Esta manhã pude estar algum tempo a escutar a Rádio Moçambique antes de me integrar na conferência sobre violência e trauma que se está a realizar na Faculdade de Medicina. O que estive a ouvir? Um quente debate em torno do informe do procurador-geral da Républica, Augusto Paulino. A Renamo não queria que ele intervisse argumentando que a sua intervenção era anti-constitucional dado ser arguido em processo-crime quando foi nomeado para o cargo pelo presidente da República. A Frelimo queria que ele interviesse pois Paulino não era culpado de nada e a sua intervenção era perfeitamente constitucional, havendo apenas uma conspiração (sic) contra ele.
Mas não é isso que constitui o cerne desta postagem. Sabem do que andei à procura? Andei à procura de uma coisa que amo apaixonadamente: os processos de etiquetagem política, os labelos que cada partido cola defintivamente no outro não importa a propósito de quê, os apodos que são desembainhados sempre que há um debate, os mecanismos de ablação da integridade do outro, os subtis mas definitivos carris simbólicos de linchamento partidário.
Mas não é isso que constitui o cerne desta postagem. Sabem do que andei à procura? Andei à procura de uma coisa que amo apaixonadamente: os processos de etiquetagem política, os labelos que cada partido cola defintivamente no outro não importa a propósito de quê, os apodos que são desembainhados sempre que há um debate, os mecanismos de ablação da integridade do outro, os subtis mas definitivos carris simbólicos de linchamento partidário.
E foi, então, que ouvi um deputado da Frelimo inscrever na galeria das etiquetagens uma nova expressão a propósito da Renamo: "cosmogonia criminal da Renamo".
E, já agora, a propósito da posição da Renamo, um outro deputado da Frelimo afirmou que quem não queria ouvir o informe de Augusto Paulino é porque "está do lado do crime organizado" e quem queria ouvir é porque "está contra o crime organizado".
Cresce em mim a vontade de um dia solicitar autorização para fazer na Assembleia da República a sociologia da etiquetagem política e das suas infra-estruturas sociais.
1 comentário:
Professor, aquela casa daria para muitos tipos de estudo, um que costuma ocorrer-me e: Acusar no lugar de conversar e buscar solucoes- Como algumas sessoes da AR reforcam a intolerancia social e promovem o falar dificil e compreender pouco. Hoje, o meu filho de 13 anos pediu-me para mudar de canal porque nao suportava os modos dos deputados, que la em casa ele aprendeu serem maus. E esses maus modos eram sempre aplaudidos, lamentavelmente por pessoas que muitas vezes vem csa fora queixar-se que a moral da sociedade esta mal e pior acusando os outros de serem os promotores de imoralidades. Sao pessoass que o meu filho e muitos outros jamais respeitarao, feliz dele. Pena e das outras criancas que vao vendo naquele cenario, transmitido em directo para todo o pais, um exemplo a seguit, afinal ate os deputados fazem assim. Isso tudo apesar das insistencias do Presidente da AR para que evitassem discursos belicistas pois segundo ele 'violencia gera sempre cada vez mais violencia e que portanto os deputados deveriam conter de pronunciar palavras que suscitem esse tipo de situacoes' que e o que muitas vezes acaba acontecendo por aquelas bandas.
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