26 dezembro 2007

Os mandarins

Os mandarins são pessoas saudável e honestamente subtis. A sua proposta de diálogo inteligente disfarça pela bonomia o que é sempre o seu objectivo último: mostrar a superioridade ngungunhânica do seu pensamento. Eles sabem disso, mas sempre pretendem ser madres teresas de calcutá (o bom Schopenhauer era suficientemente calmo e irónico para revelar isso e falar da "obstinação natural ao homem"). Essa a base do competente maquilhado de desinteressado: onde afirma combater pela Verdade, combate pela sua verdade paroquial. Transforma em interesse universal misericordioso o seu interesse privado ciumento.
O mandarim usa várias técnicas para fazer passar a sua disfarçada e burguesa luta pela Verdade (já escrevi neste diário que ele tem um especial horror pela política declaradamente declarada). Eis quatro, entre outras:
1. Recurso às autoridades, aos especialistas, aos textos canónicos, ao manto sagrado da ciência, às hipóstases transcendentes, aos cardeais do saber, às regras impolutas da arte científica de pensar. Mostrar que tem opiniões desinteressadas é a suprema arte do competente no preciso momento em que afirma que os outros não sabem pensar.
2. Recurso ao vernáculo local. Invocar formas línguísticas locais, provérbios, subtilezas idiomáticas, é sempre uma tentativa de mostrar ao outro que existem saberes intangíveis aos estranhos, saberes que são sagrados, intransponíveis, patrimoniais, verdadeiros. E nos momentos mais grandiosos, os cardeais da Verdade recorrem ao latim, que fazem copular com idiomatismos tropicais.
3. Recurso ao assexuamento. Catalogar as opiniões de outrem como pertencentes a categorias execráveis, ultrapassadas pela história. Hoje é o tempo das almofadas globalizadas e por isso os mandarins amam mostrar que não habitam em nenhum local político ou ideológico, que longe, estúpido e inconsequente vai o tempo do activismo social, da esquerda e da direita, dos investimentos políticos, da luta pelos deserdados da terra. Na sagrada família dos mandarins, eles são os centristas livres de conceitos entorpecentes, pois são o conceito em si, os sujeitos em si, os "críticos críticos" como diria Marx.
4. Impugnação da realidade. Os mandarins amam mostrar que o objecto, que a realidade é um logro, que tudo não passa das representações de sujeitos. Lá onde há uma pedra, os mandarins dirão que tudo depende do conceito de pedra que cada um tem. Cada um tem a pedra que quer e o desconforto ou o conforto que deseja. E, afinal, até nem existem pobres (que conceito ultrapassado!): o que existe são diferentes formas de riqueza. Uns têm mais, outros menos, outros estão no meio, é tudo questão de processo e de paladar epistemológico, de conceito.
Nota: a qualquer momento posso modificar estas breves e canhestras notas cheias de...verdade.

44 comentários:

Anónimo disse...

o que amusica do azagaia faz!!! meu Deus!

Anónimo disse...

A música como umas das formas mais belas da arte deverá ser antes de mais um veículo previligiado para transmitir emoções.Para levantar as consciências sociais mais adormecidas!

O que precisamos é de muitos Azagaias! é imperativo acordar as gentes deste meu país deste doce fare niente...

Saibamos então todos nós cantar a uma só voz!

AGRY disse...

Num puro exercício de autoplágio, direi:
É sobejamente conhecida a capacidade que a direita tem para recuperar o que a critica. A direita para sobreviver lança mão de mecanismos obscuros e enganadores para disfarçar a sua vocação histórica. A direita é, por definição, a aliada natural dos poderosos, dos opressores e dos manipuladores da opinião pública. A direita é conservadora, é retrógada. A direita é como os insectos: sai mais forte quanto mais fortes são as doses de DDT que lhes aplicam. Quem domina, há séculos, o mundo? São os mandarins de todas as geografias
Os teóricos e os defensores da neutralidade e do absentismo balofo, nem sequer ousam em recusar as suas origens ideológicas. Quando se sente encurralada, a direita em nome de uma certa liberdade, de uma espécie de liberdade formal, uma liberdade a prestações
que permite institucionalizar a exploração dos homens por outros homens, por vezes utiliza os seus jornais e os seus jornalistas para emboscar os leitores com ideias e palavras capturadas à esquerda
“É altura de protestar, porque se nos deixamos levar pelos poderes que nos governam e não fazemos nada por contestá-los, pode dizer-se que merecemos o que temos"."Estamos a chegar ao fim de uma civilização e aproximam-se tempos de obscuridade, já não há muito tempo para mudar o mundo", afirmou José Saramago.

