Nesta prova do ovo de Colombo, falta considerar a terceira personagem: Afonso Dhlakama, presidente do partido Renamo, o maior da oposição em Moçambique.
Atento, inteligente, arúspice dos ventos da mudança no Zimbabwe e, indirectamente, na África Austral, Dhlakama soube rapidamente perceber que também ele poderia fazer o ovo de Colombo rodar em Moçambique. E fê-lo rodar.
Esteve em contacto permamente com Tsvangirai, organizou e protegeu a sua visita ao nosso país, programou-lhe o encontro com o presidente da República, Armando Guebuza.
Dessa maneira surpreendeu quem sempre vê nele a inércia de uma guerra e o ex-líder guerrilheiro sempre violento.
Com o seu ovo a rodar, Dhlakama obteve três aparentes trunfos: (1) um lugar no Zimbabwe onde, sejam quais forem os cenários futuros, Morgan Tsvangirai jogará um papel proeminente; (2) indirectamente e pelo triângulo criado (Zuma/Tsvangirai/Dhlakama), um possível aliado em Zuma; (3) aqui no país, vincou o papel do negociador hábil, conseguindo que Guebuza recebesse Tsvangirai.
Toda esta história revela que a SADC assumiu um novo rosto, um rosto motriz virado para o futuro (futuro que contempla, também, novos tipos de dirigentes), graças em grande medida à oposição (Zimbabwe/Moçambique) emoldurada e indirectamente caucionada pela subversão de Jacob Zuma da África do Sul.
Adenda: segundo a Rádio Moçambique no seu noticiário das 19:30, a Comissão Eleitoral de Eleições do Zimbabwe confirmou hoje que a ZANU-PF perdeu a maioria no parlamento. O MDC, do qual Morgan Tsvangirai é presidente, tem agora, oficialmente, a maioria.
1 comentário:
O Professor pediu-me que informasse todos os seus leitores que por estar sem acesso à net desde esta manhã, não lhe é possivel actualizar o Diário.
Em seu nome as maiores desculpas
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