07 julho 2009

Moeletsi Mbeki: capitalistas africanos são parasitas

Acontece que Moeletsi Mbeki (na imagem) critica severamente o capitalismo africano. Se quer saber por que e como, leia esta entrevista aqui. Obrigado ao Marcelo Mosse pelo envio da referência.

8 comentários:

umBhalane disse...

“Quando o Zimbabué se tornou independente, tinha uma basta e próspera indústria.

Hoje, o sector industrial está destruído.

O regime de Mugabe destruiu a capacidade produtiva das empresas do Zimbabué.

O Zimbabué tornou-se um bantustão da África do Sul.”

Nota: minha tradução.

Viriato Dias disse...

E para recordar a minha professora de História Económica Dra. Alda R. Saúte, cujas palavras cito de memória "as sociedades africanas, na sua maioria, a nossa em particular, a sua classe empresarial está associada ao poder, dai que não se admirar o facto de um determinado empresário durar apenas o tempo de legislatura do partido no poder." Pode ser que sim, mas também pode ser que não, porque não vimos um outro partido a substituir a Frelimo para tomarmos esta afirmação como categoriacamente certa, por outro lado com o fim do trono de JC alguns dos empresários de proa no nosso país tombaram, facto que me leva a concluir que a sobrevivência daqueles dependia de empurrão do partidão!!! Nada comprovado.

Quanto ao facto da economia do Zimbabue estar actualmente em queda livre, queria responder ao repto do meu não menos amigo umBhalane, também usando a ironia como a sua arma predilecta, citando Carlos Fino o seguinte: nem sempre a verdade é aquela que as câmeras registam. Ou seja, o Zimbabue sempre funcionou virado para a Inglaterra, a dita economia pouco ou nada serviu para o povo fazer a vida, pelo contrário, o que o Zimbabue era - foi uma espécie de uma barriga alugada.

Um abraço

Viriato Dias disse...

Eis um e-mail que recebi de Maputo, de uma diplomata: (No tocante a este assunto, eu sou total e incondicionalmente apoiante de Mugabe..E o tempo ha-de lhe dar razao..A história vai lhe julgar e nesse julgamento, ele será com toda a certeza ilibado. Pois no meu fraco entender, ele foi homem bastante para enfrentar tudo e todos, em nome de uma causa...Causa esta que mata, até hoje, muitos africanos, que é a dignidade. Muitos condenam Mugabe dizendo que esta a matar o seu povo, mas se olharmos com olhos de ver, veremos que o povo apoia Mugabe, nao o condena, como faz a imprensa Ocidental e alguma imprensa africana, que a meu ver quer tirar alguns dividendos...).

A todos, um abraço

Anónimo disse...

Não há pior cego que aquele que não quer ver!...
Se alguém acredita que o Mugabe é um quase Deus... Não se pode fazer muito. É como crer numa religião. Não se pergunta porquê, nem se explicam com ciência certos dogmas em muitas religiões. Apenas se acredita e pronto. Isso é que importa, acreditar.

Porque no caso do Mugabe, os factos falam por si... O exodo de zimbabweanos formados, a ruina da agricultura e das pequenas industrias alimentares, a falta de alimentos nas lojas, as repressões que assistimos pela TV, as visitas da esposa ao "ocidente" para fazer compras, as festas quando o povo morre de fome, etc, etc...não serão suficientes para se ver que este Sr já está fora do seu tempo?

Espero que ninguém se sinta agredido. Apenas quis expor uma opinião!

Um abraço!

Anónimo disse...

Quem lê este artigo, vê nele Moçambique, tomadas as devidas proporções. A nossa burguesia nacional, aquela que tantas vezes prega a falta de empreededorismo muitas vezes esta trabalhando para o estado e cria infraestruturas ociosas e consumistas no Belo Horizonte (mansões) ou noutros lugares das cidades que apenas "hospedam" um ou dois guardas e nada produzem, só gastam energia e recebem ainda um salário por viver lá ("a guardar a casa").
Os empresários de verdade são, por norma, estrangeiros que investem no turismo e noutras actividades que geram emprego. Alguns, vindos de alguns países de África investem em pequenos negócios que os nossos compatriotas não puderam fazer, porque não tiveram uma educação de qualidade que os permitisse ir à luta com as ferramentas apropriadas.
O nosso sistema de educação tem sérias dificuldades de produzir qualidade. Quantidade sim. Estamos muito empenhados em actividades do tipo "show off" como por exemplo festivais de jogos escolares, de cultura, quando as escolas nem bolas têm para a pratica quotidiana de desporto. As pequenas cidades não têm casas de cultura para a pratica da actividade de maneira sistemática. A nossa vida é feita muito à base de mostrar o que não temos. Caracteriza-se por pouca disciplina sobretudo económica.