Anónimo disse...

porque teriam os mandarins de ter opinioes desinteressadas?! Os mandarins da direita sao diferentes dos mandarins da esquerda? entre os mandarins da esquerda e os mandarins da direita, encontram-se os desgraçados que tentam sobreviver no dia-a-dia, aqueles que fazem das garrafas de agua vazia que os mandarins jogam no lixo, sapatos, e sao tristemente instrumentalizados pelos mandarins tanto da esquerda como os da direita. Sob capa de preocupaçao desinterssada, ambos os mandarins, querem impor o seu pensamento como verdade universal, inquestionavel.

"Quem domina, há séculos, o mundo? pergunta agry "São os mandarins de todas as geografias" sim, sim os mandarins da esquerda do partido unico e os manadarins da direita, os desinteressadamente apaixonados pelo poder, aqueles que amadurecem as suas ideias nos livros das livrarias das grandes cidades (Paris, Frankfurt) ideias mundializadas, embrulhadas numa bandeira, verde, amarela e vermelha e por isto nacionalisadas, moçambinanizadas. Trocam-se as elits, mas a musica é a mesma. Os que jogaram com a bola de trapos ontem, e hoje jogam com bola de cristal, nao se inibem de mandarinizar seus irmaos.

Joana disse...

"Trocam-se as elites, mas a musica é a mesma. Os que jogaram com a bola de trapos ontem, e hoje jogam com bola de cristal, nao se inibem de mandarinizar seus irmaos."-frase do anónimo que diz tudo.

AGRY disse...

Não é muito salutar responder a anónimos.
Eu sei que sob o anonimato se poderá ocultar a direita e a falsa esquerda.
Para o anónimo, a esquerda situa-se no velho mundo, inevitavelmente. A Ásia e Áfica nunca produziram intelectuais e revolucionários de esquerda! Triste sina!
Por outro lado, queria chamar a atenção do anónimo que ninguém, aqui, usou linguagem panfletária. Nem fulanizou ideologias. Nem etiquetou pessoas, em concreto.
Independentemente da margem ideológica onde nos situemos, haverá alguém com o mínimo de honestidade intelectual ,que possa questionar ter sido a esquerda, e em nome dos seus ideais, que se derrubaram muitos dos muros da intolerância e da opressão fascizante, um pouco por todo o lado?
As centenas de milhares de desaparecidos, de mortos e de exilados foram condenados em nome de ideologias conservadoras?
Concordemos, ou não, com os “ idealistas” de esquerda, não temos o direito ( ninguém o tem) de generalizar e , mais uma vez, apropriar-se do universo linguístico da esquerda, para a criticar.
A esquerda, a verdadeira esquerda, aquela que pegou em armas para derrubar regimes opressores, que morreu nos cárceres das policias politicas, não pode ser profanada com a bílis ideológica destilada por uma certa direita ultraconservadora que sempre pretendeu a perpetuação do Poder nas mãos de uma minoria iluminada.
A defesa forçada, porque artificial, dos coitadinhos é um problema congénito da direita sempre que se vê coagida a substituir-se à esquerda. Esta linguagem populista e paternalista será o traço definidor dos ideólogos de uma ideologia obscurantista e opressora.
Não devemos amalgar conceitos e posturas. A falsa esquerda não começou a ser julgada após a queda do muro de Berlim. Não é só nas livrarias que podemos aceder a estas demonstrações. No terreno, na luta diária, muitos homens e mulheres lutam por um mundo melhor.

