03 abril 2008

Zimbábuè: governo de unidade nacional?

O semanário "Savana" tem, na sua edição desta semana (já na rua), como manchete, a situação pós-eleitoral no Zimbábuè. Chamo a atenção para o trabalho de Biriba Venichande, sediado em Harare, com o título "Mugabe encontra o seu próprio Nó Górdio". O autor escreveu que, num cenário político que continua conturbado - os resultados oficiais das presidenciais ainda não foram anunciados -, "O que é evidente é que Tsvangirai terá mesmo que criar um governo de unidade nacional caso seja imediatamente proclamado presidente (...)". Por quê? Porque há vários, delicados e diversos interesses em jogo, por exemplo os da facção Mutambara do MDC, os de Mugabe, os dos chefes das forças de defesa e segurança, os da comunidade internacional, etc. (p. 3). Entretanto, de acordo com o Daily News e a Reuters, o Ocidente está disposto a triplicar a ajuda de emergência ao país como parte de uma operação britânica a lançar dentro de dias caso Mugabe seja afastado. Obrigado ao Inácio Chire pelo envio desta referência.
Adenda às 16:38: a erosão da credibilidade popular da ZANU-PF levanta, naturalmente, vários problemas que importa estudar. Um deles é, creio, o papel dos partidos libertadores, dos que conduziram lutas armadas de libertação nacional.

7 comentários:

Anónimo disse...

No caso de uma confirmação da vitópria de Tsvangirai nas presidenciais, o cenário dscrito neste texto é mais do que provável: é quase certo.

Aliás, numa entrevista concedida a vários orgão de Comunicação Social ,Terça-feira desta semana, Tsvangirai disse mesmo isso. Que iria formar um governo que congregasse várias sensibilidades políticas. E disse claramente que iria cinvidar gente da ZANU-FP.

Não acredito que, com o cenário criado com os resultados já divulgados, quem quer que seja esteja neste momento em condiçÕes de givernar sem fazer alianças. Muito menos se não for da ZANU (a componente das Forças de Defesa e Segurança).

Continuemos acompanhando com atenção.

I Chire

Carlos Serra disse...

Partilho o seu ponto de vista: é a solução à Quénia, como previ.

aminhavozz disse...

Provavelmente seja o processo de negociação de um novo governo envolvendo as várias partes, que esteja a atrasar a divulgação dos resultados presidenciais. A questão em debate deve ser quem vai liderar? Mugabe ou Tsvangirai? Que a melhor seja aquela que vai beneficiar o povo zimbabweano...

Carlos Serra disse...

Sim, pode ser. Já não se escondem as negociações. Quem vai liderar é Tsvangirai se não houver "golpe de Estado" (pouco provável, porém, creio, quanto à sucessdo líder do MDC). Quanto a Mugabe, não vai estar como vice (aporia completa), penso que será encontrada uma solução elegante para a sua marginalização enquanto figura governativa, eventualmente um cargo honorífico. Deverão constar figuras com um ou dois delfins da ZANU (interessada em assegurar o futuro em compromisso rápido), eventualmente tb Makoni. Vamos aguardar.

umBhalane disse...

umBhalane disse...
Que há negociações de bastidores, é demasiado óbvio.

Salvar a face dos militares radicais, agora não apoiantes de Mugabe, de que se descartaram imediatamente perante tamanho desaire político pessoal, pois perdeu em toda a linha, dizia, os militares querem salvar-se a si próprios.

Já só pensam em sobreviver, a todo o custo.

Aqui reside o busílis da negociação.

Vamos ver como está o equilíbrio de forças no exército.

2/4/08 11:28 PM

Tal e qual?

Democracia ainda amordaçada, condicionada.

Mas, também SEMPRE fui muito pragmático, neste caso.

Anónimo disse...

Os países da africa austral como o zimbabwe, namibia, moçambique , angola e a africa do Sul em menor escala, têm um sério problema pela frente. é que todos foram e são governados por partidos que lutaram pela independencia ou regimes minoritários e as regras do jogo estavam bem definidas: Proteger e atribuir dividendos aos combatentes que em todos esses paises são a espinha dorsal dos exercitos convencionais e da inteligencia. Por outro lado, no caso concreto de Moçambique, a Frente pela independencia e depois partido, promiscui-se com o Estado de forma que os serviços de inteligencia, do exercito, sistema judicial, etc etc estão tão comprometidos e ligados que não será em uma geração que o cordão se romperá. Neste caso, se o nosso principal partido da oposiçaõ ganhar as eleiçoes nos proximos anos, terá forçosamente que encontrar equilibrios com o partido ora no poder e assim gradualmente ao longo dos anos tentar desmamar o partidão do estado. Não há como, temos que ser realistas, é a nossa triste realidade histórica e teremos que saber conviver com ela para o bem do país. Creio que no Zimbabwe se passa o mesmo e se Tsivangirai souber encontrar o ponto de equilibrio será um homem sensato.

umBhalane disse...

Estou de acordo CONDICIONADO com o Sr. Anónimo das 4:19 de 3/4/08.

Porquê?

Creio que estes foram os resultados para as constituintes:

MDC 48%
ZANU-PF 46%
MUT/IND 6%

Imagine-se agora, mero exercício:

MDC 68%
ZANU-PF 26%
MUT/IND 6%

ou, mesmo:

MDC 58%
ZANU-PF 36%
MUT/IND 6%

Como se ficaria?

Na minha opinião tudo mudaria.

No entanto, continuo a entender, que o partido vencedor, nestes últimos cenários, deveria chamar pessoas de fora, preferencialmente independentes não filiados, ou mesmo de todos os outros partidos, com únicos critérios.

HONESTIDADE, COMPETÊNCIA E ESPÍRITO DEMOCRÁTICO.

No caso vertente de Moçambique, não foi precisamente isso que a Frelimo fez em relação à Renamo?

Ajude-me, por favor.