O jurista Custódio Duma, da Liga dos Direitos Humanos, responde aos seus críticos aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
24 comentários:
Valeu, Prof, por ter publicado este artigo.
MRS
A crítica da crítica deve obedecer a cuidados redobrados, digo eu.
Amalgamar a crítica e o criticado, assemelha-se ao ditado “chover no molhado”.
O virtuosismo dos críticos dos críticos é suspeito. Desde logo, não concede o benefício da dúvida aos seus pares.
Desisto de fazer contorcionismos com palavras!
Quando a esmola é grande, o pobre desconfia, será aqui que moram os fundamentos dos críticos de Custódio Duma?
Como dizia Nazim Hikmet, grande poeta turco, mais vale acender um fósforo na escuridão do que um holofote à luz do dia.
Pessoalmente esperava a reacção de C.Duma já faziam alguns dias. Fui acompanhando como as críticas foram se aguçando a ponto de em alguns casos se tornarem abuso como Duma diz...
É bom que ele tenha de alguma forma reagido.
Ver postagem sobre procurador Paulino.
Essa vai dar que falar professor...
Deixem-me citar, prazenteiramente, o Duma: "O espelho que temos do nosso país quando lemos os relatórios é de um Estado grandemente próspero e de paz social. Todos cantam a mesma canção, infelizmente, até certas agências internacionais preferem cantar essa música. Contudo, quando fechamos os relatórios e olhamos para a realidade vemos o contrário, vemos a multidão de desempregados enchendo as ruas, vemos mulheres morrendo a caminho do hospital, vemos crianças morrendo por falta de cuidados de maternidade. Vemos criminosos a solta, um sistema judiciário deficitário, vemos pessoas morrendo de fome. Vemos serviços públicos fragilizados e uma forte onda de corrupção generalizada."
Como pode alguém ler isso e chamar de "baboseira"?????
Realmente é muito profundo e sábio.
Obed L. Khan
Ok. Rendo-me. Vocês todos mais o senhor Dumas são muito sábios, corajosos e vão mudar o mundo.
E quando vocês tomarem o poder vão acabar, de uma assentada, com o bando de esfomeados e de desempregados. Concordo convosco que, como vocês são honestos ao contrário dos que estão no poder agora, acabavam com esses males em dois dias. Ou no máximo em dois meses.
Realmente é muito profundo. Eu é que não queria compreender. Com a vossa grande ajuda já entendi.
Viva Chefe Dumas!
Obed L. Khan
"Ok. Rendo-me. Vocês todos mais o senhor Dumas são muito sábios"
Caro Obed...
Afinal para si tratava-se duma disputa onde deviam sair vencedores e vencidos?
Não sei como é com outros, mas pessoalmente nunca vi nesse prisma os debates que desfilam aqui.
Para mim é um espaço onde dizemos oque pensamos e ouvimos oque os outros pensam. Por sermos diferentes em diferentes aspectos pensamos logicamente de forma diferente... Cada um tem a liberdade(consagrada na lei) de dizer oque pensa desde que o faça respeitando os outros que igualmente gozam do mesmo direito de dizer oque pensam...
"Como o ferro com ferro se aguça, assim o homem afia o rosto do seu amigo. Provérbios 27:17"
Penso que nesse espaço "afiamos o rosto" um do outro...e não podendo eu afiar o seu rosto não deveria impedir-te que afiasses o meu, mesmo que fosse meu direito fazê-lo...
"sarcasticamente" considerar(como fez) "Vocês todos mais o senhor Dumas" de "muito sábios, corajosos" e que "vão mudar o mundo" pode revelar muita coisa em relação à sua pessoa e seus interesses nos debates...
A falta de honestidade de seja lá quem for pode tirar legitimidade da denuncia ou critica mas não tira a veracidade do que denuncia ou critica...
Sintetizo abaixo a razão da minha crítica a Duma e a todos os "críticos" que alinham pelo mesmo deapasão. Coloquei este post no blog dele. Afinal n tenho 2 caras e continuo a achar que ele se sente abusado pela frontalidade (a mesma que se lhe reconhce) com que muitos de nós criticamos os seus posicionamentos.
Eis me...
A fiscalização do poder é necessária. Ninguém nega isso.
Eu acho que seria louvável que todos intelectuais da praça se levantassem e dissessem algo sobre o rumo que o país está ou pretende trilhar. Infelizmente, como bem o dizes, muitos são omissos.
