11 julho 2007

Tou pidir, patrão!

Os pequenos, obscuros partidos que compõem a União Eleitoral - aliada da Renamo - decidiram chamar os jornalistas para lhes dizer que iriam avançar sozinhos para as eleições provinciais marcadas para 20 de Dezembro, uma vez que a Renamo não dá sinal.
O que eles quiseram dizer? O que eles quiseram dizer é que querem uma boleia política. Mas o presidente da Renamo já os advertiu de que eles não têm base de apoio - no que tem razão - e que apenas querem "sobreviver". Esta coisa de ter empregos na Assembleia da República é, inegavelmente, complicada, e a sala de espera da Renamo está demasiada cheia de candidatos a deputados para albergar agora, uma vez mais, convidados de pouca monta.
Não encontrando arrimo na Frelimo, aqui está a União Eleitoral de gatas, restringida a algum lustro dado pela imprensa, com a agravante de as assembleias provinciais não terem o brilho da majestosa Assembleia da República. Acresce que Máximo Dias, do Monamo, já lhes disse que tem outras ideias e que pretende transformar o seu partido numa organização mais "útil" ao país. Provavelmente Máximo seguirá as pisadas do Homo Sibindycus na sua gloriosa luta contra a pobreza absoluta.
Mas, enfim, atenção, sempre poderá haver algum dinheiro dos cofres do Estado para ajudar na respeitada luta pela democracia. Quem não pode almoçar, pode, ao menos, pequeno-almoçar.
Todavia, talvez seja imperioso consultar os curandeiros de Homoíne para o caso da União Europeia não estar disposta a abrir os cordões à bolsa. Se não abrir, sugiro à União Eleitoral que bata às portas dos Chineses ou do presidente Moammar Kadafi da Líbia.

8 comentários:

Anónimo disse...

Agora entrámos na dança da data das eleições. Se já era estranho serem marcadas para 20 de Dezembro num país com tanta gente católica, e, sendo ou não sendo, também a fazer férias nessa altura estudantes e outros), não podia haver melhor pontaria que esta, a acertar no Ide. Em reposta,a proposta para 23 de Dezembro.
E esta???? Em que estarão a pensar os nossos ilustres?

Carlos Serra disse...

Sim, já li sobre isso. Vamos aguardar.

Anónimo disse...

Receio que neste país, um dia não teremos espaço para circular. Aos poucos o país vai se empanturrando de organizações "úteis", de ó-ene-gês. O pior nisso tudo, tenho em mim, são as causas que elas, as ó-ene-gês, fabricam como justificativa da sua existência e pertinência no país. Pega-se num problema imaginado, que em Moçambique ainda não ganhou estatuto de problema, é introduzido no invólucro do politicamente correcto, de seguida vai-se a um hotel onde, de forma seminarial, é lhe atribuído as credenciais de ser promovido, defendido em todo o território nacional. E nós, os jornalistas, destacámo-la em telejornais, diários e semários. Mãos a obra, estudos, planos estratégicos, avaliação, monitoramento, capacitação e toda a parafernália que acompanha problemas que não existem, ou, na melhor das hipóteses, mal formulados. A nossa condição de subdesenvolvidos abre portas para todos tipos de exércitos de altruístas e filantrópicos. Se antes fomos colonizados, com a cumplicidade dos nossos reís, impérios, reinos, régulos, entre outros, que hoje, em retrospectiva, venerámo-los, idolatrámo-los, reivindicámo-los como heróis, agora, hoje, somos meros objectos de compaixão mundial, objectos a reciclar com a ajuda ao desenvolvimento, objectos de intervenção humanitária e, também agora, contamos a beneplácito de muitos de nós. Mas se o nosso sofrimento tira sono a muitos humanos, por que não aceitar a ajuda? Por que não liberalizar Máximo a criar uma organização mais "útil" para nós. Fé-lo Sibindy e tantos outros... É a história da compaixão. Fukuyama, a história ainda não acabou!
Beúla

Anónimo disse...

É muito, muito importante a questão que aqui coloca, e eu gostaria de lhe dar toda a razão, Beúla. Mas perturba-me também esta interrogação não menos pertinente: Que seríamos nós sem essa ajuda?
O problema real não estará na nossa subserviência, na subserviência de todos os "representantes" dos dependentes dessa ajuda, e no aproveitamento pessoal que se vai tirando dela?

Anónimo disse...

Magnifico Beúla...é sempre um prazer saberA que há jornalistas com um sentido critico agudo da nossa realidade.Mais,o seu texto dá algumas achegas à problemática dOs "heróis" ao introduzir a noção de "cumplicidade" histórica que me parece ser um "contra-valor" a considerar na eleição dos heróiS.

Bayano Valy disse...

Nem sei se a estória das fundações funciona. O Sibindy foi despejado dos seus escritórios. Não pagava renda e o senhorio confiscou o mobiliário e outro material do escritório. A Fundação para o Combate à Pobreza também anda pobre. Ironia, não é?

Carlos Serra disse...

Quadro duro, mas necessário, o por si colocado, Beúla! E sobre o Sibindy: eu que não sabia disso, ó Bayano!!!

Anónimo disse...

Anjo posso contar com seu v oto todo dia no alma guerreira? Estou em votação na final, voto no mural 2
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