Salvador Langa disse...

Xi manos esquecermos Nkrumah, Amílcar Cabral e Samora e tantos outros com felicidade desta esquerda sem tempo que a direita não gosta no seu tempo?

Xiluva/SARA disse...

Pois é esses camaradas dignos que Deus tenha em descanso deviam ter nascido fora, isso incomoda os guardas do templo.

Anónimo disse...

E os tres morreram de forma tragica...

Anónimo disse...

Eu disse em algum sítio neste blog que a auto-proclamada Esquerda não tem o monopólio do desvelo pelo bem estar dos moçambicanos. Mais ainda, nenhuma ideologia possui a fórmula da felicidade do nosso povo.

A táctica da dita Esquerda, aqui em Moçambique, consiste em demonizar, de forma sistemática, o poder instituído, com recurso habitual a acusações não fundamentadas. Não nos apresenta, a tal Esquerda, as soluções que ela possui para o bem estar de Moçambique.

Os auto-proclamados esquerditas são incapazes de nos apresentar um único caso em que eles conseguiram instituir um país próspero, sem desigualdades, sem pobres, sem opressão, ou seja, o tal paraiso na terra que infantilmente apregoam.

Gerir um país é como gerir uma família. O progresso não cai do ceu, nem é produto de teorias bonitas, por mais aparência humanística em que venham impregnadas. O progresso é fruto do trabalho, no qual tanto os esquerdistas como os direitistas deveriam envolver-se com afinco.

Conheço, no entanto, outras formas de professar os ideais da Esquerda. Nessa forma a maledicência, o boato, a calúnia, a demagogia e o paternalismo não são aceites.

Obed L. Khan

Xiluva/SARA disse...

Já estava a fazer falta aqui um guarda do templo, surgiu o pater familias.

Anónimo disse...

O que vocês, a tal "Esquerda" sabem é colar rótulos nos outros: mandarins, guardas do templo, aliados do poder...

Tudo técnicas de demonização e de fuga ao debate de ideias. A Esquerda que nós conhecemos, a verdadeira Esquerda, não se serve de expedientes torpes.

Os grandes arautos da Esquerda foram, sempre, gente aberta ao diálogo. A gente vos lê, percebe logo que se está em presença de futuros tiranos. Intolerantes, auto-suficientes e convencidos de terem a solução final.

Obed L. Khan

Xiluva/SARA disse...

Ámen!

Salvador Langa disse...

Xi xamuáli camarada Obede vc sabe muitas coisas.

Salvador Langa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Você sabe muito poucas coisas Esquerdista Esfinge. Sem ironia.

Obed L. Khan

Anónimo disse...

Muitos comentadores deste blog que, pelos seus escritos, é fácil identifica-los como adeptos do neo-liberalismo, vão se declarar comunistas e esquerdistas por lealdade com o Professor Carlos Serra.

Mas, como diz Elísio Macamo, desejo boa sorte às vítimas da vossa acção, da vossa solução final como diz Obed.

Sobre o uso do vernáculo. Vão ler os poemas do Professor, onde ele imita a maneira de falar dos "moçambicanos". Não é digno do famoso Parafuso? (Para quem não conhece Parafuso, devo esclarecer que foi um grande intelectual, escritor e declamador muito em voga nas décadas 60 e 70 do século passado.

AGRY disse...

Ninguém me passou procuração como defensor do Prof. Carlos Serra. No entanto, não posso deixar de mostrar a minha indignação contra a deselegância (torpe e insultuosa) ao compará-lo ao Parafuso
Concedo, mesmo assim, o beneficio da dúvida ao Anónimo na expectativa de o ver assumir uma postura digna, vertical e reconhecer que não faz a mínima ideia de quem era o Parafuso.
Os mais jovens poderão, eventualmente, ter ouvido falar dele. Talvez, muito vagamente
Ora bem, Parafuso era também um tipo de Direita. Impregnado até ao tutano da ideologia colonial-fascista. Era ( não sei se ainda é vivo) um racista abjecto, um verme.
Dizia-se imitador dos pretos e da língua de cão, era esta a sua linguagem. Pretenderia o anónimo colocar na mesma escala, Carlos Serra e Parafuso? Por agora, fico por aqui

Gabriel Matsinhe disse...

