12 março 2008

Mapa dos incidentes globais


Os Americanos inventaram um Big Brother que, através de mapas via satélite, monitora e dá conta dos incidentes de diversos tipos (incluindo nos aeroportos, gares e portos) que vão ocorrendo a nível mundial, com actualizações de cinco em cinco minutos. Experimente e verá (repare nos flashfocos localizados na Nigéria e na Etiópia, no nosso continente). Obrigado ao Miguel pelo envio da referência.

8 comentários:

Anónimo disse...

Americanos,

é impossível ficar indeferente...

Anónimo disse...

Realmente, bem aventurados os que frequentam este blog. Obrigado
Maxango

OFICINA PONTO E VIRGULA disse...

Aqui estou, o Big Brother em accao. Gosto dessa palavra quando e aplicada com prof. Carlos Serra.
Estou a prepapar um post sobre o Big Brother no blospost.

Abracos

(Paulo Granjo) disse...

Viram aquelas explosõezinhas todas a acender e a apagar? Grande espectáculo! E assim nos convencem de que vivemos num mundo cada vez mais ameaçador e inseguro.

Com isso, sobem os negócios das seguradoras e dos analistas de risco mas, sobretudo, mudamos nós.
Qualquer dia, estamos a aceitar (como os americanos tiveram que engolir o Patriotic Act) que as nossas liberdades, que tanto custaram a conquistar a geracções sucessivas, nos vão sendo tiradas uma a uma, a bem da nossa segurança.

Mesmo se o Benjamim Franklin (também americano, mas de outra cêpa) disse há muito tempo algo parecido com «Quem prescinde de parte da sua liberdade para garantir a sua segurança não é merecedor de nenhuma delas».

Carlos Serra disse...

Coisas do big brotherismo, Paulo...

Nelson disse...

"Viram aquelas explosõezinhas todas a acender e a apagar? Grande espectáculo! E assim nos convencem de que vivemos num mundo cada vez mais ameaçador e inseguro"

Oh caro Paulo não sei em que cidade você mora. Eu moro na cidade da Beira(Moçambique) onde a qualquer momento e por qualquer motivo posso me ver debaixo dum bom pneu e pronto para ser linchado...
Acabo de voltar da faculdade(curso nocturno) e pelo caminho um colega que ia na frente foi arrancado o telemóvel por dois bandidinhos... Quer saber caro Paulo, nem preciso dos EUA para acreditar(me convencer) "que vivo num mundo cada vez mais ameaçador e inseguro"
"aquelas explosõezinhas todas a acender e a apagar" não são inventadas não! estão mesmo acontecendo, tal como as imagens de gente queimadas a fogo que andam espalhadas por aqui. O Mário esteve mesmo prestes a ser queimado. O mundo que vivemos está realmente cada vez "mais ameaçador e inseguro" E digo mais. Está mais injusto, mais desumano...
E quem pensa o contrário, quem pensa que é tudo impressão, tudo obra do "big brotherismo", quem não se precaver vai acordar um dia com tiro na nuca ou algo pior e não venha dizer que os EUA não avisaram que vivemos num mundo cada vez "ameaçador e inseguro"

(Paulo Granjo) disse...

Nelson:

Antes de mais, lamento mesmo muito o susto por que passou. Não apenas enquanto pessoa abstracta, mas enquanto o Nelson, que não conheço pessoalmente mas que fui lendo – e por isso se tornou, para mim, numa pessoa concreta, como que um vizinho.

É bem verdade que, para quem tenha sido assaltado, violado, assassinado, linchado, ou estropiado/morto num acidente, as estatísticas de criminalidade e sinistralidade (que, já por si, valem o que valem) não interessam para nada. A desgraça é sempre absoluta para quem a vive. Só que está de fora, qual espectador num camarote, é que a pode olhar de forma impessoal e relativa.

Mas é exactamente devido a esse carácter absoluto e ofensivo da desgraça pessoal que eu acho que devemos ter cuidado com coisas como esta.
Há gente viciada em adrenalina, que precisa de arriscar para se sentir viva. Mas para nós outros, comuns mortais que apenas queremos levar a vida da melhor forma possível, o medo é uma vulnerabilidade que se pode tornar uma arma política contra nós.
Há sempre inseguranças e riscos – e a vida ocupa-se de, de vez em quando, nos lembrar isso. Mas vivemos realmente num mundo cada vez mais ameaçador (do que decorreria que precisaríamos de protecções muito mais fortes contra essas ameaças)?

Estamos todos legitimamente preocupados com a criminalidade e horrorizados com esta onda de linchamentos (e, alguns de nós, indignados com a miséria urbana e o abandono rural). Mas é mais perigoso viver hoje em Moçambique do que era há 20 anos atrás? Eu não estava cá, mas parece-me evidente que não – tanto em termos de integridade física como de segurança alimentar.

Mesmo sem uma guerra civil para servir de contraponto e mesmo com novas fontes de terrorismo (que há muito existe, mas não ameaçava os “patrões do mundo”) e de ameaças tecnológicas e ambientais, pode dizer-se o mesmo do resto do mundo. Mesmo juntando a esses factores a criminalidade urbana, nunca se viveu em tanta segurança como hoje em dia se vive nos países ricos – comparando com outras épocas históricas, ou com outras zonas do mundo.

Isto, apesar de, olhando o mapa, se ficar com a sensação de que a África é o continente mais seguro para se viver. Apetece dizer que estão a gozar com a gente, mas não estão.
Porque este mapa não é feito para ser lido a partir daqui. Nós também lemos, porque temos Internet, mas somos irrelevantes para quem o fez e para os seus objectivos. Este mapa é feito para ser lido nos Estados Unidos e Europa e para reforçar, aí, a sensação de insegurança e de necessidade de medidas musculadas.

Como muito bem diz, aquelas coisas aconteceram mesmo. E nem importa muito discutir se uma explosão numa mina de carvão ou um desgraçado que leva um tiro perto de um oleoduto, por razões desconhecidas (que podem bem ser económicas, pessoais ou racistas), devem estar num mapa de “incidentes terroristas ou suspeitos”. É só um “esticar da corda” por parte de quem o faz. Interessa o efeito pretendido (e conseguido) ao juntar todos esses dados e ao pô-los a piscar, como se estivessem a acontecer neste preciso momento: o mundo está a arder! a fortaleza está cercada!

É por isso que, mesmo antes da onda de linchamentos, já me questionava se devemos temer mais o crime (e/ou as ameaças externas), ou o combate a ele.

Carlos Serra disse...

O que escreveu, Paulo, tem muito para nos levar a pensar. Fixei, em particular, esta passagem: "Este mapa é feito para ser lido nos Estados Unidos e Europa e para reforçar, aí, a sensação de insegurança e de necessidade de medidas musculadas."