06 julho 2009

Matusse, Nihia e negócios mineiros



Isto de negócios está a dar. Na realidade, o empreendedorismo - sublime palavra já embutida na nossa auto-estimada alma - está mesmo empreendedorado.
Por exemplo, com grande destaque, o Africa Intelligence reportou que o "iminente médico moçambicano" Filipe Gaspar Matusse interessou-se pelos negócios mineiros - minas têm sido um tema frequente neste diário -, lá por terras do Niassa. Sociedade do Desenvolvimento Mineiro do Niassa - assim se chama a empresa onde o médico Matusse aparece ao lado de outros, entre os quais um sócio ilustre, o general na reserva Eduardo da Silva Nihia. Confira no Boletim da República, aqui. O general Nihia creio que é conselheiro do presidente Guebuza e tem interesses em outras empresas.

3 comentários:

(Paulo Granjo) disse...

Uma prenda para si em http://antropocoiso.blogspot.com/2009/07/obrigado.html

Abraço!

Viriato Dias disse...

E vão se multiplicando empresas e mais empresas a favor da nomenclatura. O povo, a malta, vamos chupando o dedo. Como diz o "patrão, o famigerado músico MC Rogger "avança, e não recua." Perdão, queria dizer o seguinte: que o voto é a única arma capaz de combater um dirigente corrupto - palavras de Lula da Silva, presidente do Brasil.

Um abraço

Anónimo disse...

 “A mais recente encíclica papal afirma que a crise actual deve-se, em parte, ao facto do mercado ter perdido valores morais, tendo substituído Deus pelo “deus dinheiro”.(Diário económico, 06/07/2009)

 Quer queiramos, quer não, vivemos numa economia capitalista, onde o bem-estar e mesmo o poder político acaba “comandado” pelo poder económico: o dinheiro é, infelizmente, quem mais ordena!

 Neste cenário, entendo ser de LOUVAR aqueles que, como Filipe Matusse, estão dispostos a poupar (deixar de consumir hoje), para investir numa qualquer actividade económica, com expectativas de lucro (consumo) futuro.

 É normal que entre aqueles que auferem melhores salários, quer porque têm mais do que um emprego, exercem profissões liberais ou têm outras fontes de rendimento, exista uma certa capacidade de poupança que faz todo o sentido procurar rentabilizar.

Não têm, necessariamente, que deixar de exercer a sua actividade profissional, pois outros irão fazer a gestão dos empreendimentos, ou seja: são apenas investidores, contribuem para a criação de emprego, geração de riqueza, pagamento de impostos e recebem dividendos (quando há lucros).

 No nosso mercado financeiro as soluções para a rentabilização das poupanças são poucas e pouco imaginativas: em regra os depósitos a prazo acabam por ter remunerações que rapidamente se corroem com a desvalorização da moeda.

As Obrigações do Tesouro são “açambarcadas” pelos Bancos e não chegam aos clientes.
Pelo contrário, estes usam os depósitos dos clientes que remuneram mal para comprar dívida pública remunerada a taxas bem superiores, ou para aquisição dos dólares que o BM vai colocando no mercado (para tentar segurar o metical) ganhando na venda, com a desvalorização do metical mais o spread.

 Neste ambiente, encontrar pessoas dispostas a aplicar a sua poupança em actividade económicas de risco, como é a área mineira, é de louvar e apontar como exemplo.

> Precisamos de incentivar este espírito de CRIAR RIQUEZA, única forma de acabar com a pobreza.

 A questão de fundo, no meu entender, reside no facto de alguns, com ligações mais próximas do poder, terem acesso a informação privilegiada que o cidadão comum (também potencial investidor) não têm, ou seja: o ambiente de negócios não é igual para todos (uns são filhos, outros enteados), donde: TRANSPARÊNCIA E ÉTICA, PRECISA-SE!

 Há membros do governo, ex-governantes, gente ligada ao “Partidão” detentores de razoáveis “impérios de participações” directas ou cruzadas em sectores estratégicos da economia, porquê?

> Simples: nas suas funções e/ou circulo de interesses há conhecimento dos investimentos estratégicos que o país vai realizar, conhecem as fontes de financiamento e, antes desses projectos serem aprovados, já estão criadas as empresas internamente, cujo objecto social vai assentar “que nem uma luva” nos projectos que estão para chegar.

> Há muitos exemplos concretos: AEG e seus “tigres”, mas não só, é um exemplo eloquente dessa refinada forma de enriquecimento.

 Finalmente: Boa sorte ao Filipe Matusse na aplicação desses cinco mil meticais.

No caso em análise, segundo o BR, cada sócio entrou com apenas cinco mil meticais para o capital da empresa.

> Espero, sinceramente que seja DINHEIRO FÊMEA, bem fértil, para se multiplicar rapidamente!

> Provavelmente, a estratégia passa por identificar potenciais recursos minerais e atrair investidores estrangeiros, que assegurarão o financiamento. O Objecto da sociedade dá para tudo e mais alguma coisa, passando pela consultoria ao investimento directo

 Em síntese: Independentemente do montante a aplicar, merecem-me sempre muita consideração todos aqueles que são capazes de fugir à tentação de consumir de imediato pensando no amanhã.
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