Andam reboliço e pânico em Khongolote, município da Matola, a poucos quilómetros da cidade de Maputo, segundo o "Notícias" de hoje em reportagem a cinco colunas e com duas fotos, dado o "estranho fenómeno da presença de um cão assassino que até aqui é apontado como tendo causado a morte de quatro pessoas e provocado ainda ferimentos de diversos graus a outras cinco." De onde vem o "tão feroz canino" (sic)? Ninguém parece saber. De quando data o fenómeno? De Fevereiro. Por que não se soube disso antes? O jornal nada diz a esse respeito, apenas refere que o caso veio à baila quando uma brigada do partido no poder, a Frelimo, visitou esta semana o bairro residencial de Khongolote. Quais as características do animal? Ninguém parece saber e muito menos o jornal: fala-se num caso em que o animal era de estatura média e cor castanha e num segundo em que não se sabe que características tinha. Onde morde? Dizem alguns que nas mãos. Onde está o bicho assassino? Ninguém sabe. Qual a causa das afirmadas mortes? Há quem diga que tudo tem origem na feitiçaria, mas o director de Saúde do bairro - que deu conta de três casos de pessoas feridas, mas de nenhum morto - aventa a hipótese da raiva. Foram os feridos e os mortos autopsiados? O jornal é omisso a esse respeito. Que medidas foram tomadas? Para já, duas: (1) os moradores do bairrro foram advertidos de que deviam amarrar os cães nas casas para evitar que fossem abatidos pelas autoridades; (2) fez-se uma reunião com a presença de vários tipos de pessoas, entre as quais membros da Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique.
Observação: aqui temos um caso emblemático com material suficiente para estudarmos a génese e o desenvolvimento de um boato, de uma lenda, a partir da eventual presença na área de um ou mais animais animais eventualmente padecendo de raiva. Por outro lado, nenhum esforço foi feito pelo jornal para ir mais fundo no fenómeno. A propósito de ambas as coisas, leia e/ou recorde duas postagens aqui e aqui.
Observação: aqui temos um caso emblemático com material suficiente para estudarmos a génese e o desenvolvimento de um boato, de uma lenda, a partir da eventual presença na área de um ou mais animais animais eventualmente padecendo de raiva. Por outro lado, nenhum esforço foi feito pelo jornal para ir mais fundo no fenómeno. A propósito de ambas as coisas, leia e/ou recorde duas postagens aqui e aqui.
1 comentário:
Nos meus tempos de menino, aparecia um bicho desses la pela Francisco Manyanga de Tete/bairro militar e a rapaziada se ajuntava para lhe dar cabo da vida bem antes de fazer vitimas. Muniamo-nos de paus e pedras, e na maneira dos linchamentos de hoje nos livravamos do bicho. Teve uma vez que perseguimos um bicho desse ate ao Kanongola onde demos o merecido fim.
Nelson-Beira
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