12 abril 2008

A "hora do fecho" no "Savana"

Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "Na hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Deliciem-se com a "hora do fecho" desta semana:
* Muitos quadrantes se interrogavam sobre o silêncio aparente do jovem tigre, sobretudo depois de ter chegado à cadeira grande do segundo banco do país. Pelos vistos vai estar de volta às manchetes. O seu grupo e o banco já têm luz verde para entrar na empresa do corredor do homem do primeiro tiro, lá para as bandas de Nacala. Os americanos saem da fotografia e entra o jovem. Só que terá de pagar um cheque gordo. São só 27 milhões de verdes e os parceiros querem mesmo ver a mola.
* É grande a baralhação numa escola superior estatal que é conhecida por dar diplomas aos estudantes com cartão do partidão, sobretudo quando já ocupam cargos na hierarquia do Estado. É que esteve entre nós o secretário geral de um partido comunista asiático e a visita foi “rotulada” como de Estado. Um valente TPC para esta inovação moçambicana nas práticas diplomáticas…
* Outro TPC vai para o Zimbabwe. Como é possível anunciar-se apoio ao candidato da Zanu-PF para uma hipotética segunda volta se não se sabem os resultados das votações presidenciais? E pedir a recontagem de votos que formalmente ainda não foram contados? Na terra do tio Bob é possível. Por cá, o tio Afonso já disse que prepara o fato para estar na tomada de posse do sindicalista amigo de Zuma.
* Também levou mais um forte abanão a historiografia do ataque ao posto do Chai no longínquo 25 de Setembro de 1964. Uma série portuguesa que corre entre nós e se reporta à guerra colonial, mostrou variados testemunhos dizendo que o chefe do posto nem estava lá. Por esta e por muitas outras, equipas de antigos combatentes estão a dar no duro para trazer aos moçambicanos muitos acontecimentos que são desconhecidos ou foram deliberadamente “compostos”.
* O coronel das escritas dominicais, depois de tantos P.S. com abraços e rancores resolveu-se por escrita de mais peso. Dizem-nos que o seu livro está quase, quase a ver a luz do dia. Espera-se que a prosa tenha mais sumo que a do seu correligionário do voo rasante.
* Afinal as perdizes não ficaram satisfeitas com uma nova potencial autarquia junto à serra da Gorongoza. O problema é que nos outros nove locais já pré-seleccionados, os seus rivais do batuque e maçaroca ganharam tudo, incluindo verdadeiras cabazadas em cinco dos candidatos a municípios. Vai certamente haver faísca na escolinha do barulho…
* Enquanto o governo não se decide por políticas mais austeras, gauleses e alemães estão em vias de dar o exemplo, depois de muitos anos a pagar alugueres de casas a figuras da “nomemklatura”. Os dois inimigos da II Guerra Mundial têm o projecto de erguer edifício comum para albergar as suas representações diplomáticas na pérola do Índico. Tá-se mesmo a ver a perdiz passar para a Pereira do Lago…
* Com ou sem austeridade, o timoneiro do cachimbo quer o país a acertar o passo com os desafios internacionais: a crise dos combustíveis, a alta das matérias primas de um modo geral. Por isso o cerrar de fileiras da massa cinzenta para produzir pensamento estratégico mais sofisticado que “made in Mozambique”.
* O “pantera negra” chega esta semana à capital para, entre outras coisas, tomar posse da casa que lhe foi oferecida por Samora Machel. Só que tem que vir com uns euros extras na mala para fazer várias reparações depois dos “estragos” de última hora que foram infligidos ao imóvel…
Em voz baixa
* Há festunça da grande porque alguém poderoso e de poder chegou às cinquenta primaveras depois de celebrar o 8 de Março e o 7 de Abril. Abram alas aos controles da febre aftosa e deixem passar os deliciosos cabritos de …Tete.

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