Um dia, Georg Simmel escreveu num dos seus livros uma secção chamada "A noção da importância histórica". Essa secção começa com um frase espantosamente complexa na sua simplicidade, a saber : "O que é que é "realmente" importante?" (aspas no livro, versão francesa). Ora, Simmel escreveu que, independentemente das consequências, de serem morais ou não, espantosos ou sedutores, os factos só são importantes porque interessam ao observador. Um facto é importante na medida em que o observador assim o considera. Nas palavras de Simmel, o "critério objectivo" da selecção é a sua "decisão subjectiva" (Les problèmes de la philosophie de l´histoire. Paris: PUF, 1984, pp 203-205). Eis uma forma docemente provocadora de situar - simmelizando-a, irritando os gostadores de critérios puros, "científicos" - a escolha dos acontecimentos top 5 de 2007 que se seguirá.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
Permita-me e permito-me escrever:
CURTI
Doutro modo:
Julgo ter entendido a ironia
Abraço
Tal como na arte
Sim, a ambos..Ao leitor que falou em arte: tenho para mim que Simmel tem das mais belas coisas que jamais se escreveram em sociologia da arte, coisa que sempre revisito. Acho que nenhum sociólogo o é verdadeiramente se não for simmeliano.
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