28 março 2008

Povo moçambicano é pacífico, logo 5 de Fevereiro não foi moçambicano (2) (prossegue)

Depois do presidente da República, Armando Guebuza, do presidente da Assembleia da República, Eduardo Mulembwè, e do ex-ministro dio Interior, Manuel António, terem olhado para as manifestações populares de 5 de Fevereiro de forma realista, surgiram alguns pesos-médios do partido Frelimo a tentar inverter a marcha.
Assim, o primeiro foi Feliciano Mata, porta-voz da bancada parlamentar do partido, que decidiu atribuir às manifestações o selo da Renamo, a saber: "O porta-voz da bancada, Feliciano Mata, disse sexta-feira ao “Notícias” que a forma como a bancada parlamentar da Renamo-União Eleitoral se comportou durante a sessão de informações do Governo provou (sic, C.S) aos moçambicanos o seu envolvimento e responsabilidade nos actos de vandalismo que se registaram a 5 de Fevereiro último nas cidades de Maputo e Matola, ao fazer comparações absurdas e irresponsáveis sobre as manifestações. Com efeito, o deputado Luís Gouveia, da bancada minoritária na AR, disse, na circunstância, entre outras coisas, que em qualquer parte do mundo as manifestações nunca são pacíficas, senão no cemitério."
Agora, foi a vez de Macuácua que, em discurso de púlpito, decidiu que o problema é bem mais complexo: simplesmente quem se manifestou não era Moçambicano. Seguindo a lógica de Mata - que ligou a Renamo aos "actos de vandalismo" -, Macuácua amplia o argumento e sustenta que os manifestantes ("os indívíduos", asseverou) de 5 de Fevereiro nada têem de moçambicanos...dada (afirmação implícita) a participação da Renamo e de outros irresponsáveis e desonestos.

5 comentários:

AGRY disse...

Apenas para lhe transmitir o seguinte. A velha expressão mais papista que o papa não me parece que se aplique aqui.
Tenho para mim que a politica apropria-se, quando dá jeito, das boas técnicas da arte cénica. Podemos estar a assistir a uma peça com os intervenientes conhecidos e com uma encenação assinada “pelos do costume”

Anónimo disse...

Professor,
começa a ser hora de uma análise sociológica aos comportamentos e palavras desta personagem de seu nome Edson Macuácua. Desde Ripua e Simbindy que a nossa politica não tinha um actor tão interessante e interveniente.

É complicado perceber se o homem fala a titulo pessoal ou é apenas porta-vóz, pois que mesmo no seio do partido no poder, conheço muitas pessoas a quem o comportamento politico e conteúdo das suas afirmações começa a ser mal aceite e de complexa justificação.

De cada vêz que uma camara de televisão ou um microfone se aproximam do jovem ele assume aquela posse de intelectual guerrilheiro urbano e desata aos tiros. O problema é que ou muito me engano ou o alvo mais atingido são os pés do próprio e os daqueles que pensa defender.

Carlos Serra disse...

Creio que a sua sugestão é excelente. Macuácua ainda não se apercebeu de que justamente está a disparar para os pés e de que isso pode ter consequências complicadas para além do perímetro dos seus pés. Deverei referir-me a isso na continuidade da série.

Anónimo disse...

Claro Professor, um retrato exautivo deste jovem Edson e' necessa'ria. Penso que ele pode ser a anti-imagem ou homotetia da imagem do Ziqo/Zico, do outro jovem musico que encheu de forca, pensando que fazer musica e' aquela crueldade canina no devir do 'sexo' posto ante alucinac,ao fatal das companhias levianamente expostas. Ficam apavorados os que nada entendem o fito das mensagens pk elas aparecem com rotulos por esmiuc,ar, propriedades por comparar e inferir. Uma ana'lise impunha-se tb neste caso.

Anónimo disse...

Penso que pronunciamentos inflamados do Sr. Macuacaua fazem parte de uma estratégia deliberada e bem planeada na Pereira do Lago. Uns devem aparecer em publico com um tipo de discurso pragmatico para os ouvidos das chancelarias aqui representadas. Ao macuacua cabe-lhe a missão de ser o irreverente, o que espelha a verdade do pensamento dos camaradas e consequentemente atingir sempre o eterno inimigo: a perdiz.