25 abril 2008

Manchete de "O País" desta semana


Um tema demasiado preocupante, este (pp. 2-3). Neste diário, o tráfico de seres humanos tem sido um dos temas mais frequentes. Do ponto de vista jornalístico, a peça de Lázaro é excelente, no mais puro estilo clássico do jornalismo investigativo. Sugestão: clique duas vezes com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar.
Adenda às 18:35: confira aqui o texto do Lázaro, gentilmente enviado a meu pedido.

1 comentário:

Júlio Mutisse disse...

Dr.

Não li todo artigo do Mabunda mas o lead da notícia parece que mistura muitas coisas: Imigração ilegal (com beneplécito dos agentes referidos) e tráfico de seres humanos (aqui também cabe dizer que o conceito de tráfico na Lei aprovada é também problemático).

Me parece, pelo artigo, que estamos perante a confusão a que Obed L. Khan se referia quando, comentando no Blog do Dr. Macamo, disse e, passo a citar:

"Oi Elísio, eu venho torcendo o nariz ao termo, hoje em voga, de "tráfico de pessoas". Este termo feio é aplicado para os milhares de mahgrebinos que demandam a Europa em barcaças com os mais diversos níveis de conforto e segurança. O termo (feio) é aplicado aos cidadãos da região dos grandes lagos que demandam o eldorado que é hoje a África Austral (principalmente a África do Sul). Estes últimos usam a nossa fronteira de Tete, para entrarem no nosso país, vindos do Malawi.

[...] O que me faz torcer o nariz é a tendência de catalogar como "tráfico de pessoas" um fenómeno milenar que é o da migração. Na verdade, aqueles mahgrebinos que se diz estarem a ser traficadas para a Europa, na verdade, estão a emigrar. Essa emigração pode ser legal ou ilegal. Os cidadãos dos grandes lagos que demandam a África Austral (ou África do Sul) não estão a ser traficadas. Estão a seguir uma tendência milenar que é a de o homem procurar, sempre, as melhores condições de vida, mesmo que em lugares longinquos. Considerar esta tendência humana como "tráfico de pessoas" é abuso de linguagem. É, sobretudo, DESQUALIFICAR A MIGRAÇÃO, QUANDO ELA É FEITA PELAS PESSOAS QUE VIVEM NA PERIFERIA DO MUNDO. Isto porque ninguém há-de ouvir este termo aplicado a um Europeu que migrou clandestinamente para qualquer lugar do mundo. A esse se chamará migrante ilegal. Um Mahgrebino, um africano, um asiático ou um índio que emigra clandestinamente se dirá que foi "humanamente traficado". Esta parece-me uma tactica de o centro se defender da "INVASÃO" da periferia.

Essa linguagem estigmatizadora já entrou, e com muita força, na nossa própria comunicação social. Alguns dos nossos melhores pensadores usam esses termos para se referirem a este tipo de migração. Há uma carrinha que é interceptada no cruzamento de Inchope com 16 jovens recrutados no Dondo para trabalharem na África do Sul (ou no Maputo)? Pois se dirá nos jornais e nas análises sociológicas que estamos em presença de "tráfico de pessoas".

Caro Elísio, não deveríamos começar a chamar isto como migraçao, pura e simplesmente?"

Obed L. Khan in http://www.blogger.com/comment.g?blogID=23576175&postID=8784246942342040598&isPopup=true

Gostaria de ter a sua opinião. Temos que legislar conscientes do que queremos regular sob o risco de multiplicarmos leis sem aplicabilidade.