14 março 2007

Escolas do relento



A nossa auto-estima cresce na proporção directa dos alunos que estudam ao relento. Depois, no fim de cada ano, por todo o lado, lá virão as estatísticas para mostrar que o número de graduados no país cresce. Mas, antes, sempre haverá directores capazes da iluminada presciência de prever que o rendimento pedagógico pode ser afectado.
"Cerca de 850 alunos de 15 turmas na Escola Primária de Campoane, no bairro emergente de Belo Horizonte, em Maputo, estão desde o início do ano lectivo a estudar ao relento devido à falta de capacidade da escola em albergar o efectivo de alunos. Trata-se de um dilema que está a influenciar o aproveitamento pedagógico dos menores, segundo deu a conhecer o director pedagógico da escola em questão."
E assim estamos bem, cheios de auto-estima.
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19:49: leia nos comentários uma posição de Emanuel Meque António.

2 comentários:

Carlos Serra disse...

Hoje tenciono colocar aqui um reparo de um leitor...

Anónimo disse...

A lei no. 6/92 de 6 de Maio do sistema nacional de educação veio reajustar o quadro geral do sistema educativo nacional e adequar as disposições contidas na lei no. 4/83, de 23 de Março, às actuais condições sociais e económicas do país. Contudo, neste contexto de reajustar e adequar, encontramos os reais desafios do processo de educar a sociedade (transmitir e/ou mediar conhecimentos e valores). Dentre tais desafios permitámo-nos isolar e questionar a "quantidade versus a qualidade", ou seja, a rápida expansão da rede escolar (que por dentre outros motivos pesa o financeiro) efectiva-se sem a qualidade desejada o que com certeza criará muitos outros problemas como a repetência que encarece mais ainda o custo de formação por pessoa, e por outro lado expecula-se a ideia de que com os poucos recursos se mantenha uma rede escolar menor mas com um certo nível de qualidade. Sublinho expecula-se; porque penso que deve-se olhar para as políticas educacionais numa perspectiva de médio e/ou longo prazos. Em linhas muito breves este é o contexto em que gostaria que fosse visto o problema. Aderir a corrida de ter todas as crianças cobertas pela rede escolar até 2015 como anseia o programa “Educação para todos” mas sem qualidade e outros constrangimentos ou o inverso?
(Emanuel Meque António)