Estimado Agry, a descrição que faz do Parafuso é exacta. Vê alguma diferença entre a imitação dos pretos desse indivíduo e Carlos Serra. Este último coloca o facto inverosímil de dois camponeses que falam bastante mal o português, escolherem precisamente este idioma para os seus diálogos do quotidiano.

Pode ser que Agry veja diferença entre o direitista Parafuso e o esquerdista Carlos Serra. Eu não consigo ver.

Releia os textos de Carlos Serra em que imita o "linguajar" dos pretos.

Queria exactamente demonstrar a semelhança de alguns "direitistas" e alguns "esquerdistas"


Gabriel Matsinhe

Anónimo disse...

"Diário de um amante das palavras" é o blog de Carlos Serra onde podem ser encontrados os textor Parafuseanos referidos aqui

Xiluva/SARA disse...

Confesso que não sei Professor como tolera tanto insulto e tanta aleivosia deste tipo de pessoas. Isto ofende outras pessoas num blog que é sério.Espero que possa tomar medidas profilácticas.

AGRY disse...

Estimado Matsinhe, peço-lhe que mantenhamos uma certa elevação nos comentários. O facto de não concordarmos com o nosso interlocutor, não nos dá o direito de nos afundarmos numa linguagem e numa caracterização que não corresponde, objectivamente, à verdade e à lisura que define as pessoas adultas e com o mínimo de formação intelectual.
Sinceramente, quando intervi, há momentos, fi-lo na expectativa de o ver retirar a infeliz comparação que estabeleceu. Nunca esteve no meu horizonte impor-lhe opiniões de outra jaez.
Seja o que for que o separa de Carlos César, insisto, por razões de ética ninguém tem o direito de o rotular da forma como o Matsinhe o fez. Não é possível, desculpe
Abraço

JCTivane disse...

Não vinha aqui há algum tempo. Infelizmenmte ao voltar encontro tudo isto.Sempre aqui disse que há ideias de Serra que não aceito, mas não posso aceitar tambem todo este chorrilho de coisas nojentas. E como ja aqui aconteceu várias vezes volta-se eo racismo mais baixo. Quando nos falham os argumentos vai-se ao baixo e até à vida pessoal o que o Serra pode verificar lendo um ou dois dos sites aqui. Sem duvida é preciso tomar medidas contra este tipo de coisas quase sempre de gente cobarde e anonima. E nao é por eu ser negro que vou mostrar que sou negro e que outros sao amarelos e brancos. Tenho dito.

Anónimo disse...

Pior ainda é que o Professor nao fala em nomes nem se refere a aspectos pessoais. Mas ha quem entenda que ele se refere a eles. Va ver os blogues que linka, Professor, va ver como prope o Tivane.

micas disse...

Acho que conheço bem o Carlos.Foi meu PROFESSOR à mais de 30 anos.

Daqueles que deixam marcas! dos que nos ensinam os mais nobres valores:
Democracia,frontalidade,respeito...

Pela sua postura perante a vida e perante a sociedade, custou-me muito hoje ver neste espaço lindo de aprendizagem e troca de saberes, alguns dos mais abjectos insultos.

Que não se concorde.Óptimo!Mas insultos, não meus senhores! Saibamos defender as nossas posições com elevação, dignidade, frontalidade e sobretudo com RESPEITO!

A ti Carlos o meu muito obrigada por todos os teus ensinamentos

Anónimo disse...

Professor veja os comentarios em varios post de um tal de Langa.
celso

Anónimo disse...

E no Macamo tb.
Bila (aluno em 1982)

Reflectindo disse...

De acordo Tivane que nem sei do que devo acrescentar. RACISMO BAIXO É NOJENTE.

