De acordo com a Reuters, decorre a cimeira da SADC sobre a situação política no Zimbábuè, na qual não deve estar presente o presidente Robert Mugabe (à direita na foto). Antes da conferência, um confiante Tabo Mbeki (à esquerda na foto), presidente da África do Sul e apologista da "diplomacia silenciosa", afirmou que não descreveria como crise o que se passa no Zimbábuè, mas como um processo normal. Se quer ler em português, use este tradutor.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
6 comentários:
Se repararem,as alternativas apresentadas pelos pensadores desde a Antiguidade Clássica,conferem diferentes dimensões aos Regimes Políticos.
Essas dimensões estão directamente relacionadas com a estabilidade dos mesmos ao longo dos tempos.Quando os fundamentos do regime político se restringem a duas dimensões, como em Aristóteles, em que a estabilidade da Politeia é precária e é ameaçada pelos dois lados pela Oligarquia ou pela Democracia/Demagogia, afectada ou desafectada pela "classe média", vemos que, rectrospectivamente falando, só há estabilidade quando entra no campo das ideias uma vertente transcendental, mitológica, religiosa ou humanamente inexplicável.
Há um paradoxo, como em Marx, em que o Estado se coopta a si próprio numa autofagia que só é possível quando todos os homens são iguais e perfeitos (talvez deuses)o que subjaz a epistemologia suprema, o conhecimento absoluto em que não há conflitos e todos os fenómenos naturais ou sociais,ou são amorfos, ou são energia pura (talvez a Luz de S.Agostinho),isto é, são não-fenómenos.Aqui não há "classe média". Ou como no Antigo Regime em que Deus pode explicar todos os acontecimentos e é panaceia de todos os males e glorificado por todas as Graças, frutos da realidade de um povo ignorante mas remediado, e satisfeito com o seu humilde Fado, em que tudo se explica num contexto transcendental ou esotérico e em que também não há "classe média".
Parece haver aqui 3 saídas já ensaiadas, e se (nós, ocidentais)continuamos nesta Era a acreditar em Democracia, é porque reconhecemos as nossas imperfeições e limites, talvez a reboque dos Puritanismos e do Actualismo no binómio Democracia=Progresso da América.
Para isso,louvamos o princípio do contraditório, a que subjazem todas as instabilidades próprias da condição humana,porque aceitamos naturalmente que pode haver duas opiniões sobre o mesmo facto.Isto não pode acontecer, quer com Marx, em que os Homens são deuses,
quer para regimes oriundos da "Divina Providência", em que os homens são servos e muito menos ainda em Regimes dominados por Déspotas/Charlatães onde só há uma lógica.Portanto, em que a Verdade já foi alcançada, qualquer que ela seja.
Podemos presumir que estamos numa época em que preferimos a instabilidade e a alternância racionais, mas que talvez já estejamos nessa encruzilhada que se materializa no "choque de civilizações" talvez por pertencermos agora a um "Mundo de todos".
Mugabe, limitou-se a acabar com a classe média e o resultado está à vista.
Salpicão
www.canibalesco.blogspot.com
Chamar o que se passa no Zimbabwe como um processo normal é, no mínimo preocupante. Aliás, se assim o fosse não seria necessário convocar uma cimeira extraordinária para a questão zimbabweana.
Os líderes africanos devem assumir verdadeiramente o seu papel na história e levar avante uma agenda corajosa para tirar o continente do mapa do "faz de conta" somos democratas, faz de conta queremos o bem do povo, faz de conta governamos bem, etc.
Acredito que como dizia um dos painelistas da RM, hoje, é preciso que o processo eleitoral seja o meio de chegar ao poder e não a força das armas. Essas foram necessárias para libertar a África do colonialismo.
Não podemos continuar a insinuar que uma vez que conquistamos o poder à força só poderemos sair de lá também à força. É deveras perigoso. Em fim...
Obrigado a ambos. Quero acreditar que tudo será feito para moldar o chamado "governo de unidade nacional". Por outras palavras, as eleições podem começar a servir para esses reajustes. O Quénia é um exemplo. O Zimbábué poderá ser outro. E amanhã teremos as eleições etíopes, com um cenário de contradições quase tirado a papel químico do Quénia e do Zimbábué em termos processuais. Aguardo saber se ainda hoje sai algum comunicado da SADC.
Parabéns pelos blogues, Tomás, caro conterrâneo da nossa querida Tete! Vou abrir uma postagem especial.
A ideia de GUN é muito boa, gosto dela mas quando olho para as razões por detrás de muitas das iniciativas de GUN fico "passado". O GUN não devia servir de "chupa-chupa" para consolar os inconsoláveis justamente derrotados, e muito menos apaziguar a fúria dos fraudulentamente vencidos como foi o caso de Quénia. Não se deviam criar "intransparências" em torno dos processos eleitorais, se demorar com a divulgação de resultados, gerar violência para no fim se salvar o barco com essa história de GUN. Porque é que de todas as vezes que a ZANU-PF "ganhou" não convidou os membros de outras formações políticas para o tal GUN?
Imagine-se em Moçambique, a Frelimo perde as próximas e alguém qualquer menos o vencedor me vem com história de GUN. Porque que essa ideia nunca nos passou a mente? Vamos deixar que a vontade do povo se feita e de forma pura.
Agora quanto às declarações do Mbeki, muito não me supreendem. para quem sempre defendeu o silêncio, enquanto os Zimbabweanos iam sofrendo achar que o processo é normal não assusta a ninguém. A pergunta que deve e já foi feita é: Porque uma cimeira de emergência para um processo normal? Houve cimeira alguma nos processos eleitorais da A. do Sul, Zâmbia Moçambique? Discurso que pode nos ajudar a prever os resultados dessa "ganda" cimeira.
Já leu o "Pacto de regime" de Máximo Dias, livro de 2004?
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