O discurso dominante sobre o mundo social não tem apenas a função de legitimar a dominação, mas, também, de orientar a acção destinada a perpetuá-la e a disfarçá-la. O nosso dever é o de, a todo o momento, mostrar como se isso se processa, é o de desvelar as infra-estruturas dos que nos determinam, nos naturalizam e levam, muitos de nós, a aceitar o estado de naturalização.
Quanto mais conscientes formos dos determinismos sociais, mais livres nos podemos tornar, exactamente porque desnaturalizamos o que é social e pode mudar. Temos de reencantar o que chamamos ciências sociais, infiltrando-as com o vírus da emoção e da solidariedade, com a militância, com a nossa disponibilidade e a nossa coragem de usarmos o conhecimento não para os poderosos, mas para os deserdados.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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