Não entendo como é que certas pessoas se sentem apontadas, quando ao contrário são elas a apontar por nome a Prof Carlos Serra. Não vi em lado nenhum onde ele propõe silêncio qd ao contrário os que o acusam são os que o propõe.

O pior de tudo, todos os que o acusam de fazer política no seu blogue, são os que tb exercem a política nos seus e noutros. Atacam a políticos e propõem não diálogo. Atacam sempre a outros cientistas desde que nas suas investigacões não lhes agradam. Não vi mais quem diz a dizer que era o BOM CIENTISTA SOCIAL.

O Egídio Vaz disse bem. Nos blogues fazemos activismo. Isso é o que noto em quase todos. Blogue é um espaco...

Volto quando tiver tempo, mas repito que racismo é nojente, pior ainda quando é baixo.

Carlos Serra disse...

Olá! Perdoem-me só agora responder. Creiam que foi para mim um grande prazer ler todas as intervenções. Segui o conselho de alguns e fui espreitar alguns blogues. De facto, verifiquei que o meu nome é aí muito referido, por vezes ou muitas vezes referido de forma deselegante, coisa que não faço neste blogue, um dos meus muitos blogues. Aqui não comento A ou B em particular. Mas há gente que põe em causa tudo o que sou (a minha integridade) e/ou faço, mesmo os livros que escrevo. Estou certo de que um dia eles também escreverão, o país precisa disso e deles. Queria dizer-vos que raramente deixo comentários em outros blogues e que se o faço, faço-o amigamente. E quando escrevo textos do género "mandarins" não me refiro a A ou B, mas há gente que entende que é a eles que me refiro. Tudo bem. Quanto aos anónimos preocupados com Maria e João do blogue "diário de um amante das palavras" -público há vários meses -, podeis crer que prosseguirei o estudo exploratório das múltiplas formas de falar do nosso país, especialmente as formas híbridas, mestiças, que conheço bem na minha terra, lá em Tete. Quanto ao racismo, sobre ele tenho escrito, comos sabem alguns de vocês. Sempre defendi que o racismo é uma arma a todo-o-terreno que se usa quando estão em jogo recursos de poder e se disputa certo tipo de hegemonia. Acho isso fascinante. Blogues são recursos de poder. Há muitos outros. Deveis ainda saber que não responderei aos comentários agrestes aqui feitos por certas pessoas. Finalmente: eu mostro-me de frente, com foto e tudo, não fico atrás do anonimato, aqui, onde não impeço ninguém de escrever, de comentar e, até, de dizer certas coisas aborrecidas. Irei pensando, entretanto, no sentido de evitar que o blogue se transforme no palco de certo tipo de comportamentos verbais mais aborrecidos e que incomodam certos leitores. Um forte abraço para todos e um feliz fim-de-ano, com votos para um melhor 2008.

Anónimo disse...

Força nosso Professor precisamos de ti para pensarmos, querem que sejas "branco", mas nos ensinaste a ser Mocambicanos. a luta continua como sempre dizes.
Bila (ex aluno)

Anónimo disse...

 O diálogo não só aqueceu, incendiou-se e alastrou a outros distintos bloguistas da nossa praça. Em consequência, são bem visíveis fortes “estaladuras” do verniz.
 Estas ocasiões têm o mérito de mostrar a qualidade da maquilhagem com que alguns de nós nos disfarçamos – logo, despertam consciências, despem máscaras, são úteis!
 Estamos numa quadra onde deve prevalecer a paz, concórdia, o bom senso: mais razão e menos a emoção. Uma época em que devemos fazer um esforço para … contar até dez antes de lançarmos farpas venenosas a quem pensa de maneira diferente (pode ser que entyretanto mudemos de ideias). É tempo de assumirmos que: (i) a diversidade gera progresso; (ii) a unanimidade gera acomodação, seguidismo, estagnação; (iii) por vezes perdemos a razão - não pelo facto de a não termos - mas pela forma como a expressamos.
 Nos tempos que correm tem pouco interesse prático a discussão filosófica sobre o ser de Esquerda ou de Direita – pois, como alguém bem disse em comentário anterior: "trocam-se as elites, mas a musica é a mesma”. É mais produtivo concentrar esforços em estimular o surgimento de elites nacionais que, entre outros méritos, tenham preocupação social. Precisamos que floresçam muitas destas elites.
Florêncio.