Mas temos muita lata vazia que faz muito ruído também. É que, para mim, crítica é mais do que FALAR ALTO o que outros falam baixinho. Crítica é mais do que DIZER O QUE TODOS DIZEM.
Como alguém disse no blog do Dr. Serra, é preciso ter MUITAS BASES para afirmar que o país já não tem património. Esta é uma conclusão grave. E infelizmente, para ser uma VERDADEIRA CRÍTICA, v. Excia não nos deu as premissas a partir das quais chegou a tal conclusão.
É só por isso que eu critico o que tem dito. Ninguém quer calar a sua "frontalidade". Com tu milhares de moçambicanos dizem o que tem dito: são frontais. Mas será isso crítica? Me parece que não... e alguns (como o professor Elísio Macamo e Patrício Langa só para citar alguns exemplos) acham também que não.
Leio com afinco os escritos do professor Elísio Macamo embora descorde dele algumas vezes. Leio regularmente os escritos de Mia Couto (um exemplo os "sete sapatos sujos") e lá encontro crítica. Porquê? Porque estes além de, por exemplo, nos brindarem com a afirmação de que "o país já não tem património público" brindam-nos com a explicação de COMO chegaram a tal conclusão. V. Excias dr. Duma em nenhum momento faz isso. Fica-se por dizer "o país já não tem património público". Isso é grave para ser dito e ficar-se por aí.
É ai onde estamos. Não basta lançar conclusões é necessário dizer como chegamos a elas. That´s my point. Quando aparecer a CRITICAR a sério terá as minhas palmas.
Antes que me perguntem porque não o fazes: estou a preparar um dossier criticando o modelo de concessões adoptado várias vezes em Moçambique e outro sobre relações laborais mais concretamente as estabelecidas entre representações diplomáticas e particulares (sejam nacionais ou estrangeiros sem estatuto diplomático).
Estarão no meu blog em breve.
Martin.
Os Obeds não estão a debater, mas fazem advocacia a si mesmos.
É só juntar todos os discursos desses e fazer um resumo, para ver o que sai. Até conseguem atribuir a roubalheira e má governacão dos actuais a quem não está no poder, mesmo que os munícipios onde eles já não governam se sente a diferenca, ainda que não fosse a perturbacão dos mesmos com indicacão de ditos administradores.
Obed e companhia, não se rendam porque precisamos de vocês e vossos discursos para percebermo-lhes a melhor.
A propósito:
- a questão do António Máquina, secretário permanente de Sofala, como vai?
- Nos últimos dias do Filipe Paúnde, actual Secretário-Geral da Frelimo, como governador, nomeou seu sobrinho, Augusto Ferro, como administrador de Rapale. Também denunciou-se do rebanho que angariou "ilegamente" em nome de governacão aberta.
Vamos ver se os juristas que não especulam procuram investigar o Máquina e Paúnde. E dirão que não cabe a eles?
MRS
Martin de Sousa é teimoso demais sem responder.
DO património da Beira, senhor fale-nos
O que se trata,aqui suponho eu, é duma tentativa de se amordaçar o espírito crítico.
Já li comentários produzidos neste blog com conteúdo próximo de Custódio Duma.
Críticas avulsas, é certo, mas que devidamente compiladas resultariam num texto semelhante, suponho.
Os reparos que haverá, eventualmente, a fazer terão a ver com a objectividade e a justeza (ou não) das críticas e, nunca, com questões meramente pessoais.Condicionar quem quer que seja, rotulando-o ,à partida, de estar à procura de visibilidade não me parece justo.
Neste caso concreto, validaremos a oposição a Duma se ela repousar numa crítica despida de preconceitos e tiver como alvo a clarificação dos factos.
A discordância pela discordância e agravada pela circunstância de assentar em critérios subjectivos e/ou do foro pessoal, não me parece uma atitude louvável
Mais sério agora e sem ironia (que parece ter caido mal) vou tentar dizer resumidamente porque torço o nariz perante estes discursos. É porque os considero perigosamente demagógicos. A Demagogia (do Grego, dmaggos) é uma estratégia política que consiste em apelar para as emoções (ódios, medos, sentimentos, amores, desejos) para ganhar o apoio popular, mediante uso da retórica e da propaganda.
É, na verdade, uma degeneração da democracia, em que os políticos (ou pretendentes a políticos) mediante concessões aos sentimentos mais primários dos cidadãos, procuram conseguir ou manter o poder.
Também pode considerar-se a demagogia como um tipo perverso da oratória que permite atrair para os próprios interesses as opiniões dos outros, utilizando falácias ou argumentes APARENTEMENTE VÁLIDOS que, sem embargo, após um exame das circunstâncias envolventes, podem resultar inválidos ou simplistas.
