Depois de Marx, Weber , Gramsci e Keynes, mais nada de brilhante se escreveu neste planeta na definição de um presidente da República e de um Estado até que hoje, dia 16 de Dezembro de 2007, surgiu o editorial do semanário "domingo", de onde extracto os parágrafos 4.º e 5.º : "Armando Guebuza é, sobretudo, um homem de acção, vindo à tona a sua mentalidade empresarial, pouco dada a abstracções filosóficas, mas profundamente crente nas possibilidades de o povo se erguer, por si mesmo, em desenvollvimento sustentável./Guebuza concebe o Estado como uma organização de tipo empresarial, com regras próprias, para produzir riqueza em função do bem-estar das pessoas. Talvez um micro-universo de empresas públicas e privadas, marcadas pela vertente social, em que o Estado desempenha o papel principal, impulsionador, com os pés bem assentes numa filosofia política de não à exploração do homem pelo homem, intervindo no privado sempre que o bem comum nacional o exija. Assim sendo, escapa ao perfil tecnocrático" (p. 2).
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
13 comentários:
É ano de eleicões autarquica, não é?
E o semanário Domingo pode passar a se chamar "A voz da Revolução"...
Nelson, dizes que pode passar a se chamar? Melhor é dizer que já é. Aliás sempre foi...ESTAMOS CANSADOS DE "PUXA SACOS" NÃO ACRESCENTAM NADA...
É assim como as ditaduras emergem. Um suporte "intelectual" "forte", amorfa e sempre "atenta" ao trabalho do chefe, sempre a justificar actos e "realizações" que os demais não vêem. Quem disse que uma experiência empresarial constitui um valor acrescentado a gestão dum Governo? Se fosse assim, então, não acham que seria melhor chamarmos o senhor MBS ao cargo de Ministro de Comércio?
Ah sim, PR sabe bem aliar as duas coisas. Por isso a sua Insitec esta em tudo do que é grande empreendimento estatal! Parabéns.
Indiscutivelmente um editorial surpreendente. Ou não.
Acabo de ler a última edição do Semanário Domingo e fi-lo para estar bem por dentro. É incrível como se pode dizer muita coisa sem dizer nada. Há quem comenta lá no Domingo que a atitude ordeira da bancada da oposição prova que o estado da nação é bom. Que argumento?.
"Gebuza veio mostrar que não é desses"
Veio demonstrar isso que que a frelimo de hoje já não é aquela que estava genuinamente preocupada com o o povo. A de hoje esta isso sim preocupada em usar o povo para ganhar tanto quanto poder...
E eu repito oque disse em outras ocasiões, só não vé quem não quer. E não precisa ser da oposição para se revoltar desses discursos...
"....os pés bem assentes numa filosofia política de não à exploração do homem pelo homem,..." mais palavras para quê? Se o Domingo não qualifica a Golden Roses, os vários empreendimentos chineses, entre outros, como exploração de homem pelo homem, para quê mais palavras?
Vaz, queres depois que o país fica como Guiné-Bissau?
"Gebuza concebe o estado como uma organização de tipo empresarial...Talves um micro universo de empresas públicas e privadas marcadas pelas vertentes sociais..."
Continuem as coisas como vão, e cedo não sobrará nenhuma distinção entre as públicas e as privadas. As vertentes sociais deveriam sê-lo na originalidade e não como forma de promover a imagem ou calar os sentimentos de culpa causado pelos "side effects) das empresas(gestão delas). A responsabilidade social devia ser vista não só nas "acções aspirinas"...
Se não suspendessem a Golden Rose é bem provável que cedo organizasse um lanche para as crinças vulneráveis de algum desses nossos bairros e seria um acção com toda cobertura dos "mídias estatais" e seria considerada uma iniciativa louvável mesmo que a troco disso os trabalhadores da empresa estivessem a viver em condições de escravos...
Editorial, ou anedotório dominical?
Para Presidente da Republica precisamos de um Homem com perfil ESTADISTA - pessoa versada em negócios políticos do Estado – e não de um EMPRESÁRIO - pessoa versada em negócios comerciais.
Não conseguindo libertar-se da capa de empresário, Guebuza transforma a República numa empresa holding: MOÇAMBIQUE, SA, na qual assume o cargo de PCA com vários pelouros dependendo directamente de si.
Guebuza, como refere o editorial do “Domingo”, “… profundamente crente nas possibilidades de o povo se erguer, por si mesmo, em desenvolvimento sustentável…”, ou seja, confiante na auto-suficiência do povo, canaliza os recursos do Estado para projectos onde directa ou indirectamente tem interesses económicos (o povo não precisa, é auto-suficiente).
Os recursos que a Mavimbe, de Guebuza, e outras empresas e empresários foram buscar ao Tesouro e não pagaram, poderiam /deveriam ter sido aplicados pelo Governo na construção de muitas escolas, furos para a captação de água, postos de saúde, melhoria de outras infra-estruturas. Não foram.
Um Estadista, quando assume a MISSÃO de representar todo um Povo, tem de saber libertar-se dos interesses pessoais no mundo empresarial. Tem de colocar todo o seu saber e energias ao serviço do País: não pode fazer que delega a responsabilidade da gestão dos seus interesses empresariais a terceiros e, na prática, utilizar o Estatuto para reforçar o poderio do seu império económico.
Abraço,
Florêncio.
Bom, o incrível é haver jornalistas em pleno século 21 com mentalidade da idade média. Eu, ha bastante tempo que deixei de comprar o jornal domingo pela qualidade de pasquim que apresenta semana após semana. DEIXEM DE BAJULAR E TRABALHEM SEUS MALANDROS.
Tenho a pré-certeza de que quem escreveu o editorial (pelo estilo talvez não seja difícil saber quem é) não se apercebeu de que, num ápice, fornecia aos leitores o que nem sempre se encontra nos manuais ditos de ciência política: a chave do funcionamento do Estado, no caso vertente, do Estado moçambicano. Até ao editorial do "domingo", creio que apenas Marxz tentou a caminhada em centenas de páginas. O editorialista do "domingo" apenas precisou de alguns parágrafos, coisa, sem dúvida, de génio.
> Mãozinha bajuladora … de quem percorreu os caminhos da fé, do jornalismo e do direito … agora incumbido de estimular o culto da personalidade de figuras como Dom Emílio e Dona Luísa.
FM
Na caminhada de centenas de páginas, pode ler-se a certa altura:
"Onde há partidos politicos, cada partido localiza a causa de tais males no facto de estar o partido contrário, em vem dele, ao leme do Estado.Mesmo os politicos radicais e revolucionários buscam a origem do mal não na própria natureza do Estado, mas sim numa determinada composição do Estado que eles pretendem substituir por outra composição.
Dito doutro modo:
"È preciso cerveja para os operários moçambicanos e vinho para os proletários franceses"
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