29 abril 2008

Etiquetagem política

Esta manhã pude estar algum tempo a escutar a Rádio Moçambique antes de me integrar na conferência sobre violência e trauma que se está a realizar na Faculdade de Medicina. O que estive a ouvir? Um quente debate em torno do informe do procurador-geral da Républica, Augusto Paulino. A Renamo não queria que ele intervisse argumentando que a sua intervenção era anti-constitucional dado ser arguido em processo-crime quando foi nomeado para o cargo pelo presidente da República. A Frelimo queria que ele interviesse pois Paulino não era culpado de nada e a sua intervenção era perfeitamente constitucional, havendo apenas uma conspiração (sic) contra ele.
Mas não é isso que constitui o cerne desta postagem. Sabem do que andei à procura? Andei à procura de uma coisa que amo apaixonadamente: os processos de etiquetagem política, os labelos que cada partido cola defintivamente no outro não importa a propósito de quê, os apodos que são desembainhados sempre que há um debate, os mecanismos de ablação da integridade do outro, os subtis mas definitivos carris simbólicos de linchamento partidário.
E foi, então, que ouvi um deputado da Frelimo inscrever na galeria das etiquetagens uma nova expressão a propósito da Renamo: "cosmogonia criminal da Renamo".
E, já agora, a propósito da posição da Renamo, um outro deputado da Frelimo afirmou que quem não queria ouvir o informe de Augusto Paulino é porque "está do lado do crime organizado" e quem queria ouvir é porque "está contra o crime organizado".
Cresce em mim a vontade de um dia solicitar autorização para fazer na Assembleia da República a sociologia da etiquetagem política e das suas infra-estruturas sociais.

1 comentário:

Anónimo disse...

Professor, aquela casa daria para muitos tipos de estudo, um que costuma ocorrer-me e: Acusar no lugar de conversar e buscar solucoes- Como algumas sessoes da AR reforcam a intolerancia social e promovem o falar dificil e compreender pouco. Hoje, o meu filho de 13 anos pediu-me para mudar de canal porque nao suportava os modos dos deputados, que la em casa ele aprendeu serem maus. E esses maus modos eram sempre aplaudidos, lamentavelmente por pessoas que muitas vezes vem csa fora queixar-se que a moral da sociedade esta mal e pior acusando os outros de serem os promotores de imoralidades. Sao pessoass que o meu filho e muitos outros jamais respeitarao, feliz dele. Pena e das outras criancas que vao vendo naquele cenario, transmitido em directo para todo o pais, um exemplo a seguit, afinal ate os deputados fazem assim. Isso tudo apesar das insistencias do Presidente da AR para que evitassem discursos belicistas pois segundo ele 'violencia gera sempre cada vez mais violencia e que portanto os deputados deveriam conter de pronunciar palavras que suscitem esse tipo de situacoes' que e o que muitas vezes acaba acontecendo por aquelas bandas.