Sejam quais forem as sinuosidades da história da sua formação (e nessa história é inegável o papel vector jogado pelos regímens que governaram a então Rodésia do Sul e a África do Sul do apartheid), o certo é que a Renamo surgiu.
Surgiu e enraizou-se.
E ao longo de uma história de muitos anos, o seu grupo dirigente foi criando e venerando os seus pais fundadores, os seus heróis da guerrilha, pessoas que considerou e considera fora do comum, que considerou e considera que lutaram e se distinguiram na luta contra o que, na gíria do hoje partido, aparece recorrentemente como comunismo, o comunismo da Frelimo.
É nesse contexto que os membros da Renamo sustentam que lutaram pela democracia.
A Renamo fez em relação à Frelimo o que a Frelimo fez em relação ao colonialismo português: produzir e preservar os seus emblemas de conduta, os seus estandartes simbólicos, os seus guias de referência, as suas representações sociais, a sua ordem de valores.
Hoje temos dois mundos, dois panteões: o da Frelimo e o da Renamo.
Não há pontes entre esse dois mundos.
Um mútuo racismo sem raça, diria o sociólogo Norbert Elias.
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Foto extraída daqui.
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