30 janeiro 2007

Carta para o Senhor Presidente da República, Armando Emílio Guebuza


Senhor Presidente

Permita-me que lhe escreva esta carta.
Sei que não tem tempo para a ler, mas quero acreditar que alguém lhe dará conhecimento dela.
Senhor Presidente: a nossa terra já exportou escravos, ouro, marfim, madeira, tanta coisa! Como sabe, escrevi nos manuais de História de Moçambique, nos anos 80, como tudo isso se passou.
Agora, Presidente, parece que estamos a regressar aos séculos da pilhagem.
As nossas florestas estão a ser delapidadas. E floresta, Presidente, é raíz, floresta é o conjunto das nossas raízes, desta terra amada, mas desta terra cada vez mais desmatada.
Presidente: corremos o risco de perdermos as raízes.
Permita-me sugerir-lhe uma coisa: a nomeação imediata de uma comissão de inquérito dirigida pelo decano dos nossos cientistas, Professor Engenheiro Carmo Vaz.
E é tudo, Presidente.
A luta continua.

Carlos Serra
Centro de Estudos Africanos

13 comentários:

Avid disse...

Aguardemos a resposta... de preferencia PRATICA e nao TEORICA
Bjs meus

Anónimo disse...

Muito bom sempre assim, qualquer dia so vai restar a nossa pele para exportar como materia prima. E ainda ficaremos felizes, serao mais postos de trabalho, pois pois(leitor atento)

Anónimo disse...

Deixe-me perceber uma coisa Professor. Os manuais ou livros de história, nesses tempos longínquos, eram escritos de acordo com os critérios e as percepções de uma única pessoa? Será que todos os historiadores de Moçambique partilham da tese de que nós é que exportamos os escravos? Um abraço. Gabriel Muthisse

Anónimo disse...

Este é um bom início, professor. Valeu muita pena em ter se apercebido que não temos nada que esperar para ver, pois que nem resto teremos. E se não há resposta nem reaccão imediata do Presidente porquê não organizar uma lista de protesto? Eu pelo menos assinarei nela.

António

Egidio Vaz disse...

Posso republica-la no meu Blogue?
Um abraco.

Carlos Serra disse...

Pode, Egídio.

Egidio Vaz disse...

Obrigado

Anónimo disse...

Fez muito bem em escrever a carta. Estou consigo.
(JCTivane)

Anónimo disse...

É tempo de travarmos essa "pilhagem"!

Como? Abolindo o regime de exploração por "licença simples", porque alguns cidadãos nacionais, com apoio dos chineses tem alimentado o "saque" dos recursos florestais, e isso não permite a conservação florestal. Tal como já disseram Serra Jr. e Chicue(2005,p103)num comentário feito a LFFB,"muitas licenças de exploração são emitidas sem que os respectivos operadores apresentem..." o "plano de maneio". Por estas e demais razões ele deve ser abolido.

Quando? Lamentavelmente, só o Parlamento, por uma nova Lei, pode alterar esse regime simples, previsto na Lei de Florestas e Fauna Bravia (LFFB) em vigor e tb introduzir outras medidas urgentes.

Portanto o apoio do Governo nesta luta é fundamental.

É tempo de defendermos um deselvolvimento sustentável.

Pela "Força de Mudança" a "Luta Continua"!

Carlos Serra disse...

A luta continua pelo nosso futuro e pela honestidade, Sr. António Chuva.

JAIME disse...

Revoltado, transcrevi aqui no ForEver PEMBA - http://foreverpemba.blogspot.com/
Não esmoreça !
Abraço,

Jaime

Carlos Serra disse...

Obrigado, Jaime!

sociologoemformação disse...

Eu gostaria que não olhassemos a coisa como se fomentada por chineses, turcos ou americanos, temos que olhar o fenomeno como ele é. Se ha uma necessidade de agir neste dominio então vamos fazer isso e deixar de conotar nossos problemas com estes ou aqueles. Moçambique é um país soberano e pode decidir cooperar com qualquer outra nação desde que haja objectivos comuns.