08 novembro 2009

(97) 08/11/09


Talvez possamos dividir os partidos convencionalmente chamados de oposição em Moçambique em três grandes campos, o que se segue é um desenho preliminar, muito provisório, ainda cheio de lacunas, espero que - apesar disso - propício ao debate:
* Partidos da oposição estrito senso: por agora são talvez apenas dois ou três, procuram não fazer compromissos, vencer o enorme e diversificado poder do partido no poder e gerir o Estado são os seus objectivos, o seu discurso de luta é frontal ainda que dependam parcialmente dos fundos estatais para as campanhas eleitorais. Terei ainda de analisar melhor as suas estratégias de luta, eventualmente trabalhar com os conceitos gramscianos de "guerra de movimento" e de "guerra de posição" (citando Gramsci em relação à Índia: “A resistência passiva de Gandhi é uma guerra de posição, que se torna guerra de movimento em certos momentos e, em outros, guerra subterrânea: o boicote é uma guerra de posição, as greves são uma guerra de movimento, a preparação clandestina de armas e de elementos de combate destinados aos ataques é uma guerra subterrânea..."
* Partidos cavalos de tróia: partidos que procuraram ser da oposição mas cuja função nos últimos anos é a de servirem de cavalos de tróia, procurando minar a real oposição e glosando frontalmente o partido no poder. Surgem com algum ruído no "Notícias" nas épocas eleitorais, ainda que dois ou três dos seus dirigentes tenham uma habitação pós-eleitoral mais permanente nesse jornal. Dependem exclusivamente dos fundos estatais para as campanhas eleitorais. Nunca conseguiram assentos parlamentares.
* Partidos gelatinosos-hibernadores: sem filiação definida, ambíguos, sem visibilidade jornalística, totalmente dependentes dos fundos eleitorais. Surgem fugazmente, por vezes assemelham-se à limalha-Janus acenando ao mesmo tempo para o partido no poder e para os reais partidos da oposição para, depois, como alguns cometas, desaparecerem, hibernando até ao próximo ciclo eleitoral.
Adenda: em qualquer altura posso introduzir modificações no texto. Se isso vier a acontecer, as alterações surgirão a vermelho.

2 comentários:

ricardo disse...

E também há os partidos simbiótico-familiares que surgem do nada sempre que chove um trust fund para empreendedorismo exclusivamente pessoal: pessoal, dos parentes e de alguma malta da zona. Confundem-se nos Líderes, que aliás, exibem publicamente alguns diplomas de duvidosa proveniência...tão obscura, que nem os próprios se lembram quando e onde obtiveram os canudos!

Muito populares nos anos 90, pelas vigorosas aparições e escritas homéricas, particularmente nos media, pode-se considerar que hoje, são um espécime em extinção.

Beto disse...

Meu caro velho prof. Porcurei me informar mais a respeito dos critérios utilizados para financiamento de partidos e não encontrei nada. Se bem que procurei na internet, o meio mais que inadequado de se encontrar legislação moçambicana. A minha questão a respeio disso é bem simples e diz que perguntar não ofende: se eu formar um partido junto com um punhado de compadres, também ganhamos financiamento público de campanha? Agradeço desde já a quem me elucidar.

http://mediamoc.com

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