PS – Para realçar a imparcialidade deste blog, tomo a liberdade de sugerir ao Professor que PONDERE sobre o interesse de uma postagem do género: “BARÓMETRO: o MELHOR e o PIOR da semana (quizena ou mês)”. Desta forma, quem quiser expressar o que de bom ou mau foi feito pelo Governo e sociedade em geral no período especificado tem onde fazê-lo.

chapa100 disse...

1-concordo que aqui as coisas aqueceram, como foi no passado nos varios temas aqui retractados, e vai ser assim no futuro. sobre o racismo nao tenho nada que comentar porque ha muita gente pouco preparada aqui nestes comentarios para discutir sobre isso (primeiros teriamos de falar terapeuticamente de alguns esteriotipos que perseguem a muita gente).
2-nos ultimos tempos tenho assistido e participado neste debate que se quer silencioso, sobre a posicao do activismo e da reflexao de alguns blogistas. nao esta sendo um debate aberto, os motivos disso ultrapassam a minha reflexao, mas posso referir que ha posicoes descordantes que de uma forma bloguista-telepatica tem se dirigido e discutido entre varios blogues identificados. e porque a comunidade blogista intelectualmente competente e pequena, torna-se facil identificar o enunciado telepatico do debate ou endereco a quem sao dirigidos os comentarios e posts.

3-agora existem aqui na blogsfera mocambicana varios "estilos" de blogismo, o que acima de tudo influencia a maneira como alguns temas sao tratados. por isso os blogs aqui tem donos, nao sao propriedade de uma sociedade ou governo, sao propriedado do individuo que bem se identificou. entao nada de ilusoes a muitos leitores e lesados leitores. por isso o autor tem o direito aceitar ou bloquear comentarios, assim como o leitor tem o direito de visitar ou nao o blogue.

4- resta so pedir o bom senso de todos, vamos reflectindo na reflexao.

Carlos Serra disse...

Florêncio e Jorge: sois muito gentis, muito obrigado. Cá por mim, que amo xadrez e depois de ter lido hoje o que li (aqui e em certos cenáculos bloguistas em termos de acinte pessoal), estou a tentar perceber que jogada de saída está a ser feita nos tabuleiros de xadrez que não conheço. Vejo já os dois bispos contrários ao ataque quando apenas tenho jogado com peões...Forte abraço!

AGRY disse...

Cruzei-me, há algum tempo, com o Florêncio e interroguei-me sobre as suas intenções na “ provocação” que me lançara. Apercebi-me ,depois, estar na presença de uma pessoa intelectualmente muito equilibrada e interessante o que, aliás, vim a confirmar ( e a reconfirmar) algumas semanas, mais tarde.
Em relação ao verniz, às elites e à música, ocorre-me dizer: os arautos da cerimónia fúnebre das ideologias estão a ensaiar uma fuga em frente.
Nos detalhes, do quotidiano das nossas existências, cruzamo-nos com divergências ideológicas. No mais pequenino pormenor, surge a diferença!
Einstein virou a física newtoniana do avesso mas não a destruiu. Euclides afirmava que só foi possível chegar onde chegou, porque o fez caminhando aos ombros de um gigante!
Menosprezar, em nome de falsos profetas, o contributo teórico (e prático) de grandes pensadores que tiveram a ousadia e a capacidade de apontar caminhos rumo a um mundo melhor, é uma espécie de exercício suicidário colectivo.
Ninguém intelectualmente saudável pode ignorar os contributos de Marx, de Lénine, de Fidel, de Nkrumah, de Amilcar Cabral, de Fanon, e de tantos, tantos outros.
Nacionalizar a cultura, a ciência e os demais saberes, poderá encher o ego de quem o refere mas é muito redutor.
A mundialização tão propagada pelo neoliberalismo, não se compadece com conceptualizações regionais e regionalistas do planeta.
Os outros, que costumam proclamar que há a paz dos ricos e há a paz dos pobres, há a democracia dos ricos e a democracia dos pobres, também gritam:
O pacifismo não tem sentido para aqueles, nomeadamente no “Terceiro Mundo”, cuja vida se parece com uma morte lenta. Para salvar a vida, é preciso mudá-la e “a paz chama-se desenvolvimento”.
Não quero ( nem posso) abusar do espaço e da disponibilidade do autor deste Diário.
Termino, como faço muitas vezes, com Amilcar Cabral:
“Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”.

