01 março 2010

O luxuoso 86.° aniversário de Mugabe


Na nossa imprensa, quer o "Notícias" quer o "O País" referiram o luxuoso 86.°aniversário de Robert Mugabe (há 30 anos no poder) no Zimbabwe. No primeiro jornal (a notícia não figura na edição online, mas consta da edição normal em papel, última página, canto esquerdo) escreveu-se que a festa custou entre 300 mil e quinhentos mil dólares americanos, tendo contado com o abate de 300 cabeças de gado. No segundo jornal, escreveu-se que a festa custou 500 mil dólares, com este acréscimo: Mugabe comemorou o seu 86º aniversário, numa altura em que os funcionários do governo, que ganham uma média de 160 dólares por mês, se encontram em greve com o propósito de pressionar o actual Governo de Unidade Nacional (GUN), por melhorias salariais, numa sociedade em que a maioria da população vive com menos de um dólar por dia." Um alto funcionário do partido no poder afirmou que Mugabe era uma prenda de Deus a África - a conferir em inglês aqui. Tradução:Free Translation

10 comentários:

Viriato Dias disse...

Estamos perante uma situação anormal. Não vejo porque de tanto alarido da imprensa zimbabueana e internacional neste assunto. É normal que se gaste tanto dinheiro para comemorar o aniversário de Mugabe. O país deve muito a este homem. E vai dever a vida inteira. O que me causa estranheza, infelizmente, é o facto das comemorações de Mugabe terem mais impacto agora. Que eu saiba, desde que chegou trono há 30 anos, sempre foi assim. Mugabe nunca deixou de comemorar os seus aniversários. Uma coisa é a crise do país, imposta pelos indomáveis, a outra é um chefe de Estado que trabalha há 30 anos, tem salários, negócios, etc. É normal. Nunca haverá no mundo dos homens mortais nenhuma igualdade. A natureza é assim. Temos que aceitar.

Em Moçambique, país que tem o seu orçamento de Estado garantido pelos impostos dos indomáveis e não só, o presidente e os camaradas também comemoraram os seus aniversários com pompa e circunstâncias, quando algures da Ponta Vermelha, estão pessoas a dormir a fome. Cada país tem a sua realidade. Se um indomável gasta para a higiene de um cachorro, que custa dez vezes mais aquilo que é a renda anual de um moçambicano, penso que estamos perante um absurdo pior. Por isso, sugiro muita prudência ao observar este tipo de notícia, como dia o meu professor de História Moderna, Filipe Barata que a luz que nos dá claridade, se estivermos perto demais, também pode nos ofuscar.

Zicomo

José Chagas disse...

Professor Carlos Serra, lamento informá-lo mas, para mim, este blog deixou de ser seu e passou a ser do Sr. Viriato Dias.
Estou sempre à espera de um post sobre o Zimbabwe para poder ler o comentário do referido senhor.
Acho que ele hoje se distraiu ao afirmar que Mugabe subiu ao trono há 30 anos. Lapsus linguae?
Também as intervenções do Sr. Viriato Dias sobre a questão da homossexualidade em geral, e de Moçambique em particular, prometem!

ricardo disse...

E imoral. Mugabe poderia ter sido mais comedido. Nao lhe ficava mal.

O seu bom exemplo seria muito bem recebido.

Mas, ainda assim, "real valor" nao deve ter andado longe de alguns casorios ca da praca. Concretamente, do cla MBS - que ate teve aluguer de helicoptero para os noivos - e o da Lizha James...

Mas essas sao outras contas.

Anónimo disse...

hehehehehehehehehehehhe

Tóxico

Protesto disse...

Zimbabwe precisa urgentemente de apoio para resolver a questão da pobreza.

Viriato Dias disse...

Pois é Ricardo, MEU CHAMUALE!

Já reparei que está a pensar direitinho, como gosto, mas nada de excesso... assim é que se fala.

Quanto ao Chagas, se não posso deixar de pensar, logo, posso continuar a debitar aquilo que penso, ou não? Faço mal? O

Que saiba, o Professor Serra, não pede a ninguém um único vintém para as intervenções que aqui são feitas. Por isso, seja sempre bem-vindo ao Diário de um Sociólogo.

Mas percebi que o amigo quis apenas espalhar um bom humor, coisa que fiz eu antes ao dizer que ele, Mugabe, subiu ao trono há 30 anos. Foi mesmo de propósito para espevitar as almas adormecidas, ou seja, quis na verdade fazer um paralelismo entre o trono de Mugabe com os imprérios dos indomáveis, no dizer do meu professor, uma longa fila à espera de sucessão...

Zicomo

Linette Olofsson disse...

