Com o título em epígrafe, o La Croix francês tem hoje um texto que achei por bem traduzir para vós, a saber: "Mais de três semanas após as eleições no Zimbabwe, os resultados ainda não tinham sido publicados ontem. Pouco inclinados a defender a oposição e respeitando a figura de Robert Mugabe, os dirigentes da África Austral mostram-se reservados. Na África Austral, dedica-se muita importância às noções de soberania e de independência, em razão do passado colonial e do apartheid. Também se tem um grande sentido de hierarquia social e aqueles que lutaram contra o colonialismo formam uma espécie de aristocracia na qual Robert Mugabe é o mais velho. A este respeito, ele beneficia sempre de uma popularidade significativa nos países da região. A recordação do colonialismo sempre está presente e mesmo se as pessoas estão conscientes de que a Grã-Bretanha não é a única responsável pela crise actual do Zimbabwe, eles têm o desejo de recordar aos Britânicos a sua responsabilidade histórica. Os governantes da África Austral têm razão em recordar que os Ocidentais permanecem silenciosos sobre Estados praticando violações dos direitos humanos bem piores do que o Zimbabwe, como a Guiné Equatorial ou a Suazilândia. Nestes últimos dias começaram a agir. Por exemplo, o presidente zambiano Patrick Levy Mwanawasa, que preside à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), pediu que um navio chinês transportando armas destinadas ao Zimbabwe seja afastado dos portos da região. Na África do Sul, o ANC dissociou-se do presidente Thabo Mbeki, que estima demasiado benevolente em relação a Mugabe. Por outro lado, há uma falta de habilidade estratégica do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), o principal partido da oposição. Mugabe acusa sistematicamente a oposição de estar vendida ao Ocidente e, como para lhe dar razão, os dirigentes do MDC não cessam de viajar para obter apoios, com sucesso aliás. Do seu lado, os dirigentes britânicos dão argumentos a Mugabe de cada vez que que se exprimem sobre o Zimbabwe. Morgan Tsvangirai, que afirma ter ganho a eleição presidencial, também cometeu numerosos erros na maneira como geriu as relações com a SADC. Na semana passada, pediu publicamente que Thabo Mbeki fosse afastado das suas funções de mediador. Ora o presidente sul-africano foi confirmado segunda-feira pelos seus homólogos. Qualquer que seja a frustração que estes chefes de Estado sentem em relação ao Zimbabwe, quaisquer que sejam os riscos de desestabilização corridos pelos seus países, não há garantia de que as coisas ficarão melhores: a situação pode piorar" (A questão do dia por Tom Cargill, recolha de Laurent dÉrsu, La Croix, 23 Abril de 2008, referência enviada pelo Ricardo, meu correspondente em Paris).
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
É A CONSTELAÇÃO DOS CAMARADAS...
Enviar um comentário