Nos últimos dias a nossa imprensa e, especialmente, a Rádio Moçambique, tem dado grande destaque ao que chama “conflito homem-animal”. Ministros há que se deslocam às províncias para debater com os governantes locais tão triste situação. A pergunta é: como evitar que os mauzões dos elefantes, dos leões e dos macacos dêem cabo da nossa paciência e das nossas vidas?
O nosso (ou deles, claro) velho Marx diria que é necessário verificar se a impossibilidade de solução do problema não está contida nas premissas da questão tal como esta foi formulada. Frequentemente, diria ele se hoje viesse a este país, a única possível resposta consiste em criticar e eliminar a questão tal como foi colocada.
Ora, o problema não está nos animais em si, o problema está em nós, humanos. O conflito não é entre nós e os animais, mas entre nós, humanos, entre a mentalidade de bombeiro e a mentalidade de previsão, monitoria e solução coerente.
Em lugar de querermos matar uns tantos animais rapidamente com a mentalidade urgencial do bombeiro, seria saudável mudar o cerne do problema e colocar, entre outras, as seguintes quatro perguntas de partida:
1. Qual a razão ou quais as razões por que os animais atacam seres humanos?
2. Dispõe cada localidade, cada posto administrativo, de pelo menos um caçador, de uma arma tipo 365 e de munições suficientes para o abate controlado de certos animais?
3. Dispõe cada chefe de posto, cada administrador, de uma história circunstanciada das deslocações populacionais provocadas, por exemplo, pela guerra civil ou por problemas como cheias, secas, chuvas prolongadas e copiosas?
4. Dispõe cada chefe de posto, cada administrador, de informação regular e actualizada sobre a distribuição zonal dos animais selvagens, sua quantidade e diversidade e sua movimentação, com recurso, por exemplo, a fotografias via satélite?
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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1 comentário:
Saudações
O meu nome é Ercilio, sou estudante do curso de Educação ambiental na UEM, quero apenas parabeniza-lo pelo post, e agradece-lo por directa ou indirectamente ter sido de grande ajuda num trabalho que estou a fazer sobre o assunto. Irei lembrar de cita-lo no meu trabalho. Mais uma vez muito obrigado.
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