Tenho para mim que a pedra angular do zicoísmo é o corpo da mulher, não o corpo enquanto parte integrante de uma personalidade digamos que espiritualizada (mulher, mãe, esposa, algo que seja a mulher-tipo da vida real, digamos que a mulher das convenções), mas o corpo destacado, absolutizado, separado da mulher múltipla, emissor de sinais, o corpo erotizado, quase animalizado, evacuado dos códigos morais (lembro-me dos sinais corporais emitidos durante algum tempo pela Dama do Bling).
A sexualidade é uma coisa, uma coisa da nossa vida, uma coisa normal. Mas o erotismo é outra coisa, é a sublimação da sexualidade, a sua exposição em estado bruto, a um tempo desmagificada e re-apetecida, a sua forma tornada apetência, o corpo tornado objecto reconstituído pelas linhas do sexo-consumo. Na moderna indústria de consumo, o corpo é isso, rigorosamente isso, um objecto de consumo.
Ora, no zicoísmo - neste Moçambique maputizado da subversão de muitos padrões de sexo e moral -, esse corpo emissor de sinais, objectificado como artigo de consumo audio-vídeo, presta-se à reconstrução imediata, quase brutal, pela indiferenciação, primeiro enquanto qualquer corpo (qualquer corpo serve para o sexo, mesmo o das albinas na Maboazuda), depois enquanto corpo usado em qualquer posição sexual (com clímax canino, como na Nakudjula Hi Doggystile).
A produção consumista do corpo feminino, rudemente erotizado no zicoísmo (importará ainda saber por que se constitui como sistema), amplia a subversão de uma certa moral e de uma certa concepção do corpo.
Nota: a qualquer momento posso rever tudo isto. Já agora, vejam o penúltimo comentário de MM no anúncio inaugural desta série.
A sexualidade é uma coisa, uma coisa da nossa vida, uma coisa normal. Mas o erotismo é outra coisa, é a sublimação da sexualidade, a sua exposição em estado bruto, a um tempo desmagificada e re-apetecida, a sua forma tornada apetência, o corpo tornado objecto reconstituído pelas linhas do sexo-consumo. Na moderna indústria de consumo, o corpo é isso, rigorosamente isso, um objecto de consumo.
Ora, no zicoísmo - neste Moçambique maputizado da subversão de muitos padrões de sexo e moral -, esse corpo emissor de sinais, objectificado como artigo de consumo audio-vídeo, presta-se à reconstrução imediata, quase brutal, pela indiferenciação, primeiro enquanto qualquer corpo (qualquer corpo serve para o sexo, mesmo o das albinas na Maboazuda), depois enquanto corpo usado em qualquer posição sexual (com clímax canino, como na Nakudjula Hi Doggystile).
A produção consumista do corpo feminino, rudemente erotizado no zicoísmo (importará ainda saber por que se constitui como sistema), amplia a subversão de uma certa moral e de uma certa concepção do corpo.
Nota: a qualquer momento posso rever tudo isto. Já agora, vejam o penúltimo comentário de MM no anúncio inaugural desta série.
6 comentários:
(Ora, no zicoísmo - neste Moçambique maputizado da subversão de muitos padrões de sexo e moral). Desculpe o atrevimento professor, a que padroes sexuais e morais refere-se? Fico com suspeita de o professor estar a trocar pornografia por erotismo, e a pornografia que cabe no sexo corpo consumo e nao o erotismo. Erotismo é o conjunto de expressões culturais e artísticas humanas referentes ao sexo. A palavra provém do latim ‘eroticus’ e este do grego ‘erotikós’, que se referia ao amor sensual e à poesia de amor. Pornografia é representação, por quaisquer meios, de cenas ou objetos obscenos DESTINADOS a serem apresentados a um público e também expôr práticas sexuais diversas, com o fim de instigar a libido do observador. O termo deriva do grego πόρνη (pórne), "prostituta", γραφή (grafé), representação. Quase sempre a pornografia assume caráter de atividade comercial, seja para os próprios modelos, seja para os empresários do sector. Wikipedia. Onde fica a musica do Zico porque apesar de poder ser conotavel com obscenidade ela nao a verbaliza, julgamos intencoes ou reconhecemos a nossa postura nessas intencoes? O video entao, sera que foi produzido com o proposito de ser difundido? Enquanto nao aparece esta resposta tenho que e apenas uma pratica sexual, que pedaco consideravel pratica, e nao pornografia.
Muito obrigado pela informação. Mas ainda não acabei a série...
Gosto muito dos teus comentários e explicações sobre este assunto. Um abraço da Suécia - Bosse
Prof
Li atentamente os 4 posts ate agora publicados e li os respectivos comentarios.
Como muitos, penso que o comportamento do Zico (tambem prefico o C) reflete ao meio ao qual ele esta inserido.
Tive o desprazer de ver atentamente (e audivelmente) o Video pornografico ao qual o Anonimo se refere, e pude notar que ha mais uma voz feminina, fora a do Zico, da moca e do "camera man".
Ou seja, foi premeditado e propositado...
Qual o objectivo da gravacao nao sei, e nem sei se era intensao do Zico tornar publico.
Mas isso deixo que os restantes que por ca passarem me tentem explicar...
LV
Na continuidade da série, não irei abordar o vídeo, justamente porque ignoro o contexto em que nasceu. Obrigado Bosse.
Se nos dedicassemos mais tentar fazer com que a boa música passasse nas radios moçambicanas talvez a música do Ziqo não tivesse tanta fama. Sempre que o Azagaia lança uma nova música e a Rádio do POVO não toca não vejo nem oiço tanto barulho, pelo contrário, fazem um discurso básico conformista e voltam para a sua busca diária de coisas para difamar.
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