobres estao isentos de pagamento de qualquer taxa.

2- O Islam esteve ligado 'a abolicao da escravatura.

3- os pobres tem direito ao Zackat que sao 2.5% obrigatorios do capital de cada Muculmano que tenha acima do minimo para viver condignamente ( regrar estabelecidas para defenicao exacta do viver condignamente sao claras tambem no Islam ). aqui funciona o Livre Arbitrio onde voce Muculmano com condicoes financeiras pode fugir a obrigacao de pagamento dos teus 2.5% do teu capital, mas nao deve.

nao conheco religioes que exigem pagamento aos mais necessitados, porque considero religiao dar aos mais necessitados, e ai estou em concordancia com outras religioes tambem.

"Dai de comer a quem tem fome" - 10 Mandamentos- Judaismo

" alimentai ao necessitado " - Biblia - Cristianismo.

ricardo disse...

E sempre bom lembrar o que eu disse aqui: http://oficinadesociologia.blogspot.com/2010/03/papa-redefende-celibato.html

Para saber o que religiao e o que e fe.

Anónimo disse...

Que alguém (mesmo que seja um desprezível anónimo) avise o Mundo, quando aparecer quem apoie terroristas...

Viriato Dias disse...

Se assim fosse teríamos os staff das igrejas / mesquitas pobres. Só a cobertura da residência do papa, que até tem locais para vomitar, bastava para diminuir a pobreza no mundo.

Nem o islamismo, nem o Mazione, nem a Católica todos jogam batota negócio. As igrejas / mesquitas existem para isso.

A história está cheia de casos desses. Porém, há umas melhores que as outras. Depende do rótulo. É como lotaria, depende da sorte.

Zicomo

Abdul Karim disse...

Viriato,

Nao gosto de terrorismo e nem de seus apoiantes, nem mesmo de negociantes da fe, quer eles sejam multi-religiosos ou multi-coloridos.

A minha praia 'e outra.

Fico por aqui.

Unknown disse...

Se elas não concordão que lutem, quem cala consente prof.

umBhalane disse...

Deveras interessante, mas

passo.

Anónimo disse...

Professor,

"Meias verdades nao esclarecem, so confundem." - Esta frase tem dono.


Professor Serra, a problemática do uso da burca na actualidade, não tem muito a ver com a religiao em si (ou assim não devia ser), mas sim com o encontro e "choque" entre diferentes culturas.

como o Karim disse e bem, "A Mulher no Islam, deve evitar mostrar os seus atributos aos demais nao familiares, por Respeito." Acho que não só é assunto só do islam, mas também do cristianismo (vejam-se as irmãs usando lencos nas cabecas e outras vestes).

Quando se trata de cobrir o corpo, a mulher no islam tem ao seu dispor a burca, o niqab e o hijab (o Karim pode explicar melhor a diferenca entre estas três vestes).

O Mocambique criado pelos "indomáveis" é parte da cultura ocidental que tem o rosto como o nosso cartão de visitas. Quando podemos ver o rosto do outro, sentimo-nos tranquilizados porque podemos decifrar os seus sentimentos de dor, frio, gosto, etc, etc. Quando apertamos a mão à alguem, não é a mão, mas é o rosto que olhamos. Daí o nosso desconforto quando estamos perante uma pessoa marcarada ou vestida de burca.

A burca tem sido muito debatida em muitos países europeus tais como: Holanda, Franca, Dinamarca, Noruega, alguns destes países tidos como muito tolerantes em relacão aos imigrantes, mas que devido aos ataques terroristas dos últimos tempos e ao medo criado entre os seus habitantes tem-se legislado no sentido de proibir o uso da burca em locais públicos.

No caso mocambicano, o problema não tem a ver com a religião em si, mas com a não possibilidade de lermos e interpretar os sentimentos do outro (penso eu de que).

AAS

P.S. no debate sobre a homosexualidade o Karim referiu que gostava era de mulheres e não de homens, eu também gosto é de mulheres lindas delábios carnudos e bundas gelatinosas (que a burca e o niqab escondem).

umBhalane disse...

E por falar em Indomáveis...

Fazendo uma retrospectiva, e tendo vivido 7 anos em Nampula, já adulto, conhecendo a Ilha, Angoche, Nacala, para referir apenas as mais importantes urbes;

Pemba e Quelimane;

não me lembro de ter visto alguma vez uma burca!!!

Mas também em Portugal, e desde 1979, e "conhecendo" muito bem quase TODO o território, também não me lembro de ter visto alguma vez uma burca!!!

Alguém ajuda a compreender este "fenómeno"?

ricardo disse...

umBhalane,

Conflito civilizacional, seria?

Parece-me evidente que o uso da bhurka e um pequeno detalhe desses grandes detalhes de que e feito o nosso mundo global contemporaneo.

Por acaso, em 1979, na Ilha de Mocambique, onde o meu irmao trabalhava com regente agricola, cruzei-me com mulheres de cara tapada. Mas viam-se os olhos delas. Dizia-se localmente que vinham das Comores ou Zanzibar. Portanto, perfilhavam rigidamente as tradicoes arabes que ainda caracterizam essas duas ilhas.

Ja na Africa Ocidental (Tuaregues do Niger e Mali sobretudo) os homens e mulheres andam sempre de face coberta. Tambem sao muculmanos. Mas la, a tradicao tem origem no clima agreste do deserto do Sahaara. Torrido durante o dia. Glacial durante a noite. E com muitas tempestades de areia. Com um detalhe interessante: alguns tuaregues bebem alcool, justamente por causa do clima. Mas o Corao e contra.

umBhalane disse...

Ricardo

Em Moçambique, até JUL79, nunca vi uma mulher com bhurka, mas tomo a devida nota do seu testemunho;

E em Portugal, até hoje, MAR10, também não.

Fiz propositadamente o contraponto, para não poderem culpar o colonialismo, fascismo, pide/dgs, capitalismo, indomáveis,...etc...

No Portugal de Abril, e quase em Abril em Portugal, desconsegui de ver ainda - eu.

E a Comunidade Muçulmana Portuguesa, a quem endereço um forte abraço, não é nada pequena.

E isso “intriga-me”.

ricardo disse...

Uma opiniao interessante:

http://blogs.estadao.com.br/gustavo-chacra/alguns-jovens-muculmanos-e-ou-arabes-tam/?replytocom=23142

E tambem, usos e costumes de povos do mundo, um assunto que me fascina:

http://www.rituais.com/Paginas_I/Povos_e_Culturas.htm#Grupo19

umBhalane disse...

Obrigado.