Para os demagogos, o poder se conquista e se mantêm através de promessas fáceis e ilusórias, impossíveis de se sustentar a longo prazo, que tendem a indicar como os interesses colectivos das massas populares, ou da parte mais preponderante dessas massas, coincidem, na realidade mais para lá de toda a verdade lógica de bom governo, com os da comunidade nacional tomada no seu conjunto.
É perigosa a demagogia. Sociedades empobrecidas como Moçambique costumam ser terreno fácil para a sua emergência. Em vez da “situação revolucionária” de Lenine teríamos aqui a “situação demagógica” . Hão-de vir com promessas falaciosas de acabar com o exército de desempregados, de acabar com o bando de famintos e de acabar com as desigualdades sociais. Tudo promessas falaciosas que o seu exame não nos permite vislumbrar como eles resolveriam essas preocupações seculares dos nossos povos.
Nós sabemos que o nosso país padece de todos os males que Dumas levanta. O que nós queremos ouvir de um político e intelectual como ele é como se abordam responsavelmente esses males.
Agora queria apresentar-vos alguns recursos usados pelos demagogos para aferir se Dumas e outros não os estão a usar profusamente.
(i) FALÁCIA - argumentos que deturpam a relação lógica entre elementos, ou que adoptam premissas evidentemente inaceitáveis; (ii) OMISSÕES – apresenta-se informação incompleta, excluindo-se possíveis problemas, objecções e dificuldades, o que resulta na apresentação de uma realidade falseada, sem incorrer directamente na mentira; (iii) REDEFINIÇÃO DA LINGUAGEM – consiste na eliminação progressiva das palavras que prejudicam a posição de demagogo; tentar modificar ou fazer desaparecer a forma de pensar que se opõe aos seus argumentos; (iv) TÁCTICAS DE DESPISTE – desviar a discussão desde um ponto delicado para o demagogo até algum tema que domine ou que apresente alguma vantagem em relação ao seu oponente. Não responde directamente às perguntas nem aos desafios; (v) DEMONIZAÇÃO – esta aproximação consiste em associar uma ideia ou grupo de pessoas com valores negativos, até que esta ideia ou grupo sejam vistos negativamente ; (vi) FALSA DICOTOMIA – o demagogo apresenta os seus pontos de vista como as únicas opções possíveis. Como exemplo típico aqui no blog temos a tendência de apresentar as opiniões contrárias como sendo a daqueles ligados ao poder. Supõe uma definição simplista da realidade e dessa forma consegue evitar o debate dos pontos de vista contrários pois são vistos como associados a algo negativo. Ademais, não toma em consideração as outras possibilidades e opções.
Alguns sentem-se confortados por um discurso ou texto demagogo. Sentem renascer suas esperanças de um mundo melhor na base das promessas falaciosas dos demagogos. São perigosos sobretudo porque não têm nada consistente a oferecer ao nosso povo. Para além das lamentações grandiloquentes contra a corrupção, o roubo do património público, as desigualdades sociais, os bandos de famintos e de desempregados, não nos apresentam um plano de abordagem desses problemas que seja realista e adequado às circunstâncias políticas, económicas, sociais, culturais e históricas da nossa terra
Obed L. Khan
Obed L. Khan
Tu te defines bem. É demagogo, demagogo, demagogo...
Tantos exemplos de corrupcão e com nomes se dão aqui e acolá, mas esquivas a responder precisamente isso.
Obrigado por te defineres com precisão.
Achei interessante o seu trabalho de casa! Aliás já noutras ocasiões tive a oportunidade de lho dizer.
No que me respeita, o meu comentário não era dirigido a ninguém, em concreto.
Devo confessar que também não me senti atingido pelas suas palavras.
Por razões diversas que não vou perder tempo a enumerar.
Numa leitura apressada poderei concluir que os alvos serão outros.
Não irei bater em retirada. Manter-me-ei atento na perspectiva de poder entender melhor as várias posições
Abraço
Para quem não conhece o discurso da Frelimo pode imaginar que Obed, esses da Frelimo estão a achar outros como demagogos, mas não. O discurso deles quando não têm como justificar a desgovernacão e roubalheira, criminalidade, injustica é de fazerem-se eles mesmos de melhores porque são conhecidos, já roubaram que chega bla, bla, bla. Dizem eles que os outros não têm agenda de governacão como se entrassem de facto nas cabecas de cada mocambicano para ver que quem não seja da Frelimo tem um QI inferior; quem critica os desmandos, tem um QI inferior. Dizem eles que quem não seja do grupo de ladrões dos governantes ( pois que tal insulto estende-se mesmo a quem seja da Frelimo, mas crítico sobre o estado das coisas), é porque quer o poder para roubar. ESPECULACÃO PERIGOSÍSSIMA.
