09 março 2007

Monopartidarismo: o melhor sistema, defende Marcelino dos Santos


"Vocês não acreditam que só quando os moçambicanos se uniram em torno duma única frente e se tornaram num só povo e, consequentemente, numa só força, com um só guia que era a Frelimo, é que conseguiram alcançar o objectivo que todos almejavam há séculos, que era a independência?"

8 comentários:

Egidio Vaz disse...

Pessoalmente não vejo nenhum problema com a ideia de Partido único em Moçambique, desde o momento que as liberdades individuais, de associação e expressão; em suma, a democracia se exerça em Moçambique. Ora, o que acho "muito especial" em Marcelino dos Santos e a sua insistência na Frelimo actual como guia único da nação. A noção de UNIDADE que ele tem não e certamente a UNIDADE NA DIVERSIDADE mas sim UNIDADE inspirada do Partido da Vanguarda que exerce a DITADURA DO PODER.E ai torço o nariz.
Nunca fui da opinião de que o PLURIPARTIDARISMO E A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA são as únicas formas de governacao mais humanas; antes pelo contrario. Essa democracia neoliberal que vivemos e, de todas, a mais excludente forma de participação do cidadão na esfera publica. Delegação do poder por eleição; Eleição de "Cabazes Eleitorais" (listas de partidos políticos e não pessoas), etc.
Portanto, Marcelino dos Santos tem a minha simpatia quando critica o modelo neoliberal da democracia, apesar de já distanciar-me dele quando aponta para a reintrodução do modelo de governação falido.

Anónimo disse...

Senhor Professor. Eu acredito que o Camarada Marcelino quando se referiu ao monopartidarismo, não quis falar do Partido Frelimo, mas sim da Frente de Libertação de Moçambique, por isso que foi buscar a sua inspiração em união, na luta e na independência. Essa foi uma fase da nossa história que tem que ser recordada como histórica. Só não sei se a liberdade individual, de associação e expressão que o povo Moçambicano já provou é possível garantir com o “tal”, que ele refere, Monopartidarismo. Jaime Langa.

La Strega disse...

ok... preciso de me concentrar para esta, que vai ser longa.

No geral nao tenho muito a opor a dissertacao do Egidio. A critica a democracia representative neo-liberal e justa. Quanto ao monopartidarismo, ja la vou... eu, na realidade o que acho e que nao e necessario haver alternancia partidaria para que haja democracia. Se as coisas vao bem, ou se a melhor opcao que se tem e a que esta no poder, para que mudar? Apenas para fazer show off?

A meu ver a democracia e a possibilidade de espaco para debate e discordancia, sem partir para a ignorancia e sem se sentir ameacado por discordar-se da maioria. E um espaco construtivo em que cada um contribui e opina.

Ora, se houver um so partido, tecnicamente pode haver possibilidades de vozes dissonantes, mas e tao facil estas simplesmente serem acusadas de serem reaccionarios e opositores a causa comum.

E por outro lado, se nao discorda per se do monopartidarismo, Elisio, entao tem que se decidir por um partido dos que temos... ou propoe que crie um novo, de Unidade Nacional?

Pensando no monopartidarismo como opcao o Marcelino so consegue conceber uma opcao. Uma ja existente, e que PARA ELE ja deu provas de eficiencia em qualquer forma de Unidade imaginavel.

Por outro lado, se houver democracia monopartidaria (que mais nao e que uma oligarquia) nao poderemos comentar sobre estes novos partidos que se estao a criar sem agenda contra a Frelimo ou filiar-se como tentaculos da Frelimo.

Simplesmente seria monotono... O professor ficaria sem assunto aqui no blog.

Mas Esfinge, creio que se engana quando diz que no regulado nao ha democracia... talvez possa nao haver democracia abrangente, mas os regulos tambem tem os seus conselheiros, tem os chefes das aldeias que lhe ajudam a governar e o conselho dos ansiaos para nao o deixar enganar. Um regulo que seja excessivamente ditador, e insista em nao ouvir as vozes da razao e dos espiritos... sabe-se la que lhe pode acontecer?! As vezes nisso do poder, os poderosos sao mais prisioneiros que carrascos.

Egidio Vaz disse...