Anónimo disse...

Eu não conheco Agry. Nao sei se ele (ela) é branco(a) ou negro(a). Nem sei se é homem ou mulher. Porque seria racismo, ou descriminação contra o género se eu comparasse seus escritos com os de Rosa Luxemburgo (uma esquerdista desta vez)? O melhor não seria que ela (ele) próprio(a) tentasse demonstrar em que é que o que ela escreve é diferente do que escreveu aquela celebre comunista? Ou ela(e) ou os seus seguidores.
Não teria como entende-la se, ao invés disso, ela(e) ou outras pessoas viessem argumentar com base na estratégia de vitimização, do género de que eu estaria a promover a descriminação do género. Independentemente da raça de Carlos Serra (que para o caso é irrelevante), tenho todo o direito de achar que a maneira como ele representa os seus conterrâneos de Tete é, no mínimo, incorrecta. Carlos Serra apresenta aquelas pessoas a balbuciarem num português deplorável os seus sentimentos, o seu amor, os seus desejos. Depois, invariavelmente, Carlos Serra aparece a racionalizar aquele linguajar primário e básico. A imagem que ele transmite daqueles Tetenses não lhes é abonatória. E se ele tivesse dito que aquela era a maneira de falar das pessoas da minha província natal talvez a minha indignação fosse maior.
Muitos intelectuais costumam fazer este tipo de representações do nosso povo. Independentemente da raça desses intelectuais. Apresentam o povo simples como bronco, apenas capaz de pronunciar, num linguajar primário, sentimentos e factos básicos.
Para quem conhece Moçambique há-de saber que aquelas representações são, no mínimo, falsas. Os moçambicanos têm uma expressividade rica e as suas linguas, do norte a sul, permitem-lhes expressar seus sentimntos, seus desejos, seus amores… com beleza e com muita sabedoria. Mesmo os conterrâneos de Carlos Serra têm a lingua Nhungwe, a lingua Sena, a lingua Nyanja, todas elas bastante ricas e com vocabulário propenso à poesia e à sabedoria. Colocar os camponeses do vale do Zambeze (que eu conheco bem) a se expressarem daquele modo bronco não é diferente do que Parafuso fazia. Chamem a isto racismo ou não.

Gabriel Matsinhe

Anónimo disse...

O camarada capitalista Matsinhe ja pagopu com o seu socio os vencimentos daquela gente que voce foi buscar na terra dos nnhungwes, daqueles que voces exploravam como escravos no Goldem Roses na provincioa de Maputo? Por isso voces os conhece nbem? Vamos lá falar camarada.
(Bila, ex-estudante da Facotrav)

Anónimo disse...

Caro anonimo, sua argumentacao demonstra aa saciedade que deve nao ter passado da fase preparatoria da FACOTRAV. Se fosse como voces comecava agora a vitimizar-me.

Gabriel Matsinhe

Anónimo disse...

Voce camarada capitalista Matsinhe é muiuto manhoso. Nos tempos da luta la nas nossas bases sempre aparecia um xico como o camarada falando que aquele é do norte, aquele do sul, aquele branco, aquele indiano. perdemos muita gente por causa de xicos assim. Vamos la falar camarada Matsinhe Samora vos conhecia bem e outros como eu tambem.
(Bila, Facotrav completa)

AGRY disse...