Mas os mocambicanos sabem a partir da escolha inteligente de alguns municípios que em Mocambique temos mocambicanos com maior QI que desses que andam só a roubar, escravizar seus compatriotas, criar injustica, etc.
Expandir informacão de que HÁ SIM ALTERNATIVAS EM MOCAMBIQUE é a missão de quem ama Mocambique. As alternativas provadas não foram donativos do poder, mas recursos humanos do rico Mocambique. É missão de cada académico, político e cidadão fazer mudancas em Mocambique, usando as vias democráticas. Vigilantes como se deu na Beira, os albuquerques espalhados em todo Mocambique, não terão efeito.
De facto, há razão de agradecer o Abed L. Khan que nos disse que o seu discurso e o dos seus amigos é para se manterem no poder.
Para já sugeria eu para também analisarmos com profundidade o Paúnde e o seu discurso.
Ó Obed, o que não queremos é ver o nosso país a ser maltrado como o é, ponto final.
MRS
Oi Agry, hei-de comentar oportunamente seu comentário. Pode ter a certeza de que aprecio teus equilibrados comentários.
Obed L. Khan
Primeiro, quero dizer que fiz um meu comentário ou texto sobre a crítica ao Custódio Duma no meu blogue, isto não para desviar o assunto, mas registá-lo, incluindo os links por onde o assunto se discutiu.
Segundo, não sei se sou eu que não entendo o Prof Serra. Parece-me que alguns dos seus críticos lhe podem atribuir coisa que ele não disse em certos casos. Muitas vezes, se estou certo, o Prof. Serra só provoca o assunto ou seja lanca a bola ao ar e, deixa todos a vontade para discutir sobre ele. É com certeza o estilo de muitos professores que tive que em seminários eram os que pouco falavam para além de evitarem ao máximo em julgar de estúpida a intervencão, muito menos pergunta de qualquer estudante. Até diziam, não há pergunta estúpida. Irritou-me com certeza nos princípios pq estive acostumado a professores autoritários, que só eles que sabiam, sendo os que davam solucões e respostas certas de qualquer pergunta, mas depois isso passou-me.
Boa-noite
Há-de ser por isso que alguns de nós saem frustrados. Já um dia li o comentário de alguém que sinceramente não lembro mais(melhor assim) que se declarava rendido, fazendo-me acreditar que essa pessoa tinha vindo de alguma maneira disputar, procurar impor seus pontos de vista e vencer a batalha das ideias e palavras....
Nelson, alguma vez ouviu falar de ironia? Vá reler o meu texto e veja se encontra lá alguma rendição.
Ademais, se neste blog alguém tenta impor seus pontos de vista, até com recurso a torpes insultos, esse não sou eu. Eu procuro debater, expondo até à exaustão meus pontos de vista. Creio que com honestidade
Tenho tentado debater respeitando os pontos de vista e a integridade humana dos meus oponentes. Nunca achincalhei ninguém.
Sei que muitos gostariam ver a juntar-me ao coro da unanimidades. Dos sim senhor Professor. Só que eu penso com a minha própria cabeça, não sigo nenhum mestre. E sempre que sentir que discordo do Professor Serra ou de qualquer outra pessoa irei dize-lo. Mesmo que isso incomode aos novos cultores da unanimidade.
E se lhe respondo a si, especificamente, é que nas suas críticas não vi ainda nenhuma agressão nem grosseria. É possível não concordar contigo sem descambar no insulto barato.
Obed L. Khan
Obrigado caro Obed L. Khan...
"E se lhe respondo a si, especificamente, é que nas suas críticas não vi ainda nenhuma agressão nem grosseria. É possível não concordar contigo sem descambar no insulto barato"
Isso para mim é um elogio...Obrigada de coração.
Já agora vou lhe confessar que algumas vezes vontade não tem faltado de "escambar no insulto barato" mas acho ser muito pequeno chegar-se até ai(insulto batato)...aliás como alguém me escreveu essa manhã
"...independentemente dos motivos que levaram a guerra, a paz ainda é mais importante"...
Felismente nunca tive essa tentação. A do insulto. Argumentos não me têm faltado, graças a Deus.
Obed L. Khan
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