09 outubro 2007

Maputo: a luta vendedores ambulantes/polícias numa descrição do "Notícias"

Reparem como a cabeça desta notícia do "Notícias" está escrita, parece completamente saída de um livro de Clauselitz ou de Michel de Certeau: "A rivalidade só pode ser mesmo comparada a de gato e rato. Vendedores informais de um lado e os policiais municipais, de outro, concorrendo para disputar o mesmo espaço. Ontem os que concorreram e ganharam, à força, o espaço foram os policiais. As esquinas e passeios onde os informais desenvolvem a sua actividade de vendedor ambulante estavam sem os seus habituais donos. A baixa da cidade de Maputo, particularmente na sua pontencial área comercial, ali onde se vende um pouco de tudo, havia acordado com uma forte presença policial, ambiente que se instalou e prevaleceu ao longo de todo o dia, desencorajando a acção dos informais que mesmo sabendo da medida anunciada para abandonarem a zona não perderam a oportunidade de ir ver “para crer”com os seus próprios olhos. Permaneceram horas a fio na vã tentativa de ver as autoridades largarem a baixa , o que até ao cair da tarde de ontem não chegou acontecer."
Recorde aqui a guerra na Beira em 2001.

3 comentários:

Anónimo disse...

A policia nao tem que la ficar todo dia. Pega nos tipos e cadeia. Tenho muita simpatia pelos vendedores ambulantes, mas eh altura de acabar com esta deseordem em que se encontra nao so Maputo, como muitas outras cidades.

E ponto final.

Elton B disse...

Cá por mim, este é um braço de ferro que ganhará não aquele que tiver mais força mas o que for mais persistente. E sendo assim, não que goste de ver o circo pegar fogo, mas aposto que os vendedores das esquinas serão mais persistentes e tarde ou cedo retomarão as habituais esquinas e passeios.
Penso que o problema não se resolve substituindo os vendedores pela polícia municipal. Até quando os agentes da polícia farão piquete nestes locais? Não deve ter sido a primeira tentativa de “correr” com os vendedores das esquinas. Esles lá continuam. Estas campanhas funcionam apenas como tempestades que podem durar menos ou mais tempo e que podem ser menos ou mais destruidoras. Mas sempre depois da tempestade o sol espreitará.

Carlos Serra disse...

Adaptando uma imagem de Gramsci, pode dizer-se que o comércio informal é como um sistema de trincheiras complexo: um ataque de artilharia destrói a "superestrutra externa", mas a linha defensiva mantém-se e acaba por surpreender os atacantes.
Creio que o Elton tem razão.