Apercebi-me, há momentos, da postagem sugerindo que eu me desracialize, será isto?
Recorda-se , certamente daquelas fichas humilhantes que no passado colonial todos tinham que preencher e onde era exigido que se assinalásse sexo, a raça, a cor dos olhos, etc, etc.
Satisfaço um pouco da sua curiosidade sem, no entanto, recorrer à figura jurídica que dá pelo nome de providência cautelar. Bem, estou a fazer algum esforço por gracejar porque, sinceramente, não acho interessante, nem relevante, a definição prévia das características físicas dos nossos interlocutores.
Sou do sexo masculino e incolor.
Quanto ao resto, reservo-me para outra oportunidade. Tive oportunidade de consigo
trocar, ontem, alguns comentários e devo confessar, que fiquei agradavelmente
surpreendido com a sua postura. Por isso, não me parece sensato reagir, a quente, ao seu comentário de hoje..

Anónimo disse...

Camara Matsinhe onde esta o camarada? Voce esta na Goldem roses a ewsta hora? La de que cor sao os trabalhadores? Vamos la falar camarada
(Bila- Facotrav completa)

Anónimo disse...

Eu sou brasileira, não conheço Moçambique ainda e acompanho o trabalho do prof. Carlos Serra através de seus blogs, inclusive os poéticos. Quanto aos textos de “João e Maria”, creio que em nenhum momento foi ali sugerido que a população simples de Moçambique padece de pobreza vocabular, incapacidade de se expressar ou coisa do tipo. Não é preciso ser um erudito para perceber que o prof. fez ali o que grandes escritores brasileiros já fizeram, a exemplo de Guimarães Rosa em sua obra emblemática “Grande Sertão: Veredas”, uma das mais belas e importantes obras literárias em língua portuguesa, na qual a linguagem utilizada pelo autor – o linguajar inventado de jagunços sertanejos - é que cria a realidade que se quer apresentar. No caso de “João e Maria” dá-se o mesmo. Acresce que é sabido de todos que o professor Serra é um criador e multiplicador de neologismos, inclusive em sua sociologia. Também em outras criações poéticas suas é dado a inventar uma maneira própria de se expressar em língua portuguesa. Acaso é esse algum tipo de ofensa ou desrespeito ao idioma e a toda população falante do português? Creio que não. A literatura tem suas formas particulares de retratar a realidade, de reconstruí-la, inventá-la e até desfazê-la totalmente, ao que chamamos também de “licença poética”. Portanto, não se trata, em absoluto, de racismo ou achincalhamento e este tipo de acusação soa insultante e baixa, sobretudo por surgir num debate onde resta claro que não há mais argumentos contra o que se pretende atacar.

Anónimo disse...

Entao camarada Matsinhe favor dizer nos uma coisa: voce tambem tem socios chineses p[ara explorar madeira la na Moamba? VCamos la falar camarada.
(Bila- Facotrav completa)

Anónimo disse...

Respondi a Agry e aa Brasileira em outro espaco.

Talvez reiterar aqui que ha uma grande diferenca entre os camponeses do val do Zambeze e os sertanejos de Guimaraes Rosa. Joao e Maria, diferentemente dos Sertanejos, nao sao falantes do Portugues. Eles teem as suas proprias linguas nas quais se expressam muito bem.

Diminue-lhes, e muito, po-los a expressar os seus sentimentos numa lingua que desconhecem. Rebaixa-os e primariza-os. Aquelas pessoas flam bem o Nhungwe, o Nyanja ou o Sena.

Gabriel Matsinhe

Anónimo disse...

Bila, o pior e o que cria mais problemas em Mocambique é a falta de pudor de alguns concidadãos. Fazem o que fazem e nunca reconhecem ao que fazem contra os seus próprios irmãos para depois recorrem o racismo. O Gabriel Matsinhe busca aqui e ali a cor da pele para defender-se do esclagismo de Moamba. Talvez os que ele tem não chegam? Tivesse o Gabriel algum pudor pediria ele desculpas exactamente aos Nhungwes e Ndaus ou Senas a que chegou de escravizar. E dizem os críticos deste tipo de concidadãos não NADA.