Simplesmente lamentável!!!
com um Povo a morrer de fome e com lojas vazias e própio povo a tentar emigrar para os Países vizinhos a procura de um pão de cada dia, harmonia e paz....

Afro pessímismo?
ou uma realidade?

Unknown disse...

Os seres humanos são naturalmente propensos a extravasar a sua frustração, e sua infelicidade sobre pessoas que nada têm a ver com o seu sofrimento. Frequentemente a nossa decepção se torna frustração, e posteriormente em raiva. Então passamos a ansiar por matar, esquartejar, queimar em praça pública mesmo aqueles que são inocentes de nosso sofrimento.
Temos os nossos mugabes, falemos deles (é que as vezes parece-me que vivemos num país perfeito, que só damos lugar ao mal que assola os outros. puff... também cansa.

Viriato Dias disse...

É defeito dos moçambicanos em geral desinteressar-se pelas causas. Limitamo-nos simplesmente pelos resultados final. O problema do Zimbabwe há muito vinha sendo denunciado pelos organismos africanos, e mais do que isso, pelo próprio Mugabe. Raras vezes aparecem pessoas a falar do acordo de Lancaster House, nem a este documento querem saber! Para além deste acordo (que eu saiba) foram assinados outros tantos, com vista a tornar a situação no Zimbabwe mais estável, o que nunca mereceu a atenção dos indomáveis ingleses.

Nunca. Quantas vezes, Mugabe teve que viajar para Inglaterra, para solicitar o cumprimento destes acordos? Quem for a sede da UE, em Bruxelas, na Biblioteca, poderá ler alguns destes documentos. Estão lá. A Inglaterra nunca as cumpriu na íntegra, aliás, está ciente do erro que cometeram, razão pela qual o governo inglês abrandou a caça da ZANU e do seu líder Mugabe (entenda-se caça as rajadas de sanções e outras medidas impostas contra os visados). A isto ninguém viu, ninguém vê e ninguém quer ver.

O que mais me aborrece (com excepção do Dr. Gaspar do ISRI) alguns dos nossos comentadores analistas, feito cogumelos em tempo de chuva, ignoram este tipo de fonte. Limitam-se a dizer que o povo está a sofrer. Sim, o povo está a sofrer. Mas quem causou o tal sofrimento não é Mugabe, este pode, é verdade, em último caso ter uma cota parte de culpa. Quem aplicou as sanções contra o povo do Zimbabwe? Quem congelou todos os bens e riquezas do governo do Zimbabwe no estrangeiro? E queriam que o país andasse de que jeito? Para frente é que não pode ser. Mas por milagre e competência de Mugabe o Zimbabwe está a mostrar ao mundo que é capaz de dar a volta.

E não me admira que a RAS tome medidas a favor dos farmeiros brancos. Para um bom leitor da história da África do Sul e dos problemas que este país enfrenta, alguns dos quais em estado de letargia – será por muito pouco tempo – poderá tirar duas conclusões: A primeira é que há um laço fraternal entre o governo sul-africano e os farmeiros brancos do Zimbabwe (filhos da pátria, também, não se pode negar este facto), daí que a cumplicidade há-de ser sempre uma charneira entre eles. Os bóeres que dominam a economia sul-africana (senão mesmo a espinha dorsal) fazem questão de chamar à consciência às autoridades sul-africanas, com uma dose de insatisfação, que os farmeiros brancos zimbabweanos são seus “irmãos” de “cor”, ou seja, o governo do Zimbabwe, perante o sucedido, deve pagar pela humilhação que causaram aos seus.

Eis, na minha opinião, a decisão dos tribunais sul-africanos confiscar bens do governo de Harare a favor dos farmeiros. Posso vos garantir que isto não passará de papel assinado até à morte de Mugabe, pelo menos! Segundo, é vontade da RAS tornar-se o grande “patrão” no Zimbabwe. Tal é possível agudizando a situação interna daquele país e se possível, dividir para reinar, ao fim e ao cabo desaguaram no Zimbabwe como heróis, como os salvadores. Nesta altura serão os bóeres a chefiar a equipa, depois de derrubado, não pela via militar mas por força das circunstâncias económicas, o governo da ZANU.

Tudo isto é uma questão de tempo. A RAS nunca escondeu esta pretensão de ter o Zimbabwe como seu quintal, tal como fazem com Moçambique. Porém, há que admitir que a RAS conhece bem a Frelimo, sabe com quem está a lidar, aliás, tem os mesmos truques, formados em escolas diferentes mas com objectivos iguais, daí que a RAS nunca teve a 100% Moçambique como gostariam. Este é outro assunto…

Anónimo disse...

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...blá,blá,blá,blá,uffff!