Boa, a la strega insiste na Democracia Pluripartidária.
Mas então, já experimentou outras formas de democracia?
A la strega tem medo do novo? DO estranho? Tem medo de cometer outras formas de governação? Eu não; alias, recorrendo a historia, pareceme-me que a África pré-colonial tinha uma das melhores formas de governação. Os seus lideres eram eleitos pelo voto directo. Se cometesse asneiras eram sacados, mesmo que o poder fosse hereditário, eram tirados e substituídos por outros. Voltarei a falar sobre o mesmo tema

Egidio Vaz disse...

Algumas questões
1. Acha que a liberdade de imprensa e de expressão e fruto da democracia pluripartidaria de per se? Se sim, como se explica o jornalismo zimbabweano? Tanzaniano? Americano (CNN, p. ex)?
2.Diz que tenho que decidir um partido: Nao, eu não vou decidir, porque sendo assim estarei a trilhar a linha ditatorial; da democracia multipartidaria. Eu escolheria a fusão de todos partidos em um só. Se isso não e possivel, então a estamos enganados quando falamos da unidade; no combate a pobreza e da miséria; no desenvolvimento, em suma. Porque os que nos quer ver pobres, esses estarão sempre a frente das nossas aspirações.
Fui demasiado provocador.
Mas voltarei...sempre

Carlos Serra disse...

Jaume Langa, o texto é do "Notícias". Abraço.

La Strega disse...

Nao, Egidio... nao tenho medo do novo... e na realidade o monopartidarismo nao e novo... e um conceito bem antigo.

Democracia directa sim... sou absolutamente a favor de referendos. Prefiro autarquicas a legislativas e representantes a quem possa exigir respondabilidades.

Totalmente pelo micro, menos crente no macro.

Mas a democracia directa e apartidaria, nao monopartidaria, nao diria?

Quanto a africa pre-colonial ter melhor forma de governacao... nao gosto de fazer essas declaracoes absolutistas. Todas formas de governacao tem os seus vicios. O poder corrompe sempre.

E deixe estar, a provocacao e optima para acordar mentes adormecidas. Estas coisas tem que ser discutidas. A democracia que queremos no nosso pais tem que ser discutida e aceite por nos que vivemos sob ela.

Anónimo disse...

Egídio, essa democracia por pessoas mas em torno de um partido único é a que experimentámos em Mocambique entre 1977 até às primeiras legislativas multipartidárias, segundo o meu ponto de vista. É essa mesma que se experimentou ou se impôs em quase todos os países africanos do pós-independência, independentemente das suas orientacões (i. e. Mocambique, Zaire, Líbia). Depois, tenho encontrado alguma relação entre monipartidarismo e guerras civis. Zimbabwe, Nambía, África do Sul (?), países da nossa região ganharam a independência por via da luta armada mas não entraram em guerras civis. Estou consciente que estou a falar com um historiador...

Lista de pessoas faz-se mesmo na democracia liberal. Na Suécia, por exemplo, há as duas listas e ultimamente está na moda que os que se sentem populares concorrem pela lista pessoal. Contudo, como tudo neste mundo, a lista pessoal tem tb as suas desvantagens. Para serem eleitas, algumas pessoas procuram o perfil que lhes dê essa possibilidade, nem que esse seja sujo.

Há por exemplo na Suécia, num país dificil de pensar nisso, pelo menos pelo olhar de fora, pessoas que chegaram às assembleias municipais com o perfil xenófobo.

Agora nem sei em quem Egídio pensa. Dizer-se que nada mais de multipartidarismo e que passariamos a constituir um único partido nem que esse não se chamasse Frelimo? Julgo isso de utopia. É que há muitas perguntas sobre isso e uma delas é quem havia de dizer isso e com que intencão?

Peguemos no CNJ (não sei nada dele e estou muitíssimo longe de ser jovem), será que funciona como agremiacão de todos jovens? Ainda não compreendi, pois que duvido muito do porquê CNJ continua e não OMM como uma organização de todas as mulheres…

O que eu penso que falta no nosso país é cidadania participativa e inclusiva. Muitos dizem que problemas nacionais se discutem lá na AR entre a Frelimo e a Renamo e quem não pertence em nenhum desses partidos só deve ser observador. Se se não acredita em políticos e muito menos na transparência do processo eleitoral, o melhor é abster-se. E eu perguntaria a quem castigam com isto? Talvez os que se abstem castiguem-se a si próprios porque os mais chefes dos dois partidos são satisfeitos pelos resultados já que lhes dão mordomias incalculáveis.

Eu concordo com o ponto de vista de la strega se eu tiver lhe compreendido bem.