Para crescermos temos que ser mais disciplinados, poupar mais e investir em bens de capital que produzem, para reproduzir para nos sustentar. Não podemos ficar amarrados a ter o Estado como maior empregador. Isso só em sociedades socialistas é que acontecia. Porque numa sociedade que se quer capitalista temos que promover as empresas, pequenas, médias e grandes. Essas sobretudo as primeiras duas categorias são as que criam mais emprego. Ai podermos ter beneficios colaterais como outros partidos políticos também sólidos, porque só aquela gente que não depende do governo é que tem possibilidades de votar de maneira independente. Caso contrário, como manterá os seus postos?
Com isto criaremos um pais mais saudável e mais responsável.
O artigo é bastante interessante!

Anónimo disse...

 Estou 100% de acordo com o anónimo do comentário anterior (10:10 PM).

 A entrevista de M. Mbeki é um texto excelente. Livro a não perder: um olhar "de dentro, para dentro de nós"

 Mbeki vai ao cerne das questões e, sem rodeios, dá o nome às coisas, sem o paternalismo a que estamos habituados (… não fizemos ou fazemos porque somos uns coitadinhos do colonialismo).

 Várias vezes tenho comentado que a Comunidade Internacional tem fechado os olhos a alguma corrupção no nosso país com o argumento de ser um meio para a criação de uma burguesia nacional que, tendo património, venha a defender a Democracia. Porém com este sistema temos criado habitos burgueses (de consumo) mas não de trabalho (dententores de meios de produção, criadores de riqueza).

 Mbeki vem exactamente nesse sentido, cito: “Mas, estes nacionalistas não são burgueses. Eles não têm capital, como é típico na burguesia. Eles não criam riqueza; eles são uma elite parasita que vive dos bens (activos) que não criaram”

 Sobre o BEE(Black Economic Empowerment): "Eles vivem dos activos que lhe são oferecidos pelas companhias existentes. Eles não são burgueses; sim, eles são ricos mas não são capitalistas."

 Interessante a abordagem à desindustrialização na àfrica do Sul. Diz que na RAS 70% do PIB é utilizado em despesas de consumo e apenas 30% em investimento. Compara com a China onde 40% vão para consumo e 60% para Investimento, e conclui:

> Esta a razão porque a China cria emprego e a RAS não.

> Esta é também a razão da RAS não pertencer ao Grupo dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), economias do futuro (por estar em processo de redução da capacidade industrial).

 Referindo-se, p.e., à industria de calçado, diz que em 1985 o país produzia 78% do calçado que precisava; hoje importa 85% da China... “e a manufactura de calçado não é alta tecnologia”.

> Reduzem os empregos na industria de calçado e aumentam-se os assitentes de vendas nas lojas de sapatos chineses.

 Um livro a não perder.
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Anónimo disse...

o Nosso empresariado nao tem cultura empresarial .A dias levantou-se aqui uma questao que nao teve seguimento .sou docente universitario ,estando a desempenhar em regime de part-time na ESEG .esta universidade existe a bastante tempo tendo como dono o incontornavel economista e professor universitario Eugenio Gilande.Esta instituicao nao se preucupou nunca em ter instalacoes proprias ,sempre foi sobrevivendo de Aluguer de uma parte do edificio central de correios de Mocambique mas por nao pagamento de rendas esta convidada a se retirar ate antes do final do ano.os trabalhadores estao a seculos sem salario e os docentes tambem.a alguns dias Atras foi convidada A STV a fazer uma reportagem sobre a questao ,tendo a feito mais por instrucoes do seu reitor que no mesmo dia ( 24 de junho ) se encontrava na RSA ,a equipa da STV foi passada um xeque e uma parte em dinheiro para nao passar tal reportagem.o cumulo de tudo e que mesmo sem salarios,o Reitor levou a sua familia inteira para participar na inauguracao de um hotel em Dubai .e com esse tipo de emprendedorismo que o pais vai andar .pessam que os nossos filhos vao viver apenas de agua que tmbem custa dinheiro. Ajudem nos por favor srs Jornalistas a resolver esse problema pois o ministerio da educao e de trabalho ja a muito sabe disso e nada faz

Anónimo disse...

Os nossos "BOTTLE STORIES", aqui, em Maputo, fartam-se de vender garrafas de vinho a mais de 100,00US$ cada. (Não me enganei, é mesmo de